Versão para impressão

26/04/2009
Passado no Presente


Quando chegamos à idade de menos, ou mesmo, não mais pensarmos em realizações, parecemos apartados do cotidiano comum dos dias. Com a vida sendo apenas uma seqüência de dias e noites, estes presentes subseqüentes parece um viver sem viver, um apenas existir sem nada acrescentar na memória para se possuir como história como o passado ficou documentado. Essa situação é propícia para as alternâncias entre presente e passado quando as lembranças travessas como crianças invadem nossas cabeças. Nestes agoras atuais, sempre algum remanescente de outrora se diz nostálgico por culpa da memória a lhe desenrolar como um filme, seu passado e sua história. Um deles, Máximo Pastro, hoje, com a idade de setenta anos, foi morador da pacata Vila Nova do Bairro da Fábrica de Papel do Município de Caieiras, local de suas bravatas da infância e da mocidade, tudo do ontem sendo o hoje de sua saudade. Ao se recolher e antes de adormecer, o travesseiro além de ser conforto é parceiro para acolher como se fosse um escolher, as imagens vindouras das lembranças da rua de quando ele era criança e sabia de quem lá existia. No escuro do quarto a visão interior de casa por casa daquela vila é na claridade do dia de como antes a vila existia. Na saudade-ver do Máximo, rostos conhecidos e queridos lhes desfilam como se tivessem voltado de suas mortes. Assim quase sempre adormece esse homem com o passado lhe sendo um cinema, cujo filme exibe como atores, seus antigos amigos, vizinhos e todos os moradores da Vila Nova, incluindo seus amores. O fechar dos olhos mais são abri-los para por dentro se “ver” nas lembranças do passado. É quando se sente saudade ou nostalgia no presente.

Altino Olympio