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20/03/2013
A Mestra com carinho

Dificilmente alguém se esqueceu dela. Foi dedicada, culta, dona de uma peculiar intelectualidade e de um refinado o gosto pela  poesia, letras e bom vocabulário. De natureza  austera e determinada foi firme e soube impor-se diante de estudantes irreverentes  da década de 70. Sua presença na sala nos fazia tímidos e comportados, tamanha era sua altivez, sua postura enérgica. Ninguém brincava nas aulas da Prof.ª Maria Antonia Granville. Sua figura extremamente reservada não nos permitia nenhum desacato. Sua aparência sempre simples, sem adornos e sem modismos nos fazia ter a certeza de que sua proposta era unicamente ensinar. Ensinar com perfeição, sem erros, sem reticências, sem vírgulas e sem interrogações absurdas O seu  timbre de voz era  forte, convicto e certeiro explanava suas teorias de forma objetiva. No quadro negro, sua caligrafia limpa e sem rebuscamentos, gravava os mais belos textos gramaticais e literários. Sua maior qualidade era esta:  A  arte de escrever corretamente. Mas, não  só escrevia com zelo. Falava  também, com perfeição, numa pronúncia bela, nítida  e clara.
Foi justamente,  nesta época que ela me motivou a ler, rimar, declamar e mais do que tudo, a  escrever com coerência e perfeição gramatical. Ensinou-me ainda, a construir frases, a construir redações e a expressar pensamentos  sempre de forma poética e doce. Rimar, pontuar, acentuar... Ah! Quanto me ensinou!
Fecho meu olhos e ainda a vejo: Alta, magra, cabelos negros sempre amarrados  e presos em coque, os olhos grandes, as sobrancelhas fartas e  aquelas mãos alvas, movimentando,  agitadamente, os dedos finos  sem esmalte e  sem joias. Esta era  a sua maneira   de reforçar   suas regras: nos gestos  firmes, rápidos e  sempre foleando livros, provas e apostilas que lhe acompanhavam.
Ninguém da década de 70, poderia  falar de ensino ou professores sem se lembrar de Maria Antonia  Granville. A mesma, que nos chamava atenção por deslizes ortográficos ou por frases “chulas” pronunciadas na sala de aula. A mesma, que abominava gírias, chavões e que não nos permitia  usar o pronome “Mim” no meio da frase.
E com ela, eu realmente  aprendi  muito mais  sobre “mim”. O pronome  que deveria ser usado apenas no final da frase. Se eu fosse  homenagear  Maria Antonia Granville, só poderia ser recordando-me de algumas destas regras que ficaram registradas em minha memória, na minha vida e na de muitos alunos do Colégio Walter Weiszflog. Para  homenageá-la, eu teria que me curvar, agradecendo os seus ricos  conceitos em Gramática, Língua Portuguesa e Literatura , os quais me ajudam até hoje, nesta minha humilde aptidão em escrever. Para homenageá-la, eu  deveria enaltecer sua figura tradicional de Mestra regando  suas aulas, com qualidade e com a mesma  disciplina que a tornou  exemplar e inesquecível.
Mas, ela  se foi em 19.03.2012. Lutou com garra. Não se acomodou e até o último instante lapidou seu currículo intelectual e profissional. Não abandonou suas pesquisas, seus trabalhos, nem interrompeu seus projetos e sua participação  na sociedade cultural e educativa.
Por isso fará muita falta e estará sempre no rol dos Mestres inesquecíveis. Daqueles  que transformam a profissão num verdadeiro sacerdócio.
Quanto a nós, ex-alunos e amigos, resta-nos lembrar, carinhosamente,  desta  ilustre Pedagoga. Se, bons ensinamentos são eternos e se perpetuam, Maria Antonia Granville  se perpetuará. Estará presente   em  pequenas frases pronunciadas com  requinte,  em   leituras de textos  de qualidade  e  numa bela poesia apreciada  ao  cair da tarde .
Eu particularmente devo-lhe muito. O  que mais dizer agora, além é claro de :  Professora Maria Antonia Granville , tua bela  missão cumpriu-se! Obrigada por tudo!
FATIMA CHIATI
www.fatimachiati.com.br