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Pagando Caro

Pagamos caro para ter a emoção e chorar de alegria quando o nosso País sagra-se pentacampeão do mundo, e Ronaldo faz gols que o consagram, assim como para ver de perto a arte de Robinho e Diego e tantos outros solistas do futebol que tanto amamos.

Pagamos caro para morar no País que tem sol 365 dias no ano brilhando nas mais lindas praias, sobre areias em que estão deitadas eternamente as mais belas e sensuais mulheres do planeta.

Pagamos caro para ter o direito de assistir ao vivo – e participar, se quisermos – do maior espetáculo da terra, todo final de verão, no Carnaval que não tem concorrente no mundo em animação, empenho e alegria no Rio, em Olinda, Salvador, Recife e por todo o País.

Pagamos caro para morar nesta terra que tem o povo mais amigo e cordial do mundo; que recebe, une e irmana gente oriunda de qualquer outro país, raça, cor de pele, religião, pensamento ou credo, que aqui deixa de ser e ter inimigos, mesmo que seus países de origem se odeiem secularmente ou que vivam em permanente guerra.

Pagamos caro por fazer parte de um povo que só quer ser feliz, vive – apesar de tudo – feliz, mas que é ingênuo e crédulo demais para enfrentar a máquina de cobrar em que se transformou o Estado que o governa, em suas esferas federais, estaduais e municipais.

Pagamos caro ao Estado, implacável, mas sempre “bem intencionado” nos seus impostos, sempre pensando no “social”: R$ 2.723,26 por ano, 14 salários mínimos, para não ter segurança pública nas cidades ou no campo.

Pagamos caro para sermos assassinados nos semáforos e nas armadilhas preparadas nas estradas, na direção de um caminhão que transporta mercadorias, ou num seqüestro qualquer onde pagamos ou não o resgate.

Pagamos caro para ter uma escola minimamente decente para nossos filhos, e mais caro ainda se pensar que ela é paga toda vez que recolhemos impostos: educação é dever do Estado.

Pagamos caro para ter assistência médica, ou morrer nos corredores dos hospitais públicos, repletos de doentes e vazios de médicos, equipes e equipamentos.

Pagamos caro, há muitos anos, para ter uma aposentadoria decente depois de mais de trinta e tantos anos de trabalho, mas não a conseguimos se não formos partícipes da casta escolhida, e pagamos tão caro que colocamos em risco a própria estabilidade financeira do País, mas não importa: a aposentadoria de alguns milhões é sagrada e ponto.

Pagamos caro porque permitimos que gente nasça depressa demais, como já disse Dráuzio Varella, gente que, na verdade, não queria e não quer gerar tanta gente, tantos filhos, mas o faz oprimida pela ignorância e pela miséria, pela falta de conhecimento pleno dos métodos de controle da natalidade, e pela falta de caridade dos letrados e das igrejas, que desumanamente não esclarecem seu rebanho e parecem até estimular essa reprodução anárquica de gente, por aqueles que mal têm para si.

Estamos, enfim, pagando muito caro, e cada vez mais caro, aos funcionários que contratamos/elegemos, políticos e suas máquinas, para administrar, governar o País, seja no município, nos estados ou na federação, pagando sucessivamente cada vez mais impostos, mais altos, chegando em 2.002 aos 36,45% do PIB, mais um terço de tudo que produzimos, sem recíproca à altura, numa escalada que precisa parar!

Pagamos caro para ser brasileiros, porque amamos demais o Brasil.

E, por amá-lo tanto e saber que aqui é o nosso lugar, haja o que houver, queremos viver aqui, mas não que custe o que custar. Queremos que custe o justo. E queremos pagar esse justo, sim!

Mas na mesma medida que queremos que outros brasileiros que não o fazem e sonegam suas contribuições também o façam, sob pena de serem punidos, pelo menos uma vez. Onde todos pagam, todos pagam menos, é preciso lembrar.

Queremos pagar pelo justo e não mais pela incompetência, pela corrupção, pelos desvios de verbas, pelas desonestidades e pelas incúrias dos que se candidatam a ser os gestores do Estado.

Nossa Nação não pode sucumbir esmagada pelo custo exorbitante do Estado.

Agora, temos novos Governos: federais, estaduais e legislativos.


É hora de dar um basta ao desperdício das forças da Nação e baixar a carga que pesa sobre cada um, para que o país sobreviva, e para que a injustiça tributária não abale nossas esperanças no futuro. E não abale nosso amor por este País, privilegiado pela imensa bondade e boa vontade de seu povo.

O Economista