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10/06/1982
Ed. 66 - Quem manda afinal em Caieiras?

Os vereadores não se conformam com a presença de Gino Dártora na prefeitura, ainda que trabalhando na URCASA. Para eles, o prefeito saiu, mas continua mandando. Assim, os vereadores fazem exigências, e dão um prazo ao novo prefeito. E seu chefe de gabinete responde, negativamente.

Gino Dártora renuncia, Luis Lansac assume.

Um mês depois, quem manda na prefeitura? Gino ou Lansac? Ao que parece, essa é uma dúvida que ainda persiste, ao menos, para a maioria dos vereadores de Caieiras, que, na última sexta-feira reuniram-se e, à exceção de Nelson Manzanares e Macedinho - ausentes - e Aparecido, Mário Della Torre e Ruth Dártora, resolveram cobrar algumas posições do novo prefeito, a fim de dissiparem quaisquer dúvidas que ainda existam sobre quem é que manda atualmente na prefeitura de Caieiras.

A reunião teve um clima tão agitado, que a vereadora Ruth Dártora - esposa do ex-prefeito - saiu em prantos ao final do encontro. É que os vereadores, entre outras coisas, resolveram exigir do novo prefeito a demissão imediata de Gino Dártora da URCASA, cargo que a pouco lhe foi confiado, a pronta anulação do concurso público promovido pelo ex-prefeito e que efetivou vários de seus familiares em diversos cargos da prefeitura e a também pronta reintegração dos funcionários da prefeitura que o ex-prefeito, em um de seus últimos atos, transferiu para a URCASA.

Segundo o vereador Dércio Pasin, essas exigências todas tem apenas um sentido: "Queremos - diz o vereador - que Lansac assuma a prefeitura de fato, e não seja transformado num boneco do ex-prefeito".

No pensamento do vereador, está claro que Gino ao renunciar, tudo preparou para continuar "mandando na prefeitura": efetivou seus parentes e amigos através de um concurso "no mínimo muito estranho", e, prevendo sua própria contratação para a URCASA, para lá transferiu um enorme contingente de funcionários da prefeitura. "A URCASA hoje - acusa Dércio Pasin - tem até merendeira. É um absurdo".

Muitas acusações e algumas exigências

Entremeadas de algumas acusações, o vereador Dércio desfilava um rosário de exigências de seus pares ao novo prefeito. Entre as acusações, além da denuncia de que Gino tem feito e pretende continuar fazendo de Lansac um boneco, não foi poupado nem mesmo o presidente do PDS e atual chefe de gabinete da prefeitura, Jorge Pereira Araújo, acusado de conivência com o concurso público que ele mesmo antes condenava.

Entre as exigências, a de que as ruas Capitão Graff Nunes e a Avenida dos Estudantes sejam isentadas de taxa de pavimentação, que determinado jornal deixe de ser redigido e montado nas dependências da prefeitura e de ser custeado por verbas públicas, e ainda uma denúncia: Gino teria contratado um jornalista "fantasma" - nas palavras do vereador - a quem Lansac teria dispensado.

Dércio Pasin diz ainda que durante a administração Dártora, era impossível saber o que realmente acontecia "entre as paredes da prefeitura", e, por isso, pedem que o novo prefeito abra a eles as portas da prefeitura, para que se possa avaliar com melhor precisão os danos causados ao município pelo seu antecessor. Segundo Dércio, os vereadores ainda pediram ao novo prefeito que escolha a maneira: ou forma comissões de inquérito, ou responda a todos os requerimentos de informação que lhe mandarem os vereadores. Lansac teria ficado de pensar.

Por fim, o vereador Dércio faz questão de afirmar, que tanto ele como de resto a grande maioria de seus pares edis, são "solidários para com o prefeito Lansac, para que ele seja realmente o prefeito".

"De fato e de direito", arremata o vereador.

"Nós não vamos colocar azeitona na empada dos outros. Eles façam o que quiserem".

Para o chefe de Gabinete e presidente do PDS Caieirense, Jorge Pereira Araújo, porém, os vereadores não tem nada a exigir. "Eles podem pedir, e não exigir, o que eles quiserem, mas eu acho - afirma - que não devemos atender a nada disso. Eles vieram pedir não como vereadores, mas como candidatos da oposição e nós não estamos aqui para colocar azeitona na empada dos outros".

Jorge Araújo, embora confirme as "exigências" dos vereadores, prefere refutar as acusações de que esteja conivente com o "concurso", e partir para o contra ataque: "O Concurso já está feito, homologado e os concursados empossados, e não se pode cobrar dessa administração os erros da anterior". E continua ferino: "Além disso, os vereadores não fizeram nada naquele concurso da Câmara, onde as mesmas desconfianças apareceram, e agora - continua - vem querendo ainda falar de concursos? Que raio de vereadores são eles, que não fiscalizam a própria Câmara?

Jornal A Semana