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03/12/2020
A solidão difícil

Quando o se estiver consigo mesmo inspira bons pensamentos e também o não tê-los trás tranquilidade. Nesses estados de ser se evita qualquer aborrecimento. Não se deve deixar que pensamentos intrusos invadam a mente nesses momentos em que se sente paz. Intrusas são as lembranças que surgem sem avisar, sem pedir licença e desviam a atenção da mente que perde aquela feliz ausência momentânea de preocupações. As lembranças que são invasoras também são aquelas que nos trazem na mente rostos de pessoas conhecidas. E elas mesmo que sejam queridas, nos atrapalham nos momentos em que queremos ficar a sós conosco mesmos.

Nestes dias de tantas comunicações desnecessárias que até abarrotam a mente é muito difícil se isolar. Parece que ninguém mais consegue ser si mesmo diante de tantas intervenções pueris e triviais que são provenientes de pessoas muito bem intencionadas e que tanto nos querem bem (risos). Aquelas que “não nos querem bem”, não se comunicam conosco favorecendo assim aquela tão benvinda e divina solidão opcional que nos afasta desse tumulto em que está a vida cotidiana desta época ruidosa.

Entretanto, parece que hoje em dia existem muitas pessoas que adoram conversar e muito falam e falam sem dizer nada (risos). Seus ouvintes até que podem ser considerados como sendo heróis da tolerância se não forem faladores iguais. Hoje em dia é difícil ficar livre daqueles que sempre têm “coisas” para falar. Coisas que se somam com as coisas que eles já têm em suas cabeças e coisas sempre serão coisas, todas aquelas coisas que só ocupam espaço no cérebro e que ficam de prontidão para serem transferidas para outros. A solidão opcional para se poder existir sem as trivialidades e obviedades alheias está cada vez mais difícil.

 

Altino Olimpio