Versão para impressão

04/09/2012
O dia 7 de Setembro

Na década de 70, festejar o dia 7 de Setembro não era tarefa fácil. Mas nós estudantes do Colégio Walter Weiszflog não reclamávamos disso.
Uma semana antes já  começam os preparativos. No Colégio, na entrada e  no pátio, ouvíamos o Hino Nacional e o Hino da Independência.
O Diretor ( Jesuíno Leite) no alto da escadaria fazia um rápido discurso explicando sobre a data e todos ouviam em silêncio. Depois, em posição de sentido e ao som de um aparelho bem antigo, controlado pelo Sr.Geraldo (inspetor de alunos), cantávamos em conjunto. A bandeira do Brasil era hasteada permanecendo  ali por todo período comemorativo.
Num determinado ano, talvez em 1969 ou 1970, recebemos uma nova incumbência  associada ao evento. Nossa turma, do período matutino, fora escalada para importante missão. Fomos divididos em duplas e por uma semana, diariamente , após  o almoço, tínhamos que nos dirigir à Praça Santo Antônio onde, estrategicamente, havia uma pira olímpica (construída talvez, pela  da participação da cidade em algum campeonato esportivo).
As duplas se revezavam de hora em hora e se posicionavam como uma “guarda inglesa” ao lado desta edificação, cuja tocha permanecia acesa até o dia 7 de setembro, dia do Desfile Escolar pela cidade.
Não me lembro de mais detalhes. Lembro apenas, que  aquilo não era muito agradável. O sol em setembro era forte, sentíamos cansaço pelas aulas da manhã e permanecer imóvel na praça era muito exaustivo. Sem contar que, tínhamos um pouco de vergonha. Eu pelo menos tinha. Muitas pessoas passavam, riam e faziam piadas, nos ridicularizando.
De qualquer forma, cumpríamos a ordem escolar e respeitávamos os símbolos da Pátria com respeito  e determinação.
Quando finalmente, o grande dia comemorativo chegava, saíamos às ruas em desfile, separados por classes, escolas e idade. Não havia exceções. Do mais novo ao mais velho aluno, todos participavam. Nada justificava a ausência. Com chuva ou sol lá íamos nós, marchando pelas ruas de Caieiras. Mas era comum, alguma  criança, passar mal e até desmaiar durante o desfile . E aí  era liberada.
O desfile sempre terminava na Praça Santo Antônio, onde os palanques eram montados e preparados para as autoridades municipais, diretores e alguns professores.
Todos faziam discursos. A  bandeira também era hasteada e em seguida algumas alegorias, apresentações, danças e coral, eram apresentados para finalizar o grande festejo.
Jamais descumprimos os regulamentos determinados. Jamais contestamos as imposições que faziam parte do nosso currículo escolar.
Confesso que muitas vezes torci, pra chover forte  e não ter que desfilar. Mas sempre fazia sol. Então, torcia para que os discursos não fossem muito longos para então poder aproveitar o restinho de feriado sem ter nada o  que fazer.
Interessante é que este momento histórico, em nenhum instante nos revoltou ou nos tornou infelizes. Ao contrário, vivenciamos todas as comemorações escolares com educação, disciplina e muito sentimento patriótico. O governo  ditatorial da época, não nos incomodou e nem tão pouco nos perturbou. Focávamos  nossos pensamentos e  preocupações em tudo, menos em situação política. Não nos importavam as guerras, as agitações ou conflitos do momento. Vivíamos a música, a moda, o amor, a paquera e as grandes amizades. Fomos revolucionários sem brigar, sem nos viciar e sem desrespeitar nada e ninguém. Muito menos  o dia 7 de Setembro, marco tão  importante da história do Brasil.  
                                                                FATIMA CHIATI