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A ponte romântica

Um telefonema surpresa durante a tarde foi uma ponte para uma ponte do passado. De caibros de madeira, muito bem feita, bonita e pintada de preto, ela era a solidão do não ser utilizada. Existia entre um dos quintais das casas do alto da Vila Nova e a última casa de um dos lados da Rua da Vila Pereira. Fora construída por sobre uma barroca e nesta os barrancos de ambos os lados eram cercas naturais de um galinheiro, talvez, pertencente ao Senhor Domingos Ciríaco ou ao Senhor Alfredo Corradini, pois, um morava defronte ao outro. A ponte romântica serviu para os devaneios de um jovem amadurecendo para as emoções do apaixonar-se em segredo. Sozinho ele buscava aquele refúgio tão encantador onde o parapeito da ponte era de grossos cabos de aço. Sentado ao superior com os pés apoiados no inferior, ele ali ficava muitos momentos olhando para o alto onde vislumbrava parte do Bairro Chique. A distância em linha reta impedia identificar rostos, mas, não os trejeitos da mocinha que, raras vezes ele foi “premiado” ao vê-la estender roupas no varal do quintal da parte dos fundos de sua casa. Esse era o seu segredo daquela época e a moça tinha o sobrenome igual ao de um ditador italiano da segunda guerra mundial. Naquele tempo a morte não tinha muito interesse em visitar a população daquela região envolvida com a nobreza do se querer bem. Mas, depois de uma ausência ela veio buscar prematuramente o pai daquela moça, cujo rapaz da ponte solitária da Vila Pereira ansiosamente esperava vê-la à distância e em segredo. Bem que ele quis estar ao lado dela naqueles momentos tão tristes da perda do pai. Não pode estar porque ela desconhecia seus sentimentos por ela. Isso antigamente era comum. Gostava-se de alguém e não era sempre que o alguém sabia ou correspondia. Tínhamos também a mania de em segredo cobiçar as namoradas de outros e felizmente eles nunca souberam (risos).   Agora “de volta” para este tempo, o autor do agradável telefonema surpresa foi o Toninho de Pádua (Antonio de Pádua Freitas), amigo de infância, da mocidade e antigo vizinho da moça. Ela que nunca soube dos pensamentos carinhosos a ela dedicados, provenientes de um jovem numa ponte oculta no desconhecimento dela por muitos dos moradores daquele lugar fadado a desaparecer. O telefonema do Toninho foi um estímulo inesperado para a memória recompor as imagens daquelas situações ingênuas e saudosas. Sobre ele existem algumas “fofocas” a serem relatadas aqui neste jornal onde o passado costuma presentear-se nesta época que é o futuro daquele outrora.

                                                                                               Altino Olympio