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14/02/2018
Amizade

Amizade

O que é amizade?

O que é um amigo?

A amizade pode ser definida pelo tempo de convivência?

A distancia física cessa o sentimento de amizade?

A amizade pode ser unilateral?

Amizade, sentimento ímpar.

Palavra de bela definição mas capaz de causar dor, alegria, ansiedade, precaução, medo, coragem.

A dor alheia.

A dor alheia é aquela que entra por nossos poros invadindo nossos pulmões em completo descompasso pelo que não podemos carregar do outro.

Faz cair lágrimas como simbiose de íris de ímpar pessoa que transcende as respostas satisfatórias para o desalento nascido em alma de semelhante ser.

Agonia concebida em ventre diverso, que atrelado a nosso cordão translucido faz doer a dor de distinto.

Alegria alheia.

A alegria alheia que domina nosso ser como pronome possessivo em primeira pessoa, fazendo sorrisos marotos surgirem de nossa boca como fruto da emoção gerada por sensação de contentamento brotante em lábios diferentes.

Ah! Alegria eclodida nas calçadas do vizinho tão distinto e dicotomicamente tão particular de comoção singular.

Riso que contagia sem barreiras e faz feliz a quem simplesmente ama por tal espavento chamado amizade.

Ansiedade.

Ansiedade alheia.

Esmagada no cerne, retorce e contorce estrangulando a garganta que precisa acalmar o amigo, e já dobra seus joelhos diante a inquietude que sofre o tal.

Precaução.

Precaução alheia, vista de longe e sentida de perto do porvir de quem caminha com este título cravado de “amigo seu”.

Medo.

Medo alheio.

Medo calado pelo medo do ser do lado. E não há como evitar desvencilhar que ocupe suas características intrínsecas de distintas existências unidas em consonância única.

Coragem.

Coragem alheia.

As vezes exemplo, outras o reflexo que buscamos para seguir com glamour nas preces pelo andejar do bem viver ou conviver.

Coragem que ilumina autentica necessidade de dar passos para frente.

Coragem do amigo, coragem ao amigo, coragem de amigos.

Então, o que é um amigo?

Um sevandija que consome nossa verdade privada invadindo nosso âmago com aroma de outrem?

Um ente simbiótico por excelência, apurado por questionáveis e incontestáveis razoes para dividir, multiplicar, somar, subtrair, o que por direito seria único e confidencial?

Um protagonista em teatro próprio, dito quejando de peça literária, não a ele designada?

Ou ator enamorado pela composição tragicômica de nossa narrada vida?

Amigo. Quem é você?

Que rouba minha atenção, desviando meus pensamentos para seu ser?

Que me faz sorrir e chorar por metamorfose de sua sobrevivência impregnada e consentida nos meus sóis?

Amigo. Quem é você?

Que chega arrancando sem precisar força alguma para sacar minhas vantajosas vontades ou as amarguras de minha escuridão?

Fica dentro do meu coração, pulsando o sangue que gera vida à esta cápsula material emprestada do Universo materno sem parar sua luta para ver-me sorrir e a seu lado viver.

Quem é você que amo sem razão e como num encantamento fantástico faz reluzir meus desejos físicos e emocionais?

Que amor é este que desperta com sensação de borboletas voando em minha mente, fazendo acrobacias em meu corpo?

Amigo, pedaço de alma minha em corpo alheio, pedaço de alma alheia em corpo meu.

E amar torna-se tão simples e prioritário como saber que ai, aqui em mim está e sempre estará.

Convivência? Não. Não é ela a senhora desta energia ardente. Não é esta intimidade material que baliza os espaços de tamanha extensão do nosso sentir.

Por que?

Porque simplesmente ama ser parte, e não se faz necessário que para ser parte de outra alma, a coexistência tenha importância precursora.

Sem embargo esta fraternidade alaga os dias, quando assim possível.

E se o amigo partir, este afeto morrerá da miséria de sua ausência?

Não. Amizade é bipartida, é transcendental, é pujante, incorruptível pelos trajetos paralelos, sinuosos, perpendiculares.

Não é pudente.

É eterna na imensidão de sua significância divina. Existe sem lapso espacial ou temporal, porque traduz o mais límpido que há entre compatrícios.

Unilateral?

Ahhhhh! Posso amar te amigo mas a amizade unilateral não faz jus ao seu significado em seu conceito de gloria santa.

Quiçá pudesse ser, e a ilusão seria menos pesarosa.

E se assim fosse factível : que alegria dos que se dedicam ao dar- -se incontidamente.

Mas então, tudo escrito sobre beleza ingênua desta demonstração cativante cairia no rio das “não verdades”!

E já não mais seria amizade por convicta falta de declaração precisa, o qual se apoiaria em prantos e esmolas inconciliáveis com AMIZADE.

Amigo, amo porque amo, sem façanha, amo porque amo, e assim levo o peito dançando na rima de um poema chamado amizade.

 

DANIELE DE CÁSSIA ROTUNDO