Versão para impressão

01/06/1992
Ed. 474 - Ao PTB

Meus amigos: muito relutei em aceitar ser candidato novamente a um cargo público, confesso que a mágoa e o desencanto com a política, muitas vezes determinaram meu silêncio e a vontade de ficar alheio. Por alguns meses à frente das finanças municipais, pude mostrar a todos como o dinheiro bem administrado e empregado com critério da resultados, lá estão, nos arquivos públicos as provas de que é possível fazer, quando se tem vontade. O vilão da falta de verbas não pode prosperar quando há trabalho digno e honesto. Sabem vocês que não cedo e tampouco dobro a espinha quando o interesse público está em jogo, muitos que nos acompanharam na jornada passada não entenderam ou não estavam preparados para deixar seus interesses pessoais de lado e abraçar a causa pública. Não os recrimino, verão a seu tempo os erros que cometeram. Agora aqui estamos novamente, companheiros que me acompanharam desde a primeira campanha, as alavancas de apoio que devemos, agradecer a Deus, alguns recém-chegados, mas com a mesma vontade e garra de mudar. Mudar sim, educar, a única solução. Claudionor Casarotto, meu fiel e bom amigo, exemplo de dignidade num País onde se privilegia a iniqüidade, onde amigos em um instante viram inimigos, por que seu pedido absurdo e imoral não foi atendido. Assim vi meus amigos, gente que outrora eu julgava íntegra, curvar-se a interesses outros. Justiça de faça, nenhum integrante do PTB jamais trilhou por esse caminho, exceto os que naturalmente se desgarraram, por razoes óbvias. Há que se continuar tentando mudar, sempre, a semeadura é e sempre foi livre, a colheita uma conseqüência justa e imutável. Quando se exerce um cargo público com autoridade e dignidade, muitas vezes um exército de infelizes faz coro em causa própria, são sempre os mesmos incompetentes que só vivem as custas do dinheiro do povo, apaziguados do poder, parasitas que quando se vêem tolhidos em seus interesses mesquinhos, voltam-se contra quem julgam ser seu inimigo, ledo engano, são inimigos de si próprios. Por isso disse ser importante educar, para não punir. Até esses que andam na contra-mão da história merecem nossa compreensão. Roubam o povo, serão punidos pela força do povo, um dia. Sabem agora vocês o porque do meu silêncio e demora em aceitar a convocação do PTB. Entretanto, o argumento maior e decisivo foi quando o nosso presidente Claudionor disse que não podíamos ficar omissos, a decisão foi por mim tomada naquele instante. A receita de uma vida melhor será através da ajuda que venhamos a proporcionar aos outros, principalmente as crianças, livro em branco exibirão, depois, aquilo que lhe gravarmos nas páginas, agora. Omissão nunca. Sou candidato a prefeito pelo PTB e se o PTB quer-me assim como candidato, aceite-me também assim.

EDSON NAVARRO

Jornal A Semana