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15/02/2018
Hanseníase tem cura

Ministério da Saúde fecha o cerco à hanseníase

Mais de 25 000 casos da doença foram registrados no Brasil em 2016. A doença tem cura, e o tratamento é gratuito e ofertado pelo SUS

A hanseníase é uma das doenças mais antigas que afligem a humanidade. Os primeiros registros da bactéria Mycobacterium leprae datam de mais de 4 000 anos na China, na Índia e no Egito. Apesar do avanço da medicina, a doença segue como problema de saúde pública importante em todo o mundo até os dias de hoje.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 215 000 casos novos de hanseníase foram reportados em 143 países no ano de 2016. O Brasil, com 25 218 casos novos registrados, ocupa a segunda posição no ranking mundial, atrás apenas da Índia.

Ainda alvo de estigma e discriminação por parte da população, a hanseníase foi identificada em 1873 pelo médico norueguês Gerhard Armauer Hansen, mas os primeiros tratamentos surgiram somente nos anos 1940. Antes disso, acreditava-se que a única forma de enfrentar a enfermidade era por meio do isolamento dos doentes.

“A partir de 1980 foi introduzida a poliquimioterapia – PQT, uma associação de até três antibióticos, altamente eficaz e que proporciona a cura da doença, desde que o tratamento seja feito de forma correta e regular”, afirma Egon Daxbacher, coordenador do Departamento de Hanseníase da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Apesar de ser uma doença da pele, ela é contraída pelas vias respiratórias, geralmente por meio de gotículas que saem do nariz ou da saliva do doente – é necessário, no entanto, um contato próximo e prolongado com o enfermo. “Ainda assim, cerca de 90% das pessoas que entram em contato com a bactéria não adoecem. Mas é preciso atenção, já que se trata de uma doença silenciosa.

As manchas não ardem, não coçam e não doem”, diz Daxbacher. De acordo com o especialista, os primeiros sinais surgem em forma de manchas avermelhadas ou mais claras do que o tom da pele, que ficam dormentes e com alteração da sensibilidade ao calor, frio ou toque, além de caroços e inchaços pelo corpo. Em um estágio mais avançado, a doença acomete os nervos e pode causar formigamento, sensação de choque, dormência e fraqueza muscular.

Hora da virada

No Brasil, a taxa de detecção geral da hanseníase, em 2016, foi de 12,23 casos por 100 000 habitantes, considerada alta conforme os parâmetros do Ministério da Saúde. Há registro da enfermidade em todo o território nacional. Em 2016, 2 885 municípios detectaram novos casos da doença. Dessas cidades, 591 identificaram 1 696 em menores de 15 anos.

Com o objetivo de realizar o diagnóstico precoce e iniciar o tratamento o mais cedo possível na população com menos de 15 anos, o Ministério da Saúde tem intensificado a busca ativa de casos em escolares de 5 a 14 anos matriculados na rede pública do ensino fundamental.

Desde 2013, é promovida a Campanha Nacional de Hanseníase, Verminoses e Tracoma, uma ação anual realizada em cidades com maior vulnerabilidade social e elevado risco de transmissão das doenças. Nas quatro edições da campanha, foram identificados 1 070 casos novos entre os alunos, além de outros 142 em seus contatos.

Outra ação importante do Ministério da Saúde em parceria com estados, municípios, movimentos sociais e sociedade civil é a Campanha do Dia Mundial de Luta contra a Hanseníase, que tem como um dos objetivos alertar a população sobre os sinais e sintomas da doença e estimular a procura pelos serviços de saúde, também conhecida como Janeiro Roxo. Em 2018, a campanha tem como slogan “Hanseníase. Identificou. Tratou. Curou.”

Tratamento

No Brasil, o tratamento é fornecido de maneira gratuita pelo SUS, em unidades públicas de saúde, com a poliquimioterapia (PQT), uma associação de até três antibióticos.

Somente em 2016, foram mais de 5 300 internações por complicações da doença. “É importante que todos aqueles que tiveram contato próximo e prolongado com algum doente de hanseníase também procurem uma unidade de saúde para que sejam examinados e iniciem o tratamento imediatamente em caso de confirmação do diagnóstico”, completa Egon Daxbacher, da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

MAIS INFORMAÇÕES

A hanseníase é uma doença infecciosa causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, um tipo de bactéria transmissível de pessoa para pessoa. A hanseníase também conhecida como lepra, morfeia, mal de Hansen ou mal de Lázaro.

O mal de Hansen é uma das doenças mais antigas da humanidade, havendo descrições suas com mais de 3000 anos. O nome lepra sido evitado devido ao estigma de uma doença deformante, contagiosa e incurável que a doença carrega.

Felizmente, desde a segunda metade do século XX, com a introdução do coquetel de drogas para hanseníase, a imagem histórica da lepra não corresponde mais a realidade. Para se ter ideia da mudança na história natural da hanseníase, em 1985 ainda existiam 5,4 milhões de casos em todo mundo; 20 anos depois, o número de pessoas contaminadas já havia caído para pouco mais de 200 mil.

Atualmente, 90% dos casos de lepra estão restritos a 11 países. As 6 nações com mais casos registrados são: Brasil, Índia, Madagascar, Moçambique, Miamar e Nepal.

TRANSMISSÃO DA HANSENÍASE

O modo exato de transmissão da hanseníase ainda não foi identificado. Atualmente acredita-se que seja pela via respiratória, semelhante ao que ocorre na tuberculose, que também é causada por uma micobactéria (leia: SINTOMAS DE TUBERCULOSE). As secreções respiratórias, principalmente nasais, carregam uma grande número de bactérias. A transmissão pode ser por tosse, espirro ou perdigotos da fala.

Acredita-se também que possa haver transmissão pela pele através das feridas, e por contato com alguns animais que também carregam a micobactéria, como o tatu, por exemplo.

É importante destacar que a hanseníase não é transmitida com tanta facilidade como infecções respiratórias comuns tipo gripes e resfriados (leia: DIFERENÇAS ENTRE GRIPE E RESFRIADO). É necessário contato íntimo e prolongado que só ocorre em pessoas que moram na mesma casa. Contato esporádico com pessoas contaminadas apresenta risco insignificante de contágio.

O tempo de incubação, ou seja, da contaminação até o surgimento dos sintomas, é em média de 2 a 5 anos. Portanto, uma doença de evolução extremamente lenta.

Outro fato importante de ser destacado é que mais de 90% da população é naturalmente resistente ao bacilo da lepra. Mesmo sendo contaminado, a imensa maioria das pessoas irá se curar sozinha sem necessidade de atendimento médico.

Portanto, a antiga prática de isolar compulsoriamente doentes com lepra e evitar seu contato com a população era apenas uma prática discriminatória causada pela ignorância.

SINTOMAS DA HANSENÍASE

A hanseníase se manifesta principalmente acometendo a pele e os nervos. A lesão típica é uma mancha hipopigmentada (mais clara que a pele) associada a perda de sensibilidade no local.

A hanseníase é classificada de acordo com a resposta do nosso organismo à presença do bacilo.

– Hanseníase indeterminada: É aquela que apresenta uma lesão única e evolui para cura espontaneamente na maioria dos casos. São 90% dos casos.

– Hanseníase paucibacilar ou tuberculoide: São os pacientes com 5 ou menos lesões de pele, onde não se consegue detectar a bactéria quando se retira amostras da lesões. São pacientes que apresentam resposta imune parcial ao bacilo. Não conseguem destruí-lo, mas também não o deixam se alastrar pelo corpo.

– Hanseníase multibacilar ou lepromatosa: É a forma mais grave. Pacientes apresenta-se com 6 ou mais lesões de pele, com amostras positivas para o bacilo de Hansen. São doentes com sistema imune ineficaz contra a bactéria.

Lepra

Nas formas indeterminadas e paucibacilar as lesões são hipopigmentadas ou avermelhadas com bordas levemente elevadas.

A forma multibacilar, como já explicado, ocorre naqueles pacientes que apresentam o sistema imune incapaz de controlar a proliferação do bacilo da lepra. Formam-se várias lesões avermelhadas, elevadas, e, em casos mais graves, em forma de nódulos que podem ser deformantes. É muito comum o acometimento do lobo das orelhas e do cotovelo.

Uma característica de todas as lesões da hanseníase é a perda da sensibilidade. No início a dormência é restrita a lesão, mas se não tratada pode destruir nervos levando a perda completa da sensibilidade e paralisia nos membros e face.

A falta de sensibilidade nos membros faz que o paciente perca a capacidade de sentir dor, o seu principal mecanismo de alerta para agressões. Com isso, é possível que ocorram mutilações, principalmente nas extremidades, por lesões repetidas que não são percebidas pelos doentes. O paciente não sente queimaduras, cortes nem traumas nos locais onde os nervos foram destruídos pela hanseníase.

DIAGNÓSTICO DA HANSENÍASE

O diagnóstico é feito clinicamente e laboratorialmente. Um dos exames físicos que pode ser feito é testar a sensibilidade para temperatura com 2 tubos de vidro. Um com água fria e outro com água quente. A sensibilidade tátil pode ser testada com um fina mecha de algodão e a sensibilidade para para dor com a ponta de uma caneta esferográfica.

Amostras das lesões de pele podem demonstrar a presença do bacilo nas formas multibacilares. A ausência de bacilos nas lesões descarta a forma multibacilar, mas não a forma paucibacilar.

TRATAMENTO DA HANSENÍASE

A hanseníase tem cura. As primeiras drogas efetivas surgiram na década de 1940. Desde então, o tratamento tem ficado cada vez mais eficaz.

O tratamento com o coquetel de drogas, chamado de poliquimioterapia (PQT) consiste no uso conjunto de Rifampicina, Dapsona e Clofazimina.

O esquema terapêutico varia de acordo com o tipo de hanseníase:

1) Tratamento para hanseníase paucibacilar

Rifampicina 1 vez por mês + Dapsona 1 vez por dia por 6 meses.

São fornecidas 6 cartelas com os medicamentos. Uma vez por mês o paciente precisa se encaminhar ao posto de saúde para tomar a dose mensal da rifampicina e pelo menos uma da dapsona sob supervisão médica.

2) Tratamento para hanseníase multibacilar

Rifampicina 1 vez por mês + Clofazimina 1 vez por dia + Dapsona 1 vez por dia por 12 meses.

São fornecidas 12 cartelas, e do mesmo modo, 1 vez por mês uma dose de rifampicina + Clofazimina + Dapsona é feita sob supervisão no posto de saúde.

A vacina BCG, a mesma usada para tuberculose, também parece oferecer proteção parcial contra a hanseníase. Por isso, indica-se a sua utilização em todos as pessoas que dividam o mesmo domicilio de um paciente portador da doença.

Acredita-se que após o início do tratamento o paciente contaminado já não seja mais capaz de transmitir a doença.

Um dos grandes problemas do tratamento da hanseníase é a alta taxa de reações as drogas, que pode ocorrer em até 25% dos casos.

Fontes:

Ministério da Saúde

www.veja.com.br

www.mdsaude.com

N.R. Jesus curava os leprosos com as mãos, como a mais de 2000 anos ele não tem sido visto, se você suspeitar que está com Hanseníase é melhor procurar um médico ou  posto de saúde urgente.

 


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