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16/05/2011
A cadeira do Ditão

A Cadeira do Ditão

No final dos anos cinquenta do século passado, a diretoria do CRMSP (Clube Recreativo Melhoramentos de São Paulo) decidiu construir um “Marcador de Placar” dos jogos de futebol, mais para quando eram jogos de campeonato.
O local escolhido foi do lado da famosa arquibancada (palco de muitas emoções), no barranco que terminava no limite de um dos lados do campo e por trás do “corner” (escanteio) do “gol da curva”, nome este porque a trave do gol ficava na direção do Bairro da Curva, consequentemente, a trave oposta ficava na direção da fábrica de papel e depois dela o Bairro da Fábrica. No local elevado acima do nível do campo o marcador poderia ser visualizado de todos os arredores do local esportivo. Decidiu-se por uma construção simples, de madeira, com os pés fincados no chão de terra. Devido à necessidade de suportar o peso de duas pessoas foi construído um patamar para o devido manuseio do marcador do placar.
Em função desses requisitos, o “artefato” construído ficou com um aspecto muito parecido com uma cadeira de gigante (risos).
Nessa época, o transporte dos atletas do CRM era feito pelo caminhão Mercedes “cara-chata” pertencente ao Benedito Molinari (saudoso), figura muito querida pelo pessoal do CRM, e logicamente um assíduo frequentador do clube.
O Benedito, mais conhecido como “Ditão”, era um cara de porte avantajado, obeso (por isso tinha também o apelido de pote) para os padrões daquela época, mas, para os padrões atuais seria até normal, pois, hoje as pessoas são mais sedentárias e até mesmo garotos já são obesos.
O muito pitoresco “Maquináia” (Orlando Lopes) carinhosamente o chamava de Ditinho, claro que, maliciosamente e o Ditão mal humorado como ficava, retrucava com palavras nada agradáveis de ouvir. Como naquela época nada passava “sem chumbo”, algum espírito de porco esteve tramando uma malvadeza (Ou seria uma homenagem). Anterior a inauguração do marcador do placar um apelido já lhe havia sido aplicado: “Cadeira do Ditão”. Por que sei e me lembro deste fato? Sei porque eu e o “Possante” (Paulo Gonçalves Leme) éramos os “operadores titulares” do marcador. Esse meu colega de “profissão” (risos), figura ímpar também lá do Bairro da Fábrica é parte do folclore de lá. Pelo que eu saiba é uma pena não haver registro fotográfico daquele marcador de placar, agora só presente em minha lembrança. Daí a razão de ser desta crônica nostálgica.

Nilson Rodrigues