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15/06/2011
Omega 3 na prevenção da retinopatia

A possibilidade de evitar essas doenças dos olhos com ácidos graxos ômega-3 pode oferecer uma tremenda economia de custos

O ômega-3, ácido graxo comumente encontrado no óleo de peixe, apresentou em estudos anteriores eficácia na prevenção de retinopatia, principal forma de cegueira, em um modelo de rato com a doença.

Agora, um estudo de seguimento realizado pela mesma equipe de pesquisadores do Hospital Infantil de Boston (EUA), revela exatamente como o ômega-3 fornece proteção e oferece garantias que se amplamente utilizado em drogas inibidoras da enzima COX, como aspirina e AINEs, não nega seu benefício na retinopatia e em outras doenças, como o diabetes.

A retinopatia - uma doença dos olhos causada pela proliferação de vasos sanguíneos tortuosos com vazamento na retina - é uma das principais causas de cegueira, afetando 4,1 milhão de norte-americanos com diabetes (um número que deverá duplicar nos próximos 15 anos) e muitos prematuros.

A possibilidade de evitar essas doenças dos olhos com ácidos graxos ômega-3 pode oferecer tremenda economia de custos, diz o oftalmologista infantil Lois Smith, investigador sênior no estudo. "O custo da suplementação com ômega-3 é de cerca de US$ 10 por mês, contra até US$ 4 mil por mês para a terapia anti-VEGF", diz ela, referindo-se drogas como Macugen e o Lucentis utilizados na DMRI e na retinopatia diabética.

Os ácidos gordos ômega-3, altamente concentrados na retina, muitas vezes faltam nas dietas ocidentais, que tendem a ser mais elevadas em ácidos graxos ômega-6.Em estudo anterior, os ratos alimentados com dietas ricas em ácidos graxos ômega-3 pela equipe de Smith obtiveram crescimento de vasos quase 50% menos patológicos na retina, quando comparados com camundongos alimentados com dietas ricas em õmega-6. Smith e seus colegas mostraram ainda que o ômega-3 da dieta diminuiu mensagens inflamatórias no olho.

No estudo, os pesquisadores documentaram um outro mecanismo de proteção: um efeito direto sobre o crescimento dos vasos sanguíneos (angiogênese) que, seletivamente, promove o crescimento de vasos sanguíneos saudáveis e inibe o crescimento dos vasos anormais.

Além disso, Smith e seus colegas isolaram os compostos específicos a partir de ácidos graxos ômega-3 que tem estes efeitos benéficos em camundongos (um metabólito do ômega-3 ácidos graxos DHA, conhecida como 4-HDHA), e a enzima que a produz (5 -lipoxigenase, ou 5-LOX).

Eles mostraram que as enzimas COX não estão envolvidas na quebra do ômega-3, sugerindo que a aspirina e os AINEs - tomadas por milhões de americanos - não vão interferir com ômega-3.

"Isso é importante para as pessoas com diabetes, que muitas vezes tomam aspirina para prevenir doenças cardíacas e também para pessoas idosas com a AMD, que têm uma propensão para a doença cardíaca", diz Smith.

Finalmente, o estudo demonstrou que a 5-LOX atua ativando o receptor PPAR-gama, o mesmo receptor alvo de drogas glitazona, como o Avandia, tomado por pacientes com diabetes tipo 2 para aumentar a sensibilidade à insulina.

Uma vez que essas drogas também aumentam o risco de doença cardíaca, aumentar a ingestão de ômega-3 por meio de dieta ou de suplementos pode ser um caminho mais seguro para melhorar a sensibilidade à insulina em pacientes com diabetes ou pré-diabetes. "É preciso haver um bom estudo clínico em pacientes com diabetes", concluiu Smith.