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17/08/2012
Sedentarismo

Estudiosos britânicos já consideram o sedentarismo uma pandemia .

Ninguém duvida que o sedentarismo traz prejuízos para a saúde, e isso a curto, médio e longo prazos. Pesquisas surgem a todo o momento comprovando o fato. A mais recente, publicada na revista médica britânica Lancet, estima que a falta de exercícios vem causando tantas mortes quanto o tabagismo.

Os estudiosos dizem que o problema é tão grave que deveria ser tratado com uma pandemia. Também, não é para menos: a inatividade é responsável por uma em cada dez mortes por enfermidades como problemas cardíacos, diabetes e câncer de mama ou colorretal. E mais: estima-se que um terço dos adultos não se mexam o suficiente, o que resulta na morte de 5,3 milhões de indivíduos por ano em todo o mundo.

Moisés Cohen, chefe do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp e diretor do Instituto Cohen de Ortopedia, Reabilitação e Medicina do Esporte, concorda com a gravidade da questão. “Apesar de todo o estímulo à prática da atividade física e da divulgação constante das sequelas que a falta de exercício traz, vemos que o sedentarismo chegou a níveis epidêmicos na população mundial. Não diria que é uma pandemia, mas sem dúvida podemos arriscar falando em epidemia. O ser humano tem tendência à inércia e, com as facilidades do mundo atual – carro, computador, smartphones –, a verdade é que as pessoas têm se mexido cada vez menos.”

Segundo o médico, temos que combater o sedentarismo por uma questão de saúde, e não apenas estética. “A pessoa que não se movimenta acaba sujeita lesões de toda a ordem: no sistema locomotor, atingindo músculos, ossos e cartilagens; na parte clínica, provocando doenças cardiovasculares, diabetes, colesterol alto e outros distúrbios. Hoje, levando em conta a longevidade da população, precisamos pensar em como queremos chegar aos 80, 90 anos. Para ter qualidade de vida nesta faixa etária, é imprescindível investir agora em atividade física, e de forma completa: fazendo modalidades aeróbias e anaeróbias, para beneficiar o corpo como um todo.”

No Brasil, o estilo de vida preguiçoso é o vilão de 13,2% de todas as mortes provocadas por moléstias. A solução para o sedentarismo, considerado o mal do século, é a mudança generalizada de mentalidade, defendem os pesquisadores, com amplas campanhas dos governos para alertar o público.

“A inatividade contribui para a perda da forma, o que é preocupante quando sabemos que quase metade da população brasileira – 49% – com 20 anos ou mais está com excesso de peso”, salienta Taina Cicone Bartolo, professora de musculação da Academia Competition, em São Paulo, referindo-se aos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) concluiu que o sedentarismo atinge o mesmo índice: 49% da população verde-e-amarela.

A saúde reclama

Hipertensão arterial, diabetes, aumento das taxas de colesterol e triglicérides, infarto do miocárdio, males respiratórios, osteoporose, ansiedade, obesidade e morte súbita: eis alguns dos distúrbios que podem acometer quem cultiva a inércia total. “O estilo de vida estagnado é reconhecidamente um dos maiores fatores de risco para as doenças cardiovasculares”, ressalta Vivian Fonseca, personal trainer da Clínica Alan Landecker, em São Paulo.

“Isso sem falar que a pessoa tende a sentir mais dores musculares e articulares, como cervicalgia e lombalgia, se cansa facilmente ao caminhar um quarteirão ou subir um lance de escada, pena para carregar uma sacola ou bolsa mais pesada”, completa Taina, que atribui o agravamento da tendência ao estilo de vida eletrônico moderno, em que todos estão conectados e com seus controles remotos e aparelhos ao alcance da mão.

Mas, afinal, o que classificaria alguém como sedentário? Simplesmente a falta ou a insuficiência de atividades físicas no dia a dia. Isso não significa que a pessoa, necessariamente, tenha que praticar esportes ou fazer ginástica em uma academia. Muitas ações cotidianas são válidas para que o indivíduo se livre dessa pecha, como andar até o banco, subir escadas, limpar a casa.

“Se você não dispõe de tempo, tem preguiça ou não gosta de praticar uma modalidade, é valido, sim, trocar a escada rolante e o elevador pela escada normal, descer alguns pontos de ônibus antes e caminhar, estacionar o carro longe, passear com o cachorro na rua. O importante é ser ativo, ter iniciativa, não incorporar o espírito ocioso e indolente”, diz a professora da Competition.

Tem que ser regular

E nem é preciso se esfalfar horas a fio, de segunda a segunda, para ganhar o título de indivíduo ativo. Basta mexer o corpo 30 minutos, de três a quatro vezes por semana, de forma contínua ou acumulada. Quer dizer, se você anda a pé 15 minutos de manhã e, no fim do dia, faz outra ação intensa também por 15 minutos – como limpar a casa afastando móveis, esfregando azulejo e piso e limpando vidros –, está de bom tamanho. Mas é imprescindível ter regularidade. “Quem faz ginástica esporadicamente, tipo uma vez por semana, é considerado sedentário”, adverte Vivian.

Para virar o jogo e começar de fato, a modalidade mais recomendada é a caminhada, que pode ser realizada em qualquer lugar, a qualquer hora e em qualquer nível de condicionamento. “Depois, é possível passar para a corrida – e, neste caso, vale também fazer musculação, para garantir força muscular”, indica a personal trainer.

“Pedalar, nadar, dançar, jogar bola, o importante é investir no que gosta”, diz Taina Bartolo, enfatizando que a prática deve ser vista como hábito, e não obrigação. “Da mesma forma que você acorda e escova os dentes, almoça diariamente, toma banho, trabalha – o exercício precisa ser incorporado dessa maneira. Não importa como, mas mexa-se. Dê o primeiro passo, depois ficará muito mais fácil.”

 

 

 

 

 


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