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O passado está sumindo

Como as pessoas mais antigas já deixaram e outras pessoas antigas que também logo vão deixar este mundo, o passado do município de Caieiras terá sumido porque os mais jovens desta época não têm histórias pra contar igual as dos seus antepassados daqueles tempos tidos como tendo sido muito feliz. Tais jovens nem sabem que na Antiga Caieiras de baixo, ou, daquela mais antiga pertencente ao território da Indústria Melhoramentos de Papel existiu a Sorveteria do Delfim, que, o tempo a passar deu fim nela. A casa do Senhor Delfim donde também era a sorveteria, ela ficava na esquina do início daquela rua curta que tinha vários nomes populares como Rua da Sorveteria, Rua do Barbeiro ou Rua da Sapataria Savio (risos).

Essa ruazinha terminava numa ponte estreita só para pedestres. Por sobre o Rio Juquery a ponte era um “corta-caminho” que dava acesso à vila chamada de Barreiro. Vizinha da sorveteria morava a Dona Anna com o senhor Tunga que tinha o apelido de Fioravante (risos). Eles tinham cinco filhos: Crimélia, Diva, Maria Aparecida, Marlene e o José Carlos. Depois era a barbearia do Teodoro Berruezo que depois dele pertenceu ao Zinho (José Olimpio) e ao Bozo (Osmar Zerbinati). Depois da barbearia ficava a casa de um senhor que tinha o apelido de Pedro Pipoca marido da Dona Rosa e eles tinhas dois filhos. Um deles era o famoso Lila que era o goleiro do time do Clube União Recreativo Melhoramentos de São Paulo e o outro era o Gualberto que tinha o apelido de Gargantão.

Já a última casa era a do Senhor José Savio e Dona Guiosepina, pais da Dona Zulema que morou com eles por algum tempo antes de se mudar para Bairro do Serpa. Nesta última casa aqui citada era também a Loja de Calçados do Senhor Savio. Defronte, do outro lado da rua existia um banheiro público cujo perfume “urinex” que forte se alastrava pela rua. Depois de um espaço vazia ficava uma mini delegacia e depois a já citada ponte sobre o rio. Não havia espaço entre todas as casas citadas, pois, elas eram “grudadas” umas nas outras. Explicando brevemente sobre o local, rente à casa do Delfim havia as linhas da Maquininha ou trenzinho de Caieiras para o Bairro da Fábrica. Defronte ficava a escola.

A partir da casa do Delfin, caminhando à esquerda se chegava até ao armazém (palavra que quase não se fala mais) e defronte à ele era onde ficava a maquininha estacionada antes de partir para o Bairro da Fábrica. Ao lado do Armazém ficava outra escola e o correio onde trabalhava a Dona Gioconda Lisa. Defronte, do outro lado das linhas da maquininha ficava a plataforma de carga e descarga de materiais. Isto é, a transferência dos vagões de carga dos trens da Estrada de Ferro Santos a Jundiai (assim como era chamada) para os vagões de carga da maquininha que pertenciam à indústria Melhoramentos. Lembro-me do Senhor Plácido Cunha que era o encarregado (ou como se dizia, chefe) desse setor onde haviam os carregadores dessa função de transferência de cargas de um vagão à outro. Não me lembro dos nomes daqueles trabalhadores braçais.

Embora tudo isso fique na lembrança de algumas pessoas que ainda existem, parece que tais pessoas citadas nestas lembranças nem existiram. Isso é o que o tempo a passar faz com as nossas lembranças. E assim que o passado vai sumindo das nossas mentes mesmo enquanto ainda vivemos. Quem se lembra daquela propaganda “Ela é linda, ela usa ponds”. Era um creme facial para as mulheres. “Dura lex sed lex, no cabelo só gumex” (risos). Assim é a vida, viver e viver para no fim tudo esquecer. Mas, podemos fechar os olhos e continuar “vendo” tudo o que não existe mais.

Altino Olimpio