28/07/2021
Uma mulher aos 44 anos

...e como a maioria vivendo no suporte a outras vidas...

Começando sem pretensão alguma, esse texto é para principalmente você que passou dos 40 anos.  Venho recebendo muitas mensagens de apoio, admiração e de muito amor, porém jamais pensei que as pessoas me notavam. Sempre vivi nos bastidores, na base, no suporte de outras vidas.

Esperem antes de começarem a supor que isso é um texto de vitimismo, porque não é. Vivi à sombra inconscientemente por muitos anos, por medo.  Medo de não conseguir, medo de decepcionar... e depois por ter perdido o espaço na minha própria vida (mas isso demorou anos para eu perceber). 

Enfim, a cerca de um mais de um ano acordei desse sono... coma!  Aos 44 anos me deparei com uma grande mudança. Havia finalmente acordado. E de repente me perguntei: “E agora? O que eu faço? Não sei se posso comprar esse requeijão, aquela calcinha, um tênis para meu filho, ou roupa para minha filha...” 

Aí vocês estão imaginando que eu estava passando necessidades, certo? Mas a verdade, é que o orçamento estava apertado sim, e eu podia tomar a decisão da compra, mas nunca tinha vivido na minha vida pessoal. Profissionalmente é um capítulo à parte.  Ao meu lado um grande amor de adolescência havia voltado. E ele foi e ainda é a pessoa que olhou para mim e disse: “Vai em frente, você é capaz!” Me empurrou para a vida.

Me assustei porque não sabia do que gostava. Mas esse anjo em minha vida, foi muitas vezes um motivador e em outras me deu choques de realidade.  Claro que recebi apoio de meus filhos, minha mãe, meu pai, irmãos, padrasto. 

Aos 44 anos, estava com 2 filhos que esperavam que eu conduzisse a minha vida e a deles. Era como se eu precisasse andar e até aquele momento eu só havia rastejado.  Resolvi me levantar... No meio ao caos, mudei, com filhos, cachorro e gatos, em seguida entrei em 2 MBA.

No começo entrei em êxtase, depois, um misto de pânico e insegurança. Estabeleci para mim uma meta difícil: em seis meses eu deveria concluir os dois.  Nesse tempo chorei muito, passei muitas noites em claro estudando para a prova. A maior cobrança era a minha: “e se eu não conseguir? E se não tirar boas notas? Daria razão àqueles que me disseram nos últimos anos que eu não seria capaz.” Prova a prova, trabalho a trabalho, meta concluída! Eu consegui. 

E foi então que postei em redes sociais minha vitória passando a receber mensagens de amor, carinho e apoio, aqueles que comentei no início.  E hoje estou aqui, porque resolvi que posso de alguma forma, compartilhar e mostrar para todos que nunca é tarde para recomeçar e ir atrás dos nossos sonhos.  

Sem pretensão... São vários momentos que quero compartilhar com pessoas, principalmente acima dos 40 anos, que são julgadas por essa idade...  Pelas mulheres que são julgadas pelo seu corpo que já não é mais perfeito, pelo seu cansaço de uma jornada dupla ou tripla, pelas marcas do seu rosto.  A viagem está só começando...  Essa que escreve tirou forças do mais íntimo lugar da alma...  Hoje sei que posso estudar, posso sonhar ainda, posso viver o tão esperado amor, posso dançar, posso também se eu quiser, rebolar até o chão sem ser chamada de vulgar ou velha para isso. 

Somos mais seguras, já não precisamos provar, ou nos autoafirmar para ninguém. Dançamos apenas para nós... para sermos fazermos felizes e sem modéstia, não deixamos nada a desejar. 

  Andresa Maria Rotundo 



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