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Turma do cachecol

Turma do cachecol

Antigamente nos bons tempos, as pessoas por não terem como hoje tantas preocupações e tecnologias a se distraírem em suas casas, elas mais eram vistas e se reuniam em seus entretenimentos. Por isso as pessoas mais se destacavam como personalidades conhecidas locais. Os mesmos moços ao sempre comparecerem juntos a um local ganhavam apelidos, como por exemplo, a “turma do bolero”. Pelo apelido eram os rapazes dados a bailes e serem os bambas nesse ritmo. Houve outros companheiros, estes da Vila Cresciuma (hoje centro de Caieiras) sendo os da “turma do cachecol”. Naqueles tempos os rapazes da Cresciuma eram os que mais se envolviam em brigas. Brigas em bailes, brigas nos carnavais, brigas durante partidas de futebol e até eram temidos, mas, houve quem os enfrentasse. Num dia em que estava havendo uma festa lá no caramanchão (o famoso salão de cinema e de bailes havia desaparecido num incêndio) do Clube Recreativo Melhoramentos do Bairro da Fábrica, no largo espaço e no escuro da noite que antecedia a entrada ao caramanchão, um tumulto aconteceu. Eram alguns membros da turma do cachecol contra os rapazes do local associados ao clube. Gritos, ruídos de socos e pontapés se ouvia. Cigarros acesos voavam pra cima. Isso eu vi. Garoto ainda, não lembro porque estava lá naquele momento. O destaque do tumulto foi o Goliardo Olimpio. Derrubou um dos integrantes da turma do cachecol ao chão e ainda pisoteou o rosto dele. Depois disso os comentários eram sobre uma represália contra o Goliardo, mas, não aconteceu. Ele era muito macho e não iria se acovardar diante de ameaças. Sobre o antigo salão antes dele se incendiar, outro Olimpio também esteve em destaque. Era carnaval e o Zé Pereira (irmão do Chistão) esguichou lança perfume nos olhos de um italiano (isso doía demais) que por uns tempos morou naquele local. Ele possuía uma bicicleta motorizada, novidade na época e era amigo da família do Senhor Vitório Olimpio cuja esposa era a Dona Lucinda e os filhos, Dirce, Waldemar, Goliardo e Jurema.  A discussão acalorada por causa da lança perfume do Zé Pereira espirrada no italiano veio ter seu desenrolar na entrada do salão com expectadores a aguardar para “ver no que ia dar”. Waldemar do lado do italiano para brigar e o Gervasio Massimelli do lado do Zé Pereira para apartar ou também para brigar. O Waldemar desferiu vários socos no Gervasio e este se desviou de todos. A turma do “deixa disso” interferiu e tudo terminou. Não em pizza, naquele tempo não havia isso. Esses fatos relatados tiveram a confirmação do Walter do Amparo Olympio, primo dos irmãos machões. Pensando bem, parece que hoje não se fazem mais machos como antigamente. Evolução ou involução?

                                                                                                Altino Olympio