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09/01/2009
Alto nível de açúcar no sangue é ruim para a memória, afirma estudo

Altos níveis de açúcar no sangue podem prejudicar a memória ao afetar o giro denteado, uma área do cérebro dentro do hipocampo que ajuda na formação de memórias, como afirma um novo estudo.

Pesquisadores relatam que os efeitos podem ser vistos mesmo quando os níveis de açúcar no sangue, ou glicose, são apenas moderadamente elevados, uma descoberta capaz de ajudar a explicar a diminuição normal cognitiva relacionada à idade, pois a regulação da glicose diminui quando envelhecemos.

"Se concluirmos que isso está por trás do declínio cognitivo normal relacionado à idade, então afeta a todos nós", afirmou o investigador principal, Dr. Scott A. Small, professor associado de neurologia do Columbia University Medical Center.

A capacidade de regular a glicose começa a se deteriorar na terceira ou quarta década de vida, ele disse, acrescentando que, como a regulação da glicose melhora com a prática de atividades físicas, "temos uma recomendação comportamental: exercite-se".

No estudo, os pesquisadores utilizaram ressonância magnética funcional de alta resolução para mapear regiões do cérebro de 240 participantes idosos. Eles descobriram uma correlação entre altos níveis de glicose no sangue e o reduzido volume do mesmo no cérebro, ou fluxo sanguíneo, no giro denteado, indicando a redução da atividade e da função metabólica naquela região do cérebro.

Ao manipular níveis de açúcar no sangue de roedores e macacos, os pesquisadores tentaram confirmar uma relação de causa e efeito entre o alto nível de glicose e o reduzido volume de sangue, disse Small. O estudo, financiado em parte pelo Instituto Nacional de Envelhecimento, foi publicado na edição de dezembro do "Annals of Neurology".

Bruce S. McEwen, diretor do laboratório de neuroendocrinologia da Universidade Rockefeller, em Nova York, não esteve envolvido na pesquisa e afirmou que as descobertas do estudo eram "convincentes", com importantes implicações não só para os idosos, mas também para um número crescente de crianças e adolescentes acima do peso com risco de diabetes tipo 2.

"Quando pensamos em diabetes, pensamos em doenças cardíacas e todas as consequências para o resto do corpo, mas geralmente não lembramos do cérebro", disse ele. "Precisamos realmente nos preocupar com isso".

"É necessário pensar nos riscos fundamentais não só de doenças cardiovasculares e distúrbios metabólicos, mas também em relação às habilidades cognitivas, e se esses jovens conseguirão atender à demanda da educação em uma sociedade complexa e acelerada. É essa parte que me assusta terrivelmente".

Estudos observacionais anteriores mostraram que a atividade física reduz o risco de declínio cognitivo, e pesquisas também descobriram que a diabetes aumenta o risco de demência. Estudos anteriores também encontraram uma relação entre a diabetes tipo 2 e disfunções no giro denteado.

Sheri Colberg-Ochs, professora associada de ciência do exercício da Old Dominion University, em Norfolk, Virgínia, contou que a pesquisa descobriu que exercícios regulares, até mesmo atividades físicas leves, poderiam compensar os efeitos potencialmente negativos da diabetes tipo 2 na função cognitiva. Não está claro qual é o mecanismo, ela disse, mas pode ter alguma relação com o efeito da insulina.

"Esse novo estudo é interessante, pois permite uma compreensão maior de que região do hipocampo é provavelmente mais afetada pela diabete não-controlada", concluiu.

Porém, Small, autor responsável pelo estudo, disse que a elevação nos níveis de glicose no sangue no novo estudo era mais sutil e não seria considerada uma doença.

"É parte do processo normal de envelhecimento, tanto quanto as rugas na pele", explicou ele. "Acontece com todos nós inexoravelmente, e piora progressivamente ao longo da vida".

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