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04/04/1986
Ed. 256 - As velhas artimanhas...

O Presidente da Câmara de Caieiras, Dr. Milton Valbuza, protesta contra o Prefeito Nelson Fiore, que através da mensagem nº 1557 o Prefeito Fiore enviou à Câmara projeto de lei para suplementação de verbas no valor de Cz$3.226.473,00 ou mais de três bilhões de cruzeiros antigos. A mensagem que deveria primar pelo esclarecimento do destino das verbas, refere-se apenas ao item 4 do projeto, onde obviamente estão as subvenções destinadas a várias entidades no Município, como APM, Guarda Noturna, etc, no valor de Cz$84.430,60.

Entretanto a suplementação solicitada engloba, por exemplo, Cz$1 milhão para a URCASA, que não é mencionada nem de raspão na mensagem. Essa artimanha foi muito usada pelo ex-prefeito Gino Dártora, quando queria que a Câmara aprovasse o que lhe interessava, daí embutia tudo o que queria no projeto, diz Valbuza.

O Prefeito Fiore está começando a trilhar os passos do ex-alcaide, porque não mandar um projeto para cada assunto? Ser claro, honesto e objetivo. No projeto vê-se, por exemplo, que o gabinete do prefeito, necessita de suplementação de verba no valor de Cz$500.000,00 ou 500 milhões de cruzeiros antigos, para que? Ou melhor, para que serve o orçamento municipal daqui para frente?

A coisa pública Sr. Prefeito, diz o vereador, deve ser tratada com maior clareza possível, sem meios termos, artimanhas ou quaisquer outras formas que impeçam a transferência dos atos. Misturar verbas que interessam, mas que não interessam para forçar a Câmara a aprovar tudo, deságua da incompetência, na má fé. Nós vereadores não podemos de forma alguma aceitar tal procedimento, e caso aprovemos o pacote tal com está, estaremos pactuando com a irregularidade, e o povo, esse mesmo que se intitula fiscal do Pres. Sarney, deve votar-se também para a fiscalização dos atos de seus governantes, saber onde vai parar seu dinheiro, cobrar, e pode começar cobrando a prestação de contas de Prefeito e Vereadores, qual é o munícipe que sabe hoje quanto a Prefeitura tem só que fechado em armário. Que tal a divulgação semanal pela imprensa desse balancete? Assim o cidadão dificilmente ouviria aquela “famosa” resposta: “Não temos dinheiro” ou se for verdade que o dinheiro não existe, nem será feita à pergunta.

Jornal A Semana