Versão para impressão

07/09/2009
O tanque de concreto

O olhar distraído no que enxerga ao redor, subjetivamente recompõe uma cena do passado. Nostálgica, a cena é de um dia ensolarado e se desenvolve a partir do tanque de concreto existente entre a Rua do Bairro Chique e o pequeno jardim donde está o acesso à fábrica de papel. O tanque redondo medindo uns sete metros de diâmetro por uns quatro ou cinco metros de altura, sua tampa ficava mais ou menos ao nível da rua já citada. No lado oposto a tampa terminava bruscamente tendo por baixo o páteo da nova garagem dos automóveis da Indústria Melhoramentos. Nova porque, a antiga ao lado da pequena torre do relógio de madeira já não dispunha de espaço adequado para todos os carros. Menino e descalço como era costume dos meninos locais, lá estou eu sobre a tampa do tanque de concreto admirando a paisagem local e os transeuntes. No trajeto para o trabalho ou vice-versa, para ir e vir do armazém, passar pelo tanque de concreto era o caminho mais perto para os residentes do Bairro Chique. Por aqui já passaram o Flávio de Jorge, o Vivaldi Nani, o Toninho de Pádua (Chorão), o Walter Lisa (Sapo), os irmãos Gomes sendo eles o Milton (Cachorro), o Maurício (Dumbo), o Valter (Rato Branco) e o Moacir (Bola Cinco). Depois vi passar o Toninho e o Ico Gabrielli, o André Pastro (Picolé), o Ernesto e o Pedro Mussolini, o Miguelzinho Caparão, o Irineu Ulmann, os irmãos Mauri e Isidro Gabrielli, o Paulo Gonçalves Leme (Possante) com seu irmão Tite, o Ari, enteado do Antonio Pereira (Sapatão), o Armandão Moro e outros. Mais agradável foi ver passar as mulheres. As irmãs do Vivaldi, a Vilma filha do Donato de Freitas com sua irmãzinha Vera Lucia, as irmãs Gerça, Adélia e Egna Mussolini, a Ivone Ulmann com sua irmã, a Terezinha Lisa e a Terezinha de Assis, a Pascoalina (Tatinha) Gomes, as irmãs Pina e Beatriz Moro, a Irma, hoje Gabrielli, com a irmã Sônia, filhas do Tuque e de Dona Antonieta Gonçalves Leme. Esqueci os nomes de outras que passaram. O tanque de concreto ou tanque de óleo, diferente dos seres vivos não sofre transformações e deslocação como eles. Todas essas pessoas aqui citadas são acervos da memória daqueles, daqueles tempos em que mais se viam e se falavam. Agora não, no “cada um na sua” destes tempos, concreto é o estanque de suas presenças em relacionamentos amistosos.


Altino Olympio