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09/01/2020
Tsunamis, o poder destrutivo

Em 26 de dezembro de 2019, a maior catástrofe natural deste milênio completou 15 anos. Foi um dos maiores tsunamis de tempos recentes. Impossível não relembrar. Nessa data, em 2004, um terremoto de grande magnitude (9,1 na escala Richter) abalou o mar no norte da Indonésia e boa parte do Sudeste Asiático. No horário local, faltavam alguns minutos para as 8h da manhã quando tudo começou. Bastaram cerca de duas horas para ondas gigantescas e em alta velocidade inundarem milhares de quilômetros de regiões costeiras do Oceano Índico. Era um tsunami.

Ele atingiu dez países e matou mais de 230 mil pessoas, principalmente na Indonésia. Estimativas apontam que esse tsunami afetou a vida de mais de 300 mil pessoas. Entre as dez piores catástrofes naturais listadas no site Aventuras na História, três são tsunamis. Com 40% da população mundial vivendo em áreas litorâneas, é preciso conhecer o fenômeno e seu poder devastador.

Tsunamis, imensas ondas oceânicas

Tsunamis ou tsunâmi – as duas grafias estão corretas – são definidos como imensas ondas oceânicas. Podem ser causados por terremotos, atividades vulcânicas e movimentação abrupta de grandes sedimentos ou blocos de gelo no mar. Os tsunamis podem ser decorrentes ainda de explosões submarinas, como testes nucleares. Esses eventos geram muita energia, provocando o deslocamento de volumes assombrosos de água.

As ondas podem medir entre 10 e 500 quilômetros de comprimento. Podem se deslocar em velocidade superior a 800 quilômetros por hora. E chegarem a mais de 500 metros de altura. A maioria dos tsunamis mais poderosos, entretanto, tem entre 10 e 20 metros. O pior tsunami da história em tamanho mediu 524 metros de altura. Ele aconteceu em 1958, na Baía Lituya, Alasca, Estados Unidos. Ou seja, “a força de um tsunami ocorre em razão de sua amplitude e velocidade”, diz o site Só Geografia.

Terremotos, principais causadores de tsunamis

Os maremotos, como também podem ser denominados os terremotos no mar, são as principais causas de tsunamis. O maremoto é causado por movimentação e choque entre placas tectônicas no fundo dos mares e oceanos. A crosta terrestre é formada por placas tectônicas. As principais somam 14, mas existem outras 38 de menor dimensão.

Quando elas se chocam, liberam uma energia poderosa, soerguendo as águas oceânicas, explica o site Mundo Educação. Essa agitação gera ondas enérgicas. De acordo com a velocidade de propagação, elas tornam-se tsunamis. Quando se aproximam da terra, normalmente, os tsunamis perdem velocidade. Mas as ondas ficam mais altas, o que as tornam tão destruidoras.

Tsunamis, mais comuns no Pacífico e Índico

Tsunamis são mais comuns nos oceanos Pacífico e Índico. Porém, o Atlântico não está livre deles. Um de grande escala atingiu Lisboa, Portugal, em 1755. Foi tão devastador que as ondas atravessaram o Atlântico e chegaram à costa das Américas. Incluindo o litoral nordestino brasileiro, onde causou duas mortes, como se verá mais adiante. Esse é o raro registro do fenômeno no País.

A ausência de falhas geológicas importantes é um dos principais motivos para o Brasil usufruir, digamos assim, de águas mais calmas. É o que afirmam os especialistas. Além, é claro, de estar longe de zonas de atrito das placas tectônicas mais importantes. Outro alívio para a costa brasileira é a inexistência de vulcões muito próximos.

Tsunamis e maremotos no Brasil

O único que traria perigo ao Brasil é um vulcão nas ilhas Canárias, no Atlântico. Esse vulcão “poderia causar um desmoronamento que, por sua vez, geraria um tsunami de 9 m no oceano Atlântico”, atingindo o País, informa o Terra. A afirmação é de um estudo produzido na Universidade College London, do Reino Unido, em 2005. Mas o professor George Sand afirma que ele chegaria fraco ao Brasil, apenas uma onda com alguns centímetros de altura. Sand é do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UNB).

Há dados históricos, entretanto, de um maremoto que devastou São Vicente, no litoral paulista, em 1532. Foi tão forte que aterrou o porto. O que forçou sua mudança para um novo local, a vizinha cidade de Santos, segundo o site Aventuras na História. Por isso, é bom não comemorar. O Brasil já viveu essas experiências e a história registra a ocorrência de tsunamis transoceânicos ou teletsunamis. Ou seja, são tão poderosos que podem atravessar oceanos.

Tsunami transoceânico, 36 mil mortos

Um dos tsunamis transoceânicos mais conhecidos é o que foi provocado pela erupção do vulcão Krakatoa, na Indonésia também, em 26 de agosto de 1883. O site MegaCurioso informa que o tsunami que se seguiu após a explosão chegou a 40 metros de altura. Ele atravessou o oceano Índico, passou pelo Pacífico até chegar à costa dos Estados Unidos e da América do Sul. Juntas, as catástrofes, principalmente o tsunami, destruíram metade da região. E deixaram mais de 36 mil mortos em Java e Sumatra.

Contra os tsunamis, a proteção dos mangues

Como Mar Sem Fim já mostrou, os manguezais são uma proteção natural ao impacto de tsunamis na área continental. Eles diminuem a força das águas quando atingem as regiões costeiras, além de conter a erosão comum nessas áreas. Durante o tsunami de 2004 na Indonésia, os impactos foram menores onde havia mangues. As árvores, além da vegetação típica dos manguezais, dissipam a energia das ondas gigantes.

Claro, os mangues sofrem também os efeitos dos tsunamis, mas em proporção bem menor. Calcula-se que “30 mil hectares de mangues sucumbiram durante o tsunami” na Indonésia, em 2004. Mas salvaram “muitas vidas ao dar proteção aos que viviam atrás deles.” A lembrança é do site OperaMundi ao anunciar um grande projeto de reabilitação desses ecossistemas costeiros, após o tsunami.

Mangue reduz até 90% do impacto

Foram plantadas quase dois milhões de mudas de árvores típicas de mangues na recuperação da Indonésia. “Apenas 100 metros de mangues fechados já poderiam reduzir a energia destrutiva de um tsunami em 90%”, diz a publicação. Ela se baseou em estudos citados por Daniel Alongi, do Instituto Australiano de Ciência Marinha, de Queensland, Austrália.

Conheça alguns dos mais destrutivos tsunamis da história

A palavra tsunami tem origem na língua japonesa. É o termo “onda de porto”: tsu significa porto e nami, onda. Talvez a palavra tenha ocupado espaço nos dicionários das demais línguas, incluindo a portuguesa, porque tsunamis são realmente mais frequentes no Pacífico, como já apontamos. E não nos esqueçamos que um dos mais destrutivos foi o que provocou o desastre de Fukushima. Abaixo alguns tsunamis que marcaram a história. Seja pelo número de vítimas ou pela força devastadora das ondas. Mas são apenas alguns mesmo, pois a história registra perto de 200 catástrofes desse tipo. Alguns ganham força e a perdem nos próprios oceanos, sem alcançar as regiões costeiras.

Lisboa – Portugal

Lisboa, capital de Portugal, e várias cidades do país foram devastadas por um terremoto no mar seguido de um tsunami, em 1 de novembro de 1755. O tremor alcançou 8,7 pontos na escala Richter. As ondas atingiram mais de 6 metros de altura. Mataram quase 100 mil pessoas na região e fizeram duas vítimas no Brasil. Quem conta essa história de o tsunami ter chegado ao Brasil é o geólogo Alberto Veloso. Ele a detalha no livro Tremeu a Europa e o Brasil Também (Chiado Editora).

O livro é baseado em pesquisas no Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa. Ele contém correspondências entre a corte e a colônia, relatando o evento. A partir de cálculos próprios, Veloso estima que o tsunami atravessou o Atlântico a velocidade média de 800 km por hora. Chegou às capitanias da Paraíba, Pernambuco, Bahia e possivelmente no Rio de Janeiro em cerca de sete horas. E com a mesma potência das ondas. O tsunami atingiu em torno de mil quilômetros de costa e avançou até seis quilômetros terra adentro. Um dos documentos pesquisados indica que um casal morreu em Tamandaré, Pernambuco.

Baía Lituya – Alasca (EUA)

A maior onda do mundo da qual se tem notícia aconteceu em 9 de julho de 1958, na Baía de Lituya, no Alasca (EUA), diz o site Super Interessante. Tudo começou com um terremoto, que atingiu entre 7,9 e 8,3 pontos na escala Richter. O abalo foi sentido numa área de 400 mil km². E fez com que cerca de “30 milhões de m³ de terra e pedras fossem lançados no mar. O impacto dessa massa na água levantou um vagalhão de 524 m de altura! O tsunami campeão ganha fácil do Empire State, prédio em Nova York com 443 metros. A sorte é que esse desastre atingiu uma área desabitada”. No entanto, arrasou a vegetação local.

Sudeste Asiático – Indonésia

Em 26 de dezembro de 2004, aconteceu um terremoto de grande magnitude no norte do mar da Indonésia, em frente a Sumatra. Ele foi seguido por um tsunami, que atingiu dez países do Sudeste asiático. O maremoto se propagou por milhares de quilômetros, chegando às Maldivas e Somália. Na província indonésia de Aceh, o nível da água ultrapassou os 30 metros de altura. Aproximadamente 300 mil pessoas foram afetadas. E esse tsunami matou mais de 230 mil pessoas.

Krakatoa – Indonésia

Provocado pela erupção do extinto vulcão Krakatoa, esse tsunami é classificado como transoceânico. Atravessou o oceano Índico, passou pelo Pacífico e alcançou a costa de Estados Unidos e América do Sul. A catástrofe, com ondas de 40 metros de altura, foi em 26 de agosto de 1883. Esse tsunami deixou mais de 36 mil mortos, a maioria em Java e Sumatra. Com a explosão, Krakatoa se desintegrou, mas produziu três filhotes – novos vulcões. Eles estão crescendo tão poderosos quanto o pai e um deles já causou um tsunami com vítimas fatais (saiba mais adiante).

Java – Indonésia

Novamente foi um tremor submarino de 7,7 na escala Richter o responsável pelo tsunami que atingiu Java, na Indonésia. A catástrofe aconteceu em 17 de julho de 2006, apenas dois anos após aquele que ceifou a vida de 230 mil no Sudeste asiático. O tsunami destruiu, principalmente, a costa sul da ilha. Matou 654 pessoas.

Ilhas Salomão

A pequena nação localizada no sul do Pacífico perdeu 13 povoados costeiros quando foi atingida por um tsunami em 2 de abril de 2007. A catástrofe também foi causada por um tremor de magnitude 8. Mais de 50 pessoas morreram em decorrência do tsunami.

Samoa

O país formado por ilhas na Polinésia foi atingido por um tsunami poderoso em 29 de setembro de 2009. A origem também é um terremoto, desta vez de magnitude 8. Mais de 190 pessoas morreram nas ilhas Samoa, Tonga e na Samoa americana.

Maule – Chile

Em 27 de fevereiro de 2010, um tremor de 8,8 na escala Richter causou um tsunami no centro-sul do Chile. As catástrofes naturais deixaram mais de 800 mortos, especialmente na região de Maule.

Ilhas Mentawai – Indonésia

Em 25 de outubro de 2010, um terremoto de magnitude 7,7 causou um tsunami que devastou o arquipélago de Mentawai, localizado em frente a Sumatra, na Indonésia. Mais de 400 pessoas morreram na região em decorrência das catástrofes.

Costa Nordeste – Japão

Um terremoto de magnitude 9 provocou um tsunami que inundou várias cidades da costa Nordeste do Japão, em 11 de março de 2011. Os acidentes deixaram mais de 15,8 mil mortos, 2,5 mil pessoas desaparecidas e mais de 6 mil feridos. O tsunami provocou ainda um dos piores acidentes nucleares da história, em Fukushima. Ao lado de Chernobyl, na Ucrânia, Fukushima lidera a lista de acidentes nucleares mais graves, com classificação 7. É o nível máximo da escala da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea).

Palu e Sunda – Indonésia

No ano de 2018, a Indonésia também foi um dos países mais castigados por catástrofes naturais. Entre as piores, estão as que ocorreram nas regiões de Palu e Sunda. Um terremoto de 7,5 graus seguido por um tsunami deixou mais de 2,2 mil mortos e milhares de desaparecidos em Palu, na ilha Céleres. O desastre aconteceu em 28 de setembro. Em 22 de dezembro, a erupção do vulcão Anak Krakatoa, no estreito de Sunda, provocou novo tsunami. Saldo: 430 mortos, 1.495 feridos e 159 pessoas desaparecidas. O Anak Krakatoa é um dos filhotes do Krakatoa. Mas já é considerado com potencial mais mortal que o do pai.

Fontes: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/materia-as-10-piores-catastrofes-naturais-da-historia.phtml; https://www.sogeografia.com.br/Curiosidades/content3.php; https://brasilescola.uol.com.br/geografia/tectonica-placas.htm; https://www.bbc.com/portuguese/internacional-50919924; https://escola.britannica.com.br/artigo/tsunami/482714; https://operamundi.uol.com.br/samuel/38911/dez-anos-apos-tragedia-sobreviventes-restauram-mangues-na-indonesia-para-se-proteger-de-novos-tsunamis; https://www.megacurioso.com.br/educacao/111768-ha-126-anos-a-erupcao-do-vulcao-krakatoa-mudou-o-mundo-e-deixou-filhos.htm; https://super.abril.com.br/mundo-estranho/qual-foi-o-maior-tsunami-da-historia/; http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/03/os-principais-tsunamis-no-mundo-nos-ultimos-anos.html; http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2018-12/terremoto-de-61-graus-atinge-indonesia-uma-semana-depois-de-tsunami; https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/29/videos/1538211109_417801.html; https://veja.abril.com.br/mundo/indonesia-teve-dez-eventos-sismicos-com-vitimas-em-2018/; https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2018/12/24/interna_internacional,1015854/principais-tsunamis-no-mundo-desde-2004.shtml; https://brasilescola.uol.com.br/geografia/tsunamis-no-brasil-possibilidade-ou-lenda.htmhttps://www.terra.com.br/noticias/educacao/voce-sabia/existe-a-possibilidade-de-um-tsunami-atingir-o-brasil,0d08c087e60ea310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html.

 

 

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