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24/05/2018
Abrindo o Baú...

Às vezes, é como se a vida desse uma pausa e nós ficássemos meio que suspensos no etéreo...

Os sentidos de direção, de percepção, todos ficam comprometidos e é nesse momento que por uma razão ou outra, damos um “tempo” no mundo real, e partimos para a “ficção...”

Abrimos o Baú... aquele velho e empoeirado baú das lembranças que geralmente colocamos bem escondido lá em baixo da cama de nossos pensamentos.

E é tão reconfortante darmos essa parada no tempo, voltarmos, deixando as imagens passando em nossos pensamentos...Doces lembranças, de quando tão jovens, a luz da ilusão brilhava em torno de nossa aura e era tão forte que parecia que nada e ninguém conseguiria apaga-la.

Ah, como é bom lembrar como fomos puros de coração, como acreditávamos que o bem era a maior força e que a maldade humana era rara como um trevo de quatro folhas.

Assim, ela vai tirando aos poucos as lembranças de dentro do velho e querido baú e elas são tão fortes que criam corpo... Aquele vestido azul turquesa ainda esta aqui? Olhem essas lindas borboletas coloridas, na maioria de cor lilás, vejam como elas batem suavemente suas asas transparentes para esvair-se o pó do tempo que ali se depositou. As belas flores que voam, sempre foi assim que ela as chamou as borboletas que carregaram seus sonhos, suas ilusões e esperanças.

Aqui está também o véu...aquele que ela queria usar no casamento dos seus sonhos, ele ainda tem o brilho das estrelas que nele foram bordadas uma a uma simbolizando todos os anos de pura magia e amor que ela sonhou viver...

Mais em baixo, embrulhado em papel de seda azul, amarrado com uma fita de cetim está ele...

“O Vestido de Noiva”, lindo suave todo em renda bordada, tem as costas nuas, em formato de coração, para que todos vissem que naquele momento tudo era só amor...

Tinha também o sapato, todo forrado de cetim.

Tudo estava ali guardado, com amor e cuidado muito perfumado com as flores de jasmim.

Ali tem muita coisa guardada, os sonhos da criança e da mocinha.

E quando saímos do prumo, esquecemos de pronto o que somos, é muito bom dar uma fugida, abrirmos o baú das lembranças da saudade, para que quando voltarmos para a realidade, venhamos ainda com aquele restinho das coisas boas que só são vividas quando ainda somos embalados pela força da ilusão.

Agora, vamos fecha-lo de novo, a vida se apresenta como ela é de verdade no momento: Nem boa de tudo, mas também não má de tudo, apenas a vida de cada dia, sem muitos sonhos, com mais realidades, pois afinal, nem fica bem para uma velha senhora, ficar deixando as borboletas voando demais em sua volta fazendo a levitar e a tirando do chão da verdade.

Mesmo porque esses sonhos ela sonhou sozinha...

Girando a chave ela o tranca, talvez para sempre, pois afinal, o tempo...ah esse não lhe deram mais!

Selma Esteticista