Versão para impressão

Como era o nosso mundo

Nós fomos de uma cidade

Onde não havia maldade

Havia muita solidariedade

E também muita amizade

Quando fui embora de lá

Foi muita falta de juízo

Abandonei a felicidade

Deixei de viver no paraíso

Se depois sofri pelo mundo

Foi saudade do Charco fundo

A razão da minha dor

Foi lembrança da Vila Kohl

Sei que ainda existe orgulho

De quem foi da Vila Pedregulho

A Cerâmica foi uma pausa

Uma estação no caminho

Por ali muito passamos

Passeando de trenzinho

Perto da Cerâmica

Um cemitério havia

Ele era tão solitário

Muita saudade traduzia

Passando pelo cemitério

Era muito corriqueiro

A beleza que era

A Rua dos Coqueiros

No fim dessa rua

Lugar hoje solitário

Permanecerá sempre

A Igreja do Rosário

Na festa de igreja

Sempre existia aperto

Quando a banda tocava

Lá no antigo coreto

Perto da igreja

O lugar parecia um poema

Talvez fosse por causa

Daquele saudoso cinema

Prosseguindo a caminhar

Pela rua sem aterro

Logo se descortinava

Nosso inesquecível Barreiro

Entrando por uma rua

Bem devagarzinho

A gente chegava

Na Vila Barreirinho

Naquele lago enorme

O maior da região

Como era bom se refrescar

E nadar lá no Tancão

Margeando o grande lago

Com saudades atesto

Morou gente querida

Gente da Vila do Floresto

Nas noites boêmias

Eu até caminhava torto

Quando ia lá pelos lados

Romântico do Bairro do Horto

Ainda sempre me recordo

Lembro-me com muito carinho

Donde vivi muitas emoções

Lá no meu querido Monjolinho

Quando eu me sentia só

Até triste um pouquinho

Bastava pra buscar alegria

Ir até a festa lá no Sobradinho

Quando em casa eu ficava

Ficava pensando lá na área

Como gostaria de ir passear

Lá na paz da Vila Calcárea

Para a felicidade

Todos podem ter acesso

É só se relembrar

Da Vila do Bonsucesso

Tudo na vida muda

Tudo na vida varia

Onde estará minha gente

Lá da Vila Olaria

Quando o tempo ficava bom

Depois que a chuva passara

Eu ia passear até a Cerâmica

De pau-de-arara

Para apreciar a natureza

Melhor mesmo é ir sozinho

Vou para o Bairro da Fábrica

No balanço do trenzinho

Vou admirando o rio

Choveu a água está turva

Que bom será passar

Pelo Bairro da Curva

Depois da estaçãozinha

Existe a ponte de concreto

Ela é em forma de arco

E travessia do nosso afeto

Que lugar aprazível

Nada há que assuste

Tudo é muito calmo

Igual a Vila Pansute

Lugar de muita liberdade

Nunca existiu cerca

E sempre íamos catar pinhão

Lá na Vila da Ponte Seca

Por aquela outra ponte

Aquela que é de madeira

Podia-se apreciar o rio

Que não dava tonteira

Depois da ponte tinha escadaria que

Subia-se para a Vila do Escritório

Onde só morava gente boa

Que não era de falatório

Na Rua do Filtro Rein

Se não me engano

Logo na primeira casa

Era a barbearia do Caetano

Na rua de cima do filtro

A saudade é quem mata

Existia aquela sorveteria

Do saudoso Alfredo Satrapa

Lá depois da subidona

Até coloco a minha rubrica

O lugar era bonito

Era a Vila República

Pouco mais para o alto

Muita gente minha

Ainda sente devoção

Por aquela nossa igrejinha

Muitos se casaram nela

Eram pessoas de fé

Que não esquecem o nome

Da Igreja de São José

Lembrar às vezes

Quem ainda imagina

Como era a beleza

Daquela piscina

Quando se ia à pedreira

Fazer um bom pic-nic

Era romântico passar

Pela Rua do Bairro Chique

Gente de boa maneira

Gente sempre altaneira

Assim pela vida inteira

Gente da Vila Pereira

O tempo passa

E tudo se renova

Mas nunca se esquece

Do povo da Vila Nova

Naquela sede do sol forte de verão

Para beber água boa havia uma manobra

Bastava bombear água do poço

Que existia lá na Vila das Cobras

Restou-nos só solidão

Do nosso torrão

Dá muita emoção

Lembrar da Vila Leão

Ah o verde da mata

Nada era pardo

A mata enfeitava

A Vila Eduardo

Lembrando o passado

Às vezes eu fico

Nas recordações

Do Morro do Tico-tico

Tudo voou sumiu para sempre

E foi como num bater de asas

Porque tiveram mesmo

De demolir todas as nossas casas

Mas a gente sempre soube

Que tudo se arruma

Muitos foram morar no Serpa

Muitos foram morar na Cresciuma

Ficou-nos a lembrança

E ela nunca afrouxa

Outros foram morar

Lá em Franco da Rocha

Para outros

Como o destino conduz

Eles continuam por perto

Moram lá no Bairro de Perus

Temos saudades

Isso todos nós sabemos

De todos os amigos

Que faz tempo que não vemos

Mas como tudo tem um fim

Lembrar daqueles que conosco conviveram

Além da saudade ficou a tristeza

De todos aqueles que morreram

 

Altino Olimpio