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22/04/2021
Todos saem do povo mas depois...

Minha tataravó sempre me dizia: Menino, um é bom, dois é melhor e três é demais. Coitada, ela não viveu até esta época para saber da quantidade de deputados que se confundem no Congresso, no Senado e até na quantidade de ministros que se confundem do Supremo Tribunal Federal. Aqui vale lembrar-se de uma brincadeira que é muito séria. Participei uma vez de uma reunião de um grupo que tinha por objetivo ensinar ou esclarecer dúvidas sobre a Bíblia. Aquele que estava “dirigindo” aquela reunião propôs uma brincadeira que ao fim se resumia em como fatos ou situações seriam distorcidas perdendo até as suas qualidades do início.

Foi citada uma frase de um fato, da qual não me lembro qual foi, e a brincadeira consistia de um passá-la para outro que estava sentado ao seu lado e assim sucessivamente até a frase chegar a ultima pessoa daquela reunião. Durante tal “trajeto” da frase ela foi sendo distorcida. Então, foi pedida a última pessoa para que ela repetisse a frase que ouviu da penúltima. Engraçado, a frase sobre o fato ou situação que a última pessoa falou para todos os que estavam presentes foi bem diferente da frase do início. Isso pode mesmo acontecer até alterando o significado de alguma situação ou de algum problema contido numa frase.

A brincadeira aqui acima foi para demonstrar que confusões e mesmo incompreensões sempre acontecem mesmo entre um grupo pequeno de pessoas. Então é fácil imaginar a confusão, a incompreensão e a distorção que possa vigorar entre a quantidade imensa de deputados. Aliás, nem é preciso imaginar, pois, a mídia sempre mostra isso para o povo que é amasiado com ela. Também tal confusão se origina da diferença de condicionamento que cada político tem. De donde eles vieram? Vieram do povo donde se sabe que tem gente que fica muito feliz quando ao pagar por uma compra recebe por engano troco a mais. As crianças “do meu tempo” também ficavam felizes quando elas corriam atrás da carroça do “bananeiro” para subtraírem algumas bananas sem ele perceber (risos).

Sendo de Estados ou regiões diferentes, tendo cultura diferente, tendo influências diferentes, condicionados a ideais diferentes, tendo interesses diferentes e etc. como pode haver harmonia entre esses políticos que possam ser dissidentes ou divergentes entre si no que aprovam ou desaprovam? E quanto aos integrantes do Supremo Tribunal Federal, eles são aqueles que também vieram do povo. Diplomaram-se e foram escolhidos como juristas, aqueles que possuem um amplo conhecimento da lei, da Constituição e amantes irredutíveis da democracia.

Serão eles infalíveis? Para se saber disso seria preciso consultar o povo brasileiro que adora opinar e fazer comentários. Entretanto, tais juristas também estão sob aquela regra da minha tataravó do um é bom, dois é melhor e três é demais. Muitas vezes eles não são unânimes em julgar. Às vezes o placar de como votam sobre um caso jurídico fica em seis a cinco. Entendimento das leis diferente, entendimento da constituição diferente, entendimento da democracia diferente, entendimento do certo ou errado diferente e assim vai (risos). Então nessas votações que terminam em seis a cinco não ouve harmonia entre eles. “Mas será que não ouve mesmo?” Será que funciona a frase “não julgueis (mal) para não seres julgado”.

Altino Olimpio