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03/12/2009
Controle ideal da glicemia

Artigos

Controle ideal no diabetes Tipo 2
26/11/2009 - APDP

O diabetes é uma doença crônica que implica cuidados médicos constantes e um elevado nível educacional. Estes dois aspectos são fundamentais para um bom controle e, conseqüentemente, para a gestão do diabetes e prevenção das complicações agudas e tardias.

O primeiro objetivo no tratamento da pessoa com Diabetes é baixar a glicemia a níveis normais ou próximos, de forma a:

- Evitar situações de descompensação aguda (cetoacidose, hiperosmolaridade, hipoglicemia, etc.) cuja presença é acompanhada de uma elevada morbilidade;
- Permitir um bom estado geral sem sintomas inerentes ao mau controle;
- Reduzir ou anular o risco de complicações tardias;

Para se atingir estes objetivos é necessário que a pessoa com Diabetes tenha uma boa "Educação", ou seja, que seja capaz de gerir corretamente o seu auto-controle. Deve estar apto a:

- Saber realizar e interpretar o auto-controle glicêmico;
- Saber alimentar-se corretamente orientada por um profissional nutricionista;
- Saber fazer exercício físico;
- Ter conhecimentos fundamentais sobre a terapêutica que faz (insulina ou medicação oral);
- Saber correlacionar o exercício físico com a alimentação e a terapêutica;
- Saber prevenir ou tratar uma hipoglicémia ou outras situações agudas;
- Ter sempre presentes os objetivos do controle;
- Colaborar ativamente na vigilância periódica.

Está hoje confirmado que um bom equilíbrio glicêmico é uma medida fundamental para a prevenção das complicações microvasculares (retinopatia, nefropatia e neuropatia diabéticas) e também das macrovasculares da pessoa com Diabetes.

O controle da diabetes, o rigoroso controle da pressão arterial e dos lípidos reduzem significativamente as complicações microvasculares, os acidentes vasculares cerebrais, a cardiopatia isquêmica e o enfarte de miocárdio, e em geral toda a mortalidade relacionada com a diabetes.

Os objetivos de controle, em termos parâmetros analíticos, não são muito diferentes dos que abrangemos nas pessoas com Diabetes do tipo 1, isto é insulinodependentes, se excluirmos naturalmente as crianças e idosos portadores de outras doença ou ainda condições consideradas especiais.

Assim, em circunstâncias normais, deve procurar-se atingir e manter valores de glicemia em jejum entre 70 e 90 mg%, pós-prandiais inferiores a 140 mg% e ao deitar valores inferiores a 160 mg%. A HbA1c deverá ser inferior a 7, com um máximo admissível de 7.5%.

Nos idosos, os objetivos diferem ligeiramente e são, fundamentalmente, o controle da sintomatologia, evitando grandes oscilações da glicemia e hipoglicémias, a prevenção ou atraso do risco das complicações e a criação de condições para a manutenção de uma boa qualidade de vida.

Nos idosos a hipoglicémia é sempre uma preocupação e podemos considerar aceitável uma oscilação dos valores glicêmicos entre 140 mg% e 200 mg% em qualquer ocasião do dia.

Para atingir estes objetivos é necessário naturalmente um bom nível de "Educação" com a utilização do autocontrole glicêmico, hoje mais fácil de realizar.

A vigilância deve ser feita, dos sintomas que a pessoa com Diabetes tão bem conhece, pela HbA1c ( hemoglobina glicada ) que nos permite avaliar a média das glicémias dos últimos 2-3 meses e deve ser dosada de 3/3 meses ou em períodos um pouco mais longos, nos pacientes muito bem controlados.

Outro exame a realizar regularmente é o estudo lipídeo. A dosagem do colesterol, dos triglicérides, do HDL colesterol e do LDL colesterol devem ser feitos com uma regularidade dependente de cada situação clínica.

Análises de urina devem ser realizadas logo no início do diagnóstico da diabetes tipo 2 e dirigidas para a pesquisa de uma proteinúria. A dosagem da microalbuminúria permite-nos, muito precocemente, avaliar as primeiras fases de doença renal e, consequentemente, tomar atitudes terapêuticas em tempo útil.

Ao controle da pressão arterial e a vigilância oftalmológica deve ser dada uma importância muito particular desde o início do diagnóstico porque é importante não esquecer que, quando descobrimos a diabetes já muitos meses ou anos passaram desde o início da doença.

Dr. Luís Gardete Correia Diretor Clínico da APDP

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