Versão para impressão

02/03/2009
1968 O sonho não acabou


"O mal dos homens é esquecer seus ideais de quando Jovem." (J. Nabuco)

O sonho, jovens, há de continuar sempre, é o destino. Os de minha geração sonharam com a justiça e paz, viraram hippies e tentaram mudar o mundo, em vão?


A semeadura livre, vinte anos depois frutificou. Também nós criamos barricadas e protestamos o mundo era um só, fosse nas grandes passeatas no Anhangabaú, fosse em Paris. Com a geração dos Beatles, Hair foi à peça mais representada e nossos valores exilados, o protesto era proibido. Entretanto duas décadas depois o sonho valeu e agora quem deve carregá-lo e embalá-lo são vocês desta geração, sob pena da que vier ser mutilada em seus ideais caso vocês deixem o sonho acabar.


Também nós lutávamos contra tudo e todos, tínhamos os excedentes, a junta militar, mas também Chico Buarque e Caetano e sobretudo o sentimento de legar à Pátria nosso sonho de justiça e paz, não deixaram.


Hoje os jovens de 1968 comparecem ao prédio histórico da Rua Maria Antonia para prestar sua homenagem, mas pouco ficam e logo voltam aos seus afazeres, são médicos, engenheiros, economistas, advogados, professores e tantos outros que um dia partilharam do sonho comum, uma geração profícua em todo o planeta, mas quantos sobraram? Quando se repetirá? Lenon se foi, o sonho não, os cabeludos todos viverão sempre na memória da humanidade, afinal transformaram o mundo, mas esse abalo nas estruturas infelizmente só se repete com intervalo de século.


Edson Navarro