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24/12/2021
Tempos felizes e românticos

Era lá em São Paulo que se embarcava nos ônibus do Expresso Brasileiro ou Viação Cometa ou ainda no Expresso Pássaro Marrom aos fins de semana com destino às cidades do interior. Ah aquelas Praças da Matriz onde a noite elas ficavam repleta de moças e rapazes naquela emoção de encontrar alguém que lhe conquistasse o coração. As moças circulavam pela praça e no sentido contrário circulavam os rapazes e todos ficavam se flertando esperando alguém que o destino fosse escolher para namorar, noivar e se casar.

Esse romantismo existia antes que a televisão aparecesse nos lares para afastar os jovens das praças donde era o melhor entretenimento para a moçada. Muitas praças do interior eram jardinadas, tinham o coreto onde músicos locais se apresentavam com suas músicas que animavam quem estivesse na praça e parecia que estimulavam os rapazes para se aproximarem das garotas que esperavam por isso. No mais das vezes o cinema se situava na praça e antes do filme começar era agradável ver quem estava na fila para entrar e assistir ao filme.

Quando o filme terminava e se não fosse muito tarde era costume das moças darem uma volta pela praça antes de irem para as suas casas. Algumas praças do interior tinham suas fontes luminosas e sonoras. Como era bom flertar ouvindo aquelas músicas. As moças passeando juntas lado a lado ao se cruzarem com os rapazes lhes sorriam quando demonstravam que haviam se simpatizado com eles. O sorriso era um convite para eles se aproximarem delas e iniciar uma conversa que poderia ser o início de um namoro.

Muitos romances que tiveram início nos flertes daquelas praças do interior aos fins de semana terminaram em casamentos formando assim novas famílias. Tristemente a televisão com suas programações veio para pôr fim ao “footing”, nome este dado aqueles passeios nas praças das cidades do interior quando moças e rapazes poderiam se tornar namorados. Lá pelas vinte e duas horas quando as moças desapareciam da praça, isso trazia solidão pra quem escolheu  uma delas e ficou sem nenhuma e como se dizia antigamente escolheu e escolheu e ficou chupando o dedo.

O footing na Praça da Matriz na Cidade de Jundiaí foi muito famoso enquanto durou. Havia dois cinemas naquela praça e outro costume era também ir até uma confeitaria chamada de Paulicéia que ficava perto da praça para tomar café e saborear os doces que lá havia. Aquele feito com chocolate era uma delícia e se chamava bomba. Num sábado estive num apartamento bem no centro de Jundiaí, bem no centro da praça acima citada. Sai do prédio lá pelas vinte e uma horas para dar um passeio pela praça e adjacências.

Que melancolia, praça vazia só com o silêncio. Os jovens de hoje não frequentam mais as praças de suas cidades. Quando os jovens frequentavam suas praças eles tinham mais oportunidade de encontrar alguém para namorar e se casar, principalmente as moças. No progresso e na modernidade muitos costumes desaparecem e até ficam esquecidos inclusive o romantismo que existia quando as moças tinham como atração a estação de trem de suas cidadezinhas para ver quem lá desembarcava.

Altino Olimpio