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Família Sato

Vamos lembrar como tudo era daquele tempo quando o tempo não passava e havia mais tempo para quem sempre conversava lá no Bairro da Fábrica de Papel. Mentira! A fábrica não era de papel, era e é de estrutura reforçada de alvenaria e concreto. Lá tudo decorria na paz ao som dos cantos dos pássaros, zumbido de cigarras, abacateiros em flor, alaridos das crianças ao término das aulas da escola e o racha de futebol pelos campinhos ou ruas do bairro. Sim, tinha todo o esplendor da terra prometida. Uma família com fisionomia diferente esteve a completar aquele panorama. O início da formação dela foi num outro país do outro lado do mundo. No Japão um homem se casou com uma moça, ele tendo vinte e sete e ela dezessete anos de idade. O casal Tokiyu e Yai Sato (Senhor Tókio e Dona Maria como aqui ficaram conhecidos) numa aventura, eles navegaram pelos mares do futuro desconhecido aportando aqui no Brasil. Primeiro foram viver na Cidade Manaus do Amazonas. Depois para outras cidades e numa delas, Ilha Bela, do Estado de São Paulo nasceu o primeiro filho de nome Felipe. Ao se mudarem para a Vila da Fazendinha pertencente ao Bairro de Perus, logo o ainda Distrito de Caieiras os atraiu para lá. Num casamento perfeito de interesses mútuos e benéficos a indústria local cedeu ao casal uma vasta área de terra para moradia e horticultura. A área ou sítio se localizava depois da vila de nome Pansutti e se estendia até o Rio Juquery. O casal Senhor Tókio e Senhora Maria já tendo o filho Felipe, outros vieram a aumentar a família: Tomie, Harue, Mario, Paulo, Orlando, Adriana, Marina, Nancy, Cristiana e Jorge, onze ao todo. Essa família, pais e filhos eram dedicados ao labor diário. Não como a maioria do local, poucas vezes eles foram vistos em entretenimentos. Pela ocasião da construção do novo armazém a ficar defronte o grande e velho abacateiro, um espaço foi destinado à quitanda da família Sato. Por muitos anos, frutos, verduras e outros derivados da terra, incluindo os da plantação da família foram degustados pelos moradores daquele lugar tão pacífico. Todos aqueles filhos se formaram em alguma especialidade profissional, menos um, o Felipe. Este, aliado ao desejo paterno, formou-se na nobre missão de ajudar a prover e ver seus irmãos realizados profissionalmente conforme os anseios seus e dos pais. A Dona Maria infelizmente deixou este mundo muito cedo aos sessenta anos de idade e o seu marido, como soube, morou algum tempo na Cidade de Santos e o terminar dos seus dias foi por aqui onde mais ele viveu. Que grata recordação esta. Você ao ler este texto e tendo ainda a lembrança daquele tão honesto e simpático casal japonês e de seus filhos brasileiros, faça como eu. Feche os olhos e os reveja passando pela Vila Pansutti a caminho da quitanda, veja os irmãos colegas nossos na escola primária... A gente sente saudades, não? Que pena! Nunca se envolveram em contendas ou em algo a desaboná-los para ser relatado aqui.  Mas isso se pode inventar. Escolher primo é que não se pode. Na Rua Guadalajara mora o chato do meu primo Luiz Amparo. É meio desamparado da cabeça e por isso uma vez me pediu ajuda para dar uma surra no Felipe Sato. Este mantém uns cachorros num terreno defronte a casa do meu primo e um deles late muito a noite. Mas eu lhe respondi: Você está louco? Você aguenta a consequência depois? O Felipe tem muitos irmãos e até sei de um que é advogado. Ah não, eu tenho medo. Isso é fácil resolver. Quando o cachorro estiver latindo fique com sua esposa na janela latindo também e ele para de latir. Bem, agora o nosso obrigado às irmãs Adriana e Harue da família Sato pelas informações fornecidas para compor esta crônica. 

                                                                                                 Altino Olympio 

Sobre a Crônica: A familia Sato.

Bela e merecida homenagem a uma familia que tanto representou em Caieiras.Dona Maria e seu marido foram exemplos de trabalho e pionerismo num bairro onde tudo era mais difícil devido à distância de grandes cidades.
Lembro-me perfeitamente deles dois e pude na já no ginasal desfrutar da boa companhia de uma de suas filhas Marina, das aulas com a Profª. Tomiê e atualmente do exemplar  profissionalismo da dentista Dra. Adriana.
Lá na fabrica sempre acompanhei minha madrinha e meus pais às compras na quitanda dos Sato e mesmo quando nos mudamos para a Rua Guadalajara, por anos e anos continuamos a adquirir as verduras que o Felipe e a esposa Ana plantavam num terreno amplo em frente à Concha Acústica. Eram os tempos das verduras puras, sem agrotóxicos, saudáveis. Compramos muito também na mercearia da Praça Santo Antonio.
Enfim, pessoas maravilhosas, trabalhadoras, generosas e de muito valor aos quais seremos também gratos por fazerem parte da história de Caieiras.


Fatima Chiati

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From: [email protected]
To: altino olimpio
Sent: Friday, September 02, 2011 3:12 PM
Subject: Re: de família

Altino meu amigo, ótima mensagem sôbre a familia SATO, o Paulo trabalhou comigo na Melhoramentos na Seção Pessoal em 1963, se não me falha a memória ele é advogado. Um abração do amigo PICOLÉ.

---- Original Message -----
From: Neusa
To: altino olimpio
Sent: Friday, September 02, 2011 2:40 PM
Subject: Re: de família

Oi Altino,
A Tomie deu aula para mim na Admissão ao
Ginásio, lembro da Dona Maria, da Harue e da Adriana.
Bons tempos aqueles.
Abraços
Neusa

 

----- Original Message -----
From: Nilson
To: 'altino olimpio'
Sent: Friday, September 02, 2011 8:53 AM
Subject: RES: de família

Bôa, esta sobre a família Sato.

Publique-se...

(O Mário Sato era meu colega de primário. Um dia me meti com ele e tomei um golpe de jiu-jitsu que até agora ainda não sei como fui ao chão...japonesada fudida essa...)

Nilson Rodrigues

 

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From: Carlos
To: altino olimpio
Sent: Thursday, September 01, 2011 8:34 AM
Subject: de família

Sensacional!   Transmissão de pensamento e deliciosas coincidências.
Eu estava no domingo, relembrado algumas coisas e ia perguntar à Enciclopédia Caierense:
Havia na Fábrica somente UMA familia japonesa  é vero?
Fui uma vez na chácara com os meus primos Otávio e o Ademar buscar melancia colhida na hora. Nunca mais ví uma plantação da dita cuja.
Aliás o "Távio" era uma figuraça. Ele vivia dizendo que o povo lembrava dele a toda hora; ou falavam Etavinho bom ou água potávio.

abraço e obrigado por mais essa!

    Carlos Alberto de Moraes