Versão para impressão

O veado do Monjolinho

Muito tempo já se passou e isso fez com que muitos fatos se tornassem esquecidos, mesmo por quem esteve direta ou indiretamente envolvido com eles. Sem mais delongas e indo direto ao que interessa, quando eu ainda era garoto na “cidadezinha” de Caieiras e com minha mãe ia do Bairro da Fábrica caminhando a pé entre as matas até o Bairro do Monjolinho para visitar minha Tia Sinhá, irmã de minha mãe, um fato me ficou na memória. Nunca soube como o meu primo Oswaldo, o filho da Tia Sinha havia raptado da mata próxima donde ele morava, um veado ainda filhote. Ele levou o ainda pequeno animal para casa e o prendeu num pequeno espaço cercado e coberto de madeira que havia no quintal. O quintal ficava do outro lado da rua defronte a casa donde ele e a tia moravam e onde ela tinha a sua horta bem sortida, que, se estendia até um córrego de lá.

O tempo foi passando e na vez em que vi aquele animal aprisionado num espaço pequeno, restrito demais para ele, eu o vi crescido e enorme. Se me lembro e se não me engano, ao ficarem sabendo desse fato, membros da diretoria da Indústria Melhoramentos de Papel daquela época, sem muito insistir pediram para o Oswaldo libertar o animal e devolvê-lo para a mata. Mas, ele “turrão” como era não atendeu ao pedido. Coitado daquele animal que nunca mais “conheceu” a liberdade de viver na natureza. Talvez, por viver encurralado e sem poder se movimentar, ele adoeceu e morreu.

Sempre que se faz alguma coisa é porque existe algum motivo ou razão para se fazer. Qual teria sido o motivo pra manter um animal cativo até ele adoecer e morrer? Será que alguém do Monjolinho daqueles tempos e que ainda esteja vivo, se soube, ainda se lembra desse fato daquele veado infeliz narrado aqui? Para alguns parentes que perguntei se eles se lembravam do fato, quem se lembrou só se lembrou de ter sabido do fato, mas, só isso. Nada acrescentou sobre o veado ou sobre “dono dele” (ambos saudosos), para que, pudessem ser narrados aqui com mais detalhes. Será que só eu fiquei com o veado na cabeça (risos). Mas, eu o vi sim e por isso lembro-me bem dele. Quantas “coisas” que os garotos viam dos adultos que eram para enriquecer ou empobrecer seus condicionamentos para os seus futuros.

Altino Olympio