10/03/2021
O fim de uma história

Foi por volta de 1971, que ela se encheu de coragem, pegou um ônibus elétrico e ao descer em frente o endereço que buscava, espantou - se com a grandiosidade da construção estilo colonial, situada no alto de uma ladeira, com piso de pedras e  ao entorno, muitas flores, principalmente as “ hortênsias “ azuis e liláses que ela tanto admirava. Julgou que devia ser um bom presságio, pois estava ali em busca de seu primeiro emprego. Diante da austeridade do lugar, ela achou que seria entrevistada por um “chefe” velhão com cara de bravo e com bigodes enormes...Estava trêmula diante daquela porta imensa, quando tocou a campainha.

 Eis que surge diante da mocinha, que na época tinha 18 anos, um belo jovem com cara de boa pinta, sorrindo e perguntando: “ você é a Selma? vamos entrar até minha sala”. Foi assim que ela percebeu que o chefe bravo que ela imaginara, fora substituído por um galã simpático e sorridente o que a deixou muito a vontade e com motivação para lutar por aquela vaga de secretária.

 Conseguiu !Concluiu que ele estava precisando muito de alguém para ajuda-lo, pois não exigiu experiência e ainda se prontificou a ensinar tudo o que fosse necessário, para que ela se transformasse numa ótima secretária. Para uma mocinha cheia de sonhos, aquele dia foi mágico. Arrumou um emprego e ainda teria um “ chefe “ lindo para olhar todos os dias. Quando ela contou para a mãe sua conquista, estava esfuziante e ouviu de pronto um conselho:” ele será seu chefe, cuidado com esse olhar de peixe morto que vc está!”E foi assim que ao passar dos dias e meses... ela foi aprendendo uma profissão e conhecendo melhor seu belo chefe.

Um Dom Juan de primeira linha, com muitas moçoilas telefonando quase todos os dias para falar com ele, que muitas vezes mandava dizer que não estava... aquelas coisas que secretárias têm que fazer!O tempo passou, nasceu uma linda amizade e ela ouviu muitos conselhos dele, que sem saber a ajudaram muito. Eram pessoas cujas vidas tinham linhas paralelas, muito embora em seus mais secretos sonhos, ela desejasse que elas se cruzassem. Não aconteceu! E cada um seguiu seu caminho, sem nunca esquecer desse tempo juntos, dos devaneios de juventude...Quanta vida vivida ...Quantos sonhos perdidos ...Quantos realizados!Mas a lembrança ficou...durante os 40 anos seguintes!Até o dia que graças à tecnologia ele a encontrou.

Foi mágico, alegre e renasceu aquela saudade. Muito conversaram, ou melhor, muitas mensagens trocadas durante anos, pois a distância geográfica era muito grande na época. Mas para ela sempre houve aquele fio de esperança que um dia, eles sentariam numa mesa, tomariam um bom vinho para comemorar o reencontro e matar as saudades dos tempos perdidos. Ficava sempre a promessa. Qualquer dia... qualquer hora.. a gente se encontra ...Ficou na promessa! O tempo passou aos pulos...Ele não veio!Demorou demais!Agora quase nem sai de casa...Enfrentou problemas graves de saúde!Ela desistiu por fim e quando disse isso para ele, eis a resposta inusitada:“Bom, de qualquer forma, você fica desde já convidada para meu enterro!!”E combinamos assim: “lá no astral deve ter um lugar para a gente tomar  um café”Quando morrermos a gente se encontra ...

🖤 Selma.



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