Versão para impressão

06/07/2023
A traça

A traça 

São nas madrugadas sem sono que os pensamentos são mais férteis. Elas são daquele silêncio que não existe durante os dias em que os homens só fazem barulho. Gosto do silêncio das madrugadas, pois, ele é propício para que eu possa refletir. Isso afasta pensamentos outros que possam vir interromper minhas reflexões. É comum o fluxo de pensamentos inadequados surgirem quando menos queremos.  Como dizem os evoluídos, sempre é bom se estar onde se está (risos). Isto é, sempre estar no estado presente como sempre o corpo está. 

 Quando não são os pensamentos que causam distrações, pode ser algo diferente que se vê no momento de onde se está. Sendo assim vi no chão do meu quarto uma traça.  Distrai-me vendo-a se mover com dificuldade puxando o seu casulo. Meu pensamento, então, concentrou-se nela imaginando que seria um castigo a coitadinha puxar por onde fosse aquele peso de sua vida. Isso me fez lembrar do castigo sofrido pelo Caim que matou o seu irmão Abel, sendo eles filhos de Eva e Adão da Bíblia.

Também me veio no pensamento que o ser humana onde quer que ele vá, ele tem que levar o peso do seu corpo. Será que o corpo dele não é um casulo também? (Risos, risos, risos). Quanto a traça... matá-la? Nem pensar! 
Me lembrei que “tudo que vive quer viver”. Aquela traça me fez traçar estas palavras que escrevi sobre ela. Eu estava enganado se pensava que não tinha graça escrever sobre uma traça (risos). E por falar em traça, às vezes penso em como a minha vida foi traçada para o que sou e como sou hoje.

Altino Olímpio