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09 de Fevereiro de 2001
Mudança da lei pode livrar Caieiras

Nove vereadores de Caieiras apresentaram projetos de Lei que, se aprovado,
poderá definir o fim do lixão e o futuro da Cidade.

 

A polêmica da instalação de um Centro de Resíduos no município de Caieiras (CTR) que se arrasta desde janeiro de 1999, deu cabo à revolta generalizada da população que se manifestou veemente contra o projeto, em função do Artigo 2º da Lei permitir a vinda de lixo de qualquer origem, inclusive os provenientes de outros municípios. O entrave foi ainda maior quando, na audiência pública de 9 de fevereiro de 1999, mais de 3000 pessoas que se fizeram presentes e questionaram as autoridades da época, Prefeito Pedrão e vereadores, sem obter explicações concisas acerca do projeto. Embaraçados, o ex-prefeito e 10 ex-vereadores abandonaram o povo antes mesmo do final daquela reunião, instigando os cidadãos a tomarem providências por si.

Vários movimentos foram registrados no sentido de impedir a continuidade do projeto.

Na verdade, a preocupação da população caieirense não é com a instalação do CTR, e sim com as milhares de toneladas que poderão vir de qualquer lugar do mundo, já que no Artigo 2º, não há quaisquer restrições.

Conscientes do problema que afetará Caieiras, caso não haja mudanças nesse artigo, a população reconhece a necessidade emergente de ser implantado um Centro Tecnológico de Resíduos, desde que haja uma nova redação ao Artigo 2º para proibir a vinda do lixo de outros municípios.

Desde então, Pedrão e ex-vereadores se omitiram, embora em fevereiro de 1997, início da administração passada, o vereador Milton Valbuza tenha apresentado à Câmara a alteração do artigo da Lei, que atenderia aos anseios do povo caieirense (Projeto de Lei 3017), assim como Pedrão, em março daquele ano, teve a mesma iniciativa. Por motivos desconhecidos, o ex-prefeito retirou seu pedido da Câmara e Valbuza, na hora da votação em plenário, foi contra seu próprio projeto, assim como os demais vereadores.

Mesmo assim, a força do povo falou mais alto e alguns líderes continuaram a luta através de abaixo assinados e até ação na justiça, retardando assim o andamento normal da implantação do CTR, empurrando o problema para a atual administração.

Determinação

Com a renovação de praticamente 80% da Câmara nas últimas eleições, os cidadãos comuns, hoje novos vereadores, acompanharam todo processo e participaram ativamente do impasse que envolveu o lixão. Dispostos a trabalhar de verdade, até para tentar reverter a péssima imagem que os ex-governadores deixaram, nove vereadores apresentaram à Câmara, na 1ª sessão ordinária do ano, terça-feira, dia 2, o Projeto de Lei 3363 que dá outra redação ao Artigo 2º da Lei, a ser votado em plenário no próximo dia 20 de fevereiro de 2001, próxima sessão da Câmara, depois do parecer da Comissão de justiça e redação que deverá ser favorável, justamente por ter como membros, três, dos nove vereadores que assinaram o projeto, unânimes em seus pronunciamentos: o vereador Bacana (presidente), Roberto Hamamoto (relator) e Adriano Sopó (membro). “A mudança na redação do artigo é absolutamente necessária. Sou totalmente a favor do projeto”, disse Bacana. “Nosso trabalho é atender as necessidades do povo e da cidade, que precisa dessa alteração no artigo da lei. Por isso sou favorável”, disse Roberto Hamamoto. “Sou favorável sim. Independente de qualquer coisa devo ser coerente com a cidade e com a população”, disse Adriano.

Compromisso assumido

O autor do projeto, vereador João Serra, garante que nada, nem ninguém, poderá fazer mudar de idéia a alteração da redação do Artigo 2º que estará satisfazendo as necessidades do município e do povo: “Nós temos o compromisso de não permitir que Caieiras sofra com projetos mal resolvidos. Temos de pensar não só no “agora”, mas no futuro”, disse João Serra representando a opinião de Paulão do Sítio, Gersinho, Agnaldo Corrêa de Campos, Cleber Furlan, Paulo monteiro, Roberto Hamamoto, Adriano Sopó e Bacana, os oitos vereadores que com ele vão conseguir, através dessa atitude, reestruturar a credibilidade perdida, dando início ao processo de reversão da história política caieirense, caso se concretize a aprovação do projeto de lei 3363/2001.

Convocação

Para confirmar essa postura, esses nove vereadores fazem um apelo a todos os cidadãos, para que compareçam às 19h00 do próximo dia 20, na Sessão da Câmara e acompanhar e conhecer, cara-a-cara quem são os atuais vereadores, verdadeiros representantes da comunidade caieirense, que terão oportunidade de provar se são a favor ou contra a vontade popular. Segundo garantiu o Presidente da Câmara, Dr. Cleber Furlan, o projeto vai para votação no dia 20: “Não existe nenhum motivo ou impedimento. Vai ser votado sim”, Afirmou o vereador.

Mudanças


Nessa ótica, cabe aos cidadãos fazerem parte, para que, no caso da aprovação do Projeto nº 3363/2001, que muda a redação do artigo 2º da lei 2676, reconhecer com aplausos a coragem dos vereadores que começam seu mandato beneficiando a cidade de Caieiras, declinando interesses ao futuro da sociedade.

 

Cavo. Empresa que pretende administrar o lixo em Caieiras

 

Em função da representativa manifestação popular, totalmente desfavorável ao recebimento de milhares de toneladas de lixo de outros municípios, a empresa Cavo, em ritmo acelerado de instalação na cidade, passou a dar palestras em escolas, apresentando projetos maravilhosos acerca do empreendimento, na tentativa de minimizar o impacto de revolta dos caieirenses e convencer a população que sua idoneidade e tecnologia não representaria qualquer perigo.

Flagrada por Álvares Berti em sua unidade em Curituba com área 15 vezes menor a de Caieiras, com montanhas de lixo e urubus, a empresa foi acusada de ter envolvimento em cartel e escândalos que chegaram ao prejuízo de R$ 1 bi, segundo o promotor Capez, conforme noticiou o Estadão. Segundo informações paralelas, caso a redação do Artigo 2º da Lei seja modificado como expressa o Projeto de Lei apresentado pelos vereadores, para a Cavo, o funcionamento em Caieiras ficará inviável.


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