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Jean que Ri & Jean que Chora

Personagens:

- Jean que Ri
- Jean que Chora
- Rodriguina que Ri
- Fedrina que Chora
- Prof. Ximeno

Ato I

Cena I


(Jean que chora está na direita média do palco agachado com suas bolas de gude e começa a cantar choroso)

Jean que chora - Eu não sei cantar
Eu só sei falar
Às vezes quero só chorar...

(Em seguida, Jean que ri, na esquerda baixa, em pé, para o público, feliz, começa a cantar)

Jean que ri - Eu já sei cantar
Eu também sei falar
Só quero é gargalhar

(Continuam a cantar com interpretações diferentes, Jean que chora continua melancólico; Jean que ri, na mesma canção, torna-a alegre)

Jean que chora - Fui ao tororó
Beber agua não achei
Encontrei belas morenas
Que no tororó deixei

Jean que ri - Fui ao tororó
Beber agua não achei
Encontrei belas morenas
Que no tororó bejei
Aproveita minha gente
Que esta noite não é nada
Se não cantar agora
Vai ficar de madrugada

Canta menininha
Canta menininha
Se não cantar agora
Ficará sozinha

(olha para Jean que chora e começa a conversar)

Jean que ri - Tudo bom, que chororó?!

Jean que chora – (choroso) Meu nome é Jean que chora!
Jean que ri - E meu nome é Jean que ri. Como é o nome da sua mãe, se é que você tem uma, não é?
Jean que chora – Você acha que eu sou filho de chocadeira ou de caixote de pé de filhos, é?
Jean que ri - Não! É que eu tenho um amigo que só tem o pai...
Jean que chora – Ah! Minha mãe chama Fedrina que chora.
Jean que ri - Que nome engraçado! O nome da minha mãe é Rodriguina que ri.
Jean que chora – Como é sua mãe?
Jean que ri - A minha mãe é a mãe mais linda do mundo!...
Jean que chora – A minha mãe é a mãe mais brava do mundo!...
Jean que ri - Por que ela é tão brava?
Jean que chora – Ela grita muito... Diz que vai me transformar num troféu, nem que pra isso tenha de derramar ouro quente e derretido sobre mim. A sua não é assim?
Jean que ri - Não! Minha mãe diz que temos de andar com a cabeça e de falar com o coração.
Jean que chora – Minha mãe diz que tenho de andar direito, se não vou ser castigado. Ela sempre está certa. A natureza sempre está do lado das mães.
Jean que ri - Às vezes, as mães não são justas. Às vezes elas esquecem uma coisa ou outra.
Jean que chora – Uma vez minha mãe me disse para não atravessar o pontilhão que estava meio podre. Mas ai eu fui pegar uma maçã escondido na casa do Zé dentão. Na volta, cai do pontilhão e molhei as calças. Foi castigo!

Jean que ri – Castigo nada, bobão! O pontilhão não estava de combinação com sua mãe. Você roubou a maçã e veio correndo para casa. Ai não prestou atenção na madeira podre do pontilhão e escorregou. Pronto!
Jean que chora – Você nunca foi castigado?
Jean que ri - Já, mas, às vezes, eu não aceito. Outro dia minha mãe me mandou pela terceira vez seguida comprar o leite na padaria. Eu disse a ela que não era justo, porque meu irmão não tinha ido nenhuma vez, e eu não tinha de ser burro de carga.
Jean que chora – E ela não bateu em você?
Jean que ri - Não. Ela pediu desculpa e disse que tinha esquecido; que era para eu avisar quando ela esquecer. Minha mãe é super legal!
Jean que chora – Mas a natureza pode castigar você!

(Jean que ri começa a cantar)

Eu sou Jean que ri
Não tenho medo de ir
Se você quiser brincar
Eu estou sempre aqui

Tenho jogo pra rolar
Se acha que está certo
Você está sempre certo

Eu sou Jean que ri
Não tenho medo de ir
Se você quiser brincar
Eu estou sempre aqui

Minha mãe gosta de cantar
Ela fala de liberdade e de voar
Pra gente ver a bondade e amar
Em qualquer idade saber sonhar

Eu sou Jean que ri
Não tenho medo de ir
Se você quiser brincar
Eu estou sempre aqui
(Jean que chora também canta)
Eu sou Jean que chora
E vê se não me amola
Proque eu não jogo bola
Não gosto dessa escola

A vida é uma bola de gude
Não peça que eu mude
No meu quarto escuro
Sou eu atrás do muro
Eu sou Jean que chora
E vê se não me amola
Proque eu não jogo bola
E não gosto dessa escola

Meu rosto no vidro molhado
Parece mais o gato malhado
Minha mãe manda em mim
Só escuta quando digo sim

Eu sou Jean que chora
E vê se não me amola
Proque eu não jogo bola
Não gosto dessa escola

Jean que ri - Você vai concorrer na feira de ciência?
Jean que chora – A minha mãe disse que era pra eu ganhar o prêmio, senão nunca mais eu como sobremesa. Igual quando a minha irmã mentiu pra minha mãe. Minha irmã disse que não queria fazer xixi, antes de sair pra escola. Assim que chegou na porta da escola, fez xixi nas calças, nem deu tempo de ir ao banheiro.Ai minha mãe deu o castigo nela.
Jean que ri – E se você não ganhar, vai merecer esse castigo?
Jean que chora – Ela disse que todos os filhos devem obediência às mães e que ela fica muito feliz quando se ganha um prêmio.
Jean que ri - E você não fica feliz?
Jean que chora – Não sei, mas quando a mamãe está feliz, todos ficam felizes. Quando outro alguém não está feliz, quem se importa?
Jean que ri - É certo a mãe fazer assim?
Jean que chora – Você também não foi obrigado por sua mãe?
Jean que ri – Não. Eu vou participar porque acho legal e porque eu falei que tinha tido uma idéia. Você também teve uma idéia?
Jean que chora - Minha mãe falou que eu tive uma idéia, mas eu ainda não sei qual é...
Jean que ri - Você é o garoto mais biruta que já conheci. Na minha turma que joga futebol, a gente tirou um menino do time, porque ele disse que tinha uma bola e ia levar no campo perto de casa. Não tinha bola nem levou nada. Já era. Ficou de fora. Ainda bem que não se joga com idéia, porque parece que você não tem nenhuma.

Cena II

(Nesse momento rufam os tambores, a música toca em tom festivo, porque está entrando o professor Ximeno, mestre das enquetes, qualificador dos competidores, o homem que lançará o desafio)

Prof. Ximeno – Meus caros aluninhos, muito boa tarde!
Jean que ri - Boa tarde!
Jean que chora – Boa tarde!
Prof. Ximeno – Mas muito bem! Vamos saber quem está aqui para concorrer nessa feira de ciência e ganhar o prêmio. Mas você quem é?
Jean que ri - Jean que ri.
Prof. Ximeno – Você é filho da Elke Maravilha?
Jean que ri – Não, eu sou filho da Rodriguina que ri.
Prof. Ximeno – Então na sua família todo mundo ri, ah, ah! E quantos anos você tem?
Jean que ri – 11 anos.
Prof. Ximeno – Muito bem! E você quem é?
Jean que chora – Jean que chora.
Prof. Ximeno – Então você é filho do Chororó?
Jean que chora – Não, eu sou filho da Fedrina que chora.
Prof. Ximeno – Mas eu não acerto uma, ah, ah! Bem, mas agora eu vou fazer as perguntas para saber se vocês podem ir para a fase final da feira e ganhar o prêmio. Vocês estão prontos.
Jean que ri – Eu estou pronto!
Jean que chora – Se o senhor mandar, eu respondo.

Prof. Ximeno – Então vamos para a primeira pergunta: Hipólito, uma criança muito esperta, foi buscar na cozinha um copo de água para sua mãe. Quando passava de volta com o copo cheio d´água, viu que em cima do armário tinha um monte de dinheiro. Resolveu pegar umas notas, sem pedir a sua mãe, para comprar balas. Quando foi subir na cadeira, deixou o copo cair e quebrou o copo em pedacinhos. Entenderam? Muito bem!

Na casa de Diego foi diferente. A mãe dele estava conversando com três amigas. Pediu a ele para ir até a cozinha e pegar quatro copos de água. Diego foi até a cozinha, encheu os copos, colocou na bandeja e vinha trazendo com cuidado, quando tropeçou no tapete e derrubou a bandeja. Quebrou os quatro copos e molhou toda a sala. Entenderam? Muito bem!

Então, lá vai a pergunta: quem merece um grande castigo? Entenderam? Muito bem! Então, vamos começar por Jean que chora. Qual é sua resposta?

Jean que chora – Diego tem de ter um castigo grande, porque ele quebrou mais copos. Foram quatro copos bem cheios de água, e ainda molhou a sala toda.
Prof. Ximeno – Muito bem! E você Jean que ri, qual é sua resposta?
Jean que ri – O Hipólito pode ser castigado porque ele não devia ter feito outra coisa que sua mãe pediu. Se ele não tivesse ido pegar o dinheiro escondido da mãe talvez ele não tinha se desequilibrado e derrubado o copo.
Prof. Ximeno – Muito bem! Vamos passar para outra pergunta:

A vizinha do Hipólito perguntou a ele qual o ônibus que ele pegou para ir ao Parque Ibirapuera, porque ela queria levar seu filho para brincar lá. Hipólito não gosta do filho da vizinha. Então resolveu dar o nome de outro ônibus, para dificultar as coisas. Ao invés de falar que pegou o Jd. Miriam, disse que tinha pego o Pq. São Jorge. Porém, por sorte da vizinha, este ônibus também passa no Ibirapuera. Ela e o filhinho passaram um dia agradável no parque. Entenderam? Muito bem!

No outro dia, a vizinha, que é meio desorientada, perguntou para o Diego qual a linha do metrô, a azul ou a laranja, que ele pegou para ir no parque da Cantareira. O Diego, que confunde as cores, falou que achava que era a linha azul. A coitada da vizinha pegou essa linha e foi parar longe. Ficou perdida com o seu filhinho a tarde inteira, porque lá ninguém sabia onde era esse parque. Foi uma tarde muito triste. Entenderam? Muito bem!
Então qual será o mais culpado? Muito bem! Vamos começar com Jean que ri.
Jean que ri – O Diego não teve culpa, porque ele apenas se confundiu. Ele não queria enganar a vizinha. O Hipólito é mais culpado, porque ele queria enganar a vizinha.

Prof. Ximeno – Muito bem! E você Jean que chora, qual é sua resposta?

Jean que chora – O Diego é mais culpado, porque a vizinha ficou perdida com o seu filhinho a tarde inteira. E foi uma tarde muito triste.
Prof. Ximeno – Muito bem! Vamos passar para outra coisa. Quero agora que cada um invente uma estória ou cante uma música bem legal. Entenderam? Muito bem! Vamos começar com Jean que ri.
Jean que ri – Vou cantar La Bamba.
Prof. Ximeno – Pode começar!
Jean que ri –
Intro.: C F / G F / C F /
G C F
Para bailar la bamba
G F C
Para bailar la bamba
F G
Se necesita
F C F
Una poca de gracia
G F C
Una poca de gracia
F G
Par' mi par' ti
F C F
Y arriba, y arriba
G F C
Y arriba, y arriba
F G F C
Por ti sere, por ti sere,
F G
Por ti sere.
C F
Yo no soy marinero
G F C
Yo no soy marinero
F G
Soy capitan
F C
Soy capitan
F G F
Soy capitan
C F G F
Bamba, bamba,
C F G F
Bamba, bamba,
C F G F C F
Bamba, bamba, bam...
G C F
Para bailar la bamba
G F C Para bailar la bamba
F G
Se necesita
F C F
Una poca de gracia

Prof. Ximeno – Muito bem! Palmas para ele. E você Jean que chora, o que vai fazer?
Jean que chora - Vou contar uma estória.
Prof. Ximeno – Pode começar!

Jean que chora – Era uma vez uma menina chamada Pretinha de carvão. Ela era chamada assim, porque pegava um pedaço de carvão, molhava na água e passava no rosto. Ela também pintava a boca de batom vermelho. Um dia, ela e seus sete amigos pequenininhos pegaram uma avião para ir para a Disney, porque ela queria casar com o Mickey. Mas o avião foi raptado e levado para Beto Carrero World. E a estrada estava muito ruim. Quando de repente, o Batman tirou os bandidos de dentro do avião e libertou a pretinha de carvão. Acontece que ela não tinha dinheiro para voltar para casa. Daí ela telefonou para a Vaca e o Frango, para pedir um dinheiro emprestado. Mas eles estavam de castigo, porque o frango não quis comer a torta da Vaca. Foi ai que apareceu a dona Benta e emprestou o dinheiro para ela ir para o Epcot Center. Quando ela chegou lá, foi encolhida na máquina de encolher pessoa, e quase foi comida por uma cobra gigante, mas ai o Robocop matou a cobra, e ela foi assistir o filme da Shena. A pretinha de carvão já estava morrendo de fome, mas ai ela encontrou os sete amiguinhos e foram para o Bush Gardem, para andar na motanha russa. Quando ela desceu da montanha russa estava muito cansada, tonta e com muita fome, e já tinha pouco carvão no seu rosto. Nessa hora, começou a chover e trovejar. Ela ficou toda molhada, o sapato cheio de água, e com muito frio. E caiu um raio numa árvore que estava bem perto dela. Aí, ela ficou sozinha no meio do estacionamento do parque. Foi quando o Mickey passou de carro, mas ela nem viu, porque estava toda encolhida. No fim, a mãe dela apareceu. Elas foram para casa. Lá, a mãe bateu nela e deixou de castigo, porque a Pretinha de carvão não tinha comido, tinha se molhado toda e ficado na rua. Foi assim!

Prof. Ximeno – Muito bem! Que estória interessante! Com essas performances os dois estão qualificados para o prêmio final.Agora vocês vão construir um invento. Cada um constrói o seu. Quem fizer o melhor trabalho será o vencedor! Tudo bem?

Jean que chora - Tá bem!

Jean que ri – Tudo bem!

Prof. Ximeno – Muito bem! Vocês têm um dia para montar seus inventos. Vejo vocês amanhã. Tchau!
(Black out. )

ATO II

Cena I


(Luz geral. Jean que chora está num canto dormindo com o polegar na boca. Sua mãe chega. Desperta-o e diz que tem um plano. Depois, aparecem Jean que ri e sua mãe. Trazem o material para o invento.)

Fedrina que chora – Acorda Jean que chora!
Jean que chora – Que é mãe!?
Fedrina que chora - Arranjei um jeito de você ganhar o prêmio!
Jean que chora – Eu pensei que todo mundo ia ganhar...
Fedrina que chora – Não menino. Escute! Eu contratei um cientista para fazer o invento para você. Niguém terá a menor chance, há,há,há,há!
Jean que chora – E que invento é esse?
Fedrina que chora – Maravilhoso! É uma arma paralisante.
Jean que chora – Ela faz o quê?
Fedrina que chora – Quando ela dispara, a pessoa ou o animal fica paralisado.
Jean que chora – Feito pedra, pra sempre?
Fedrina que chora – Não importa isso. O importante é que é um grande invento e você vai ganhar esse troféu, custe o que custar ou eu não me chamo Fedrina que chora!
Jean que chora – E como eu vou fazer?
Fedrina que chora – É simples! Você fica ai batendo o martelo no prego, fingindo que está trabalhando. Depois eu trago o invento já prontinho pra você.
Jean que chora – Que nem você traz comida do shopping?
Fedrina que chora – É igualzinho! Tchau, meu troféu lindo!

(Fedrina que chora sai. Entram Rodriguina que ri e Jean que ri. Cumprimentam Jean que chora. Conversam)
Rodriguina que ri – Olá, Jean que chora! Tudo bem?
Jean que chora – Tá!
Jean que ri – Já teve a idéia?
Jean que chora – Já assim quase.
Rodriguina que ri – Muito bem, vá em frente!
Jean que ri – Se precisar de alguma coisa, pode falar, tá?
Jean que chora – Tá!
Rodriguina que ri – E você, meu filho, precisa de alguma coisa?
Jean que ri – Não mãe. Tá tudo aqui comigo. Já bolei tudo na minha cabeça (sorri)
Rodriguina que ri – O que é o seu invento, filho?
Jean que ri – É uma máquina de ajudar pessoas. Você puxa esse botão, ele impulsiona a bola, que desce pelo cano e bate no carrinho, que ascende o abajour, depois bate na estaca, que abre o reservatório, que despeja a água, açúcar e refresco, que caem no copo e vira suco pronto.
Rodriguina que ri – Que interessante filhinho.Agora, tenha calma, faça o melhor que você puder fazer. Assim, você já terá conquistado o troféu no seu coração, tá bem?
Jean que ri – Eu sei, mãezinha. Pode deixar que eu vou caprichar.
Rodriguina que ri – Lembre-se de que toda competição começa dentro de nós mesmos. Se você acha que pode, com certeza você pode fazer o melhor de você.
Jean que ri – Eu já entendi mãe. Agora eu preciso me concentrar, para eu calcular tudo.
Rodriguina que ri – Tá bem, meu filho. Eu acredito em você!
Jean que ri – (beija) Tchau, mãe!
Rodriguina que ri – Tchau, filho!
Jean que ri – (canta uma marchinha, em quanto monta seu invento)
Não é de ferro
Não é de ouro
É um caninho
Revestido de couro
Desce pelo cano
Bate no carrinho
Despeja a água
Põe o posinho
Dá-me refresco
Despeja a água
Põe o açúcar
E vira suco
Não é de ferro
Não é de ouro
É um caninho
Revestido de couro
Despeja a água
Põe o posinho
Dá-me refresco
Despeja a água
Põe o açúcar
E vira suco

(Jean que chora finge que está trabalhando e canta melancólico)

Mandei fazer um barquinho
De papel de papelão
Pra buscar o velho Gui
Pra dentro do coração
Sou tão pequenininho
Do tamanho de um botão
Trago papai no bolso
E mamão no coração
Mandei fazer um barquinho
De papel de papelão
Pra buscar o velho Gui
Pra dentro do coração
Sou tão pequenininho
Do tamanho de um botão
Trago papai no bolso
E mamão no coração

( A mãe de Jean que chora entra e entrega a invenção do cientista. Jean que ri termina seu invento e se despede de Jean que chora)

Fedrina que chora – Ei, Jean que chora, pega ai a tua invenção e deixa coberta com esse pano.
Jean que chora – O que é isso?
Fedrina que chora – Lá em casa eu te explico. Pxiii, fica quieto!
Jean que ri – Eu já terminei a minha máquina. E você já terminou a sua?
Jean que chora – Minha mãe já trouxe...
Fedrina que chora – Ele quer dizer que eu já trouxe o pano para cobrir o invento..
Jean que ri – Então tá bem! Eu já vou para casa... Tchau! (vai saindo)
Fedrina que chora – É nós também vamos. Venha Jean que chora.
Jean que chora – Tá bem, mamãe!

Cena II

(Em black out, Fedrina que chora e Jean que chora entram no salão com uma lanterna na mão e sabotam a invenção de Jean que ri. Os diálogos são alternados por focos trocados de lanterna)
Fedrina que chora – Vamos Jean que chora, vamos quebrar esse invento de Jean que ri! Há,há,há,há!
Jean que chora – O que a gen te vai fazer?
Fedrina que chora – Vamos fazer essa máquina ficar sem funcionar, vamos encontrar um jeito de ela falhar.
Jean que chora – Mas por que a gente vai quebrar esse brinquedo?
Fedrina que chora – Não importa isso. O importante é que você vai ganhar esse troféu, custe o que custar ou eu não me chamo Fedrina que chora!
Jean que chora – O Jean que ri também vai ganhar o troféu?
Fedrina que chora – Não. O prêmio vai ser todo seu, ah,há, há, há, há!
Jean que chora – E por que ele não vai ganhar?
Fedrina que chora – Deixa de fazer pergunta. Anda, vamos quebrar logo isso.
Jean que chora – Acho que eu não sei fazer isso.
Fedrina que chora – Ah! Aqui está. Vou colocar uma trava nesse carrinho. Assim ele não vai andar mais, ah,há, há, há, há!
Jean que chora – Eu quero fazer xixi.
Fedrina que chora – Tá bom! Mas você vai fazer em casa. Eu já terminei, ah,há, há, há, há! Agora podemos ir. Ah,há, há, há, há!

(Depois, no proscênio esquerdo, aparece Jean que ri em casa, na esperança de ter um dia de glória, declama um poema)

Jean que ri (em pose de oração) – Amanhã vai ser um dia muito especial para mim. Acho que fiz um invento muito bom para as pessoas. Toda vez que alguém quiser um suco, pode apertar o botão da máquina e pegar o suco. É como dizem:

Uma idéia na cabeça é incrível
Ela sai no céu com o vento
Como pingo que cai lento
De uma estrela invisível

E quando eu acredito nela
Ela aterrissa na minha mão
E se acende como uma vela
Para clarear minha imaginação

É como desenhar uma flor
E plantá-la no meu jardim
Como ofertá-la por amor
E ela ter cheiro de jasmim

Vou dormir!


ATO III

Cena I


(Aparece o prof. Ximeno para as entrvistas. Chama os concorrentes e suas mães)

Prof. Ximeno – Mas muito bem! Vamos saber vai ganhar o prêmio. Que entre Jean que ri e Rodriguina que ri. Palmas! Tudo bem?
Jean que ri - Olá, professor!
Rodriguina que ri - Olá, professor!
Prof. Ximeno – Olá, meus queridos. Mas vocês estão prontos? Podemos chamar os concorrentes?
Jean que ri – Sim!
Rodriguina que ri – Sim!
Prof. Ximeno – Mas muito bem! Que entre Jean que chora e Fedrina que chora. Palmas! Tudo bem?
Jean que chora – Tudo bem!
Fedrina que chora - Tudo bem!
Prof. Ximeno – Mas muito bem! Mas vocês estão prontos?
Jean que chora – Sim!
Fedrina que chora - Sim!

Prof. Ximeno – Mas muito bem! Vamos começar com as demonstrações. Jean que ri você pode explicar essa máquina incrível?
Jean que ri – Sim, professor! É uma máquina de ajudar pessoas. Você aperta esse botão, ele impulsiona a bola, que desce pelo cano e bate no carrinho, que ascende o abajour, depois bate na estaca, que abre os reservatórios, que despejam a água, açúcar e refresco, que caem no copo e vira suco pronto.
Rodriguina que ri – Ah! Meu filho realmente está feliz!
Prof. Ximeno – Mas muito bem! Espere um pouquinho e já vamos ver essa máquina funcionar. E você, Jean que chora, você pode explicar essa máquina incrível?
Jean que chora – É uma arma paralisante. Você aperta esse gatilho e ela dispara um vento que paralisa.
Fedrina que chora - Sim! É a melhor invenção que eu já vi!
Prof. Ximeno – Mas muito bem! Vamos começar por Jean que ri. Pode começar a sua demonstração.
Jean que ri – Antes, eu quero agradecer aos meus pais pela força que eles me deram. E dizer que é muito bom ser inventor. Então, vou apertar o botão, já! ( o invento começa a funcionar, mas emperra)
Prof. Ximeno – Mas não funcionou! Esse invento precisa de melhoras.
Jean que ri – Eu não estou entendendo. Aconteceu alguma coisa errada...
Rodriguina que ri – Ah! Meu filho, concentre-se no que aconteceu. Talvez você possa melhora-lo depois. Eu estou orgulhosa de você ter tentado.
Prof. Ximeno – Vamos então ao outro invento. Jean que chora pode começar.
Jean que chora – Tá bem! Está vendo esse ratinho. Ele vai parar como uma pedra. Um, dois, três, já! (a arma dispara e paralisa o ratinho)
Prof. Ximeno – Mas funcionou! Esse invento é instantâneo!
Fedrina que chora - Sim! É a melhor invenção! Meu filho ganhou o troféu, ah,há, há, há, há!
Prof. Ximeno – Mas muito bem! Parabéns!
Rodriguina que ri – Parabéns Jean que chora, sei que você se esforçou muito!
Jean que chora – Tá bem! Mas eu só apertei o gatilho...
Fedrina que chora - Sim! Ele não é o máximo!
Jean que ri – Parabéns, Jean que chora! Esse negócio é bom para matar ratos.
Jean que chora – Tá bem!
Prof. Ximeno – Mas muito bem! Vou buscar o troféu. Volto já!

Cena II

( Jean que ri nota o entrave e refaz sua experiência. Ao pular de alegria ao ver o invento do colega funcionar, Jean que chora dispara a arma contra si e fica paralisado, mas Jean que ri consegue reverter o efeito da máquina e salva Jean que chora).
Jean que ri – Puxa vida! Entrou uma vareta bem na roda do carrinho... Por isso que ele não continuou a andar. Mas é só tirar isso daqui e colocar o carrinho de novo na posição de largada. Ai, vai dar tudo certo! ( vai colocando a seqüência em ordem)
Rodriguina que ri – Muito bem, meu filho! Fico feliz de você ter encontrado uma solução para o seu invento.
Fedrina que chora – Agora é muito tarde, ah,há, há, há, há! Meu filho já ganhou o troféu. Ele venceu, ah,há, há, há, há!
Rodriguina que ri – Claro. Estou apenas observando que nunca devemos desistir de uma idéia. A imaginação é um grande tesouro que trazemos dentro de nós.
Fedrina que chora – Agora é muito tarde, ah,há, há, há, há! Essa conversa é pra boi dormir, ah,há, há, há, há!
(aparece o prof. Ximeno com o grande troféu. Jean que ri o interpela)
Jean que ri – Prof. Ximeno, posso mostrar meu invento de novo? É que entrou uma vareta bem na roda do carrinho... Por isso que ele não continuou a andar. Mas eu tirei e coloquei o carrinho de novo na posição de largada. Posso fazer?!
Prof. Ximeno – Mas a prova já passou e já temos o vencedor...
Rodriguina que ri – Prof. Ximeno, por favor! Meu filho quer apenas mostrar que o invento funciona.
Prof. Ximeno – Será que eu deixo ele ligar a máquina de novo?
Fedrina que chora – Não!
Jean que chora – Sim!
Rodriguina que ri – Sim!
Jean que ri – Sim!
Prof. Ximeno – Então eu deixo ele ligar a máquina de novo. Vamos lá, pode ligar!
Jean que ri – Lá vai! Eh, funcionou! funcionou! funcionou! funcionou! Eh!
Jean que chora - Eh, funcionou! funcionou! funcionou! funcionou! Eh! (acidenta-se com sua arma)
Fedrina que chora – Ah, meu Deus! Um desastre! Meu filho virou uma pedra.
Jean que ri – Coitado! Ele disse que a senhora queria que ele virasse um troféu.
Fedrina que chora – Não, eu não queria que meu filho virasse pedra...
Rodriguina que ri – Deve ter alguma coisa que possamos fazer...
Fedrina que chora – Ah, meu Deus! Um desastre! O cientista que inventou essa arma foi para a Alemanha. O que vou fazer?
Prof. Ximeno – Então não foi ele quem fez o invento?
Fedrina que chora – Não, que desgraça! Fui eu quem causou tudo! E agora? E agora? E agora?
Prof. Ximeno – Mas isso não pode!
Jean que ri – Acho que tive uma idéia!
Rodriguina que ri – Diga, meu filho! O que você está pensando?
Fedrina que chora – Vamos, você pode ajudar seu amiguinho?
Jean que ri – Acho que podemos reverter o efeito da máquina...
Prof. Ximeno – Como?
Jean que ri – É só inverter os raios. Parece que ele usou raios gama com ultra alfa paralisante. Então, deve ter raio beta, que inverte o efeito do ultra alfa. É só achar o botão certo.
Rodriguina que ri – Então, vamos lá, meu filho. Tente. Eu acredito em você!
Fedrina que chora – Vamos, ajude seu amiguinho!
Prof. Ximeno – Vamos lá, meu rapaz! Você é a nossa única chance...
Jean que ri – Tudo bem! Eu vou tentar. (olha a arma e descobre o segundo botão) Vejam, há outro botão. Deve ser para disparar o efeito contrário.
Fedrina que chora – Vamos, aperte logo!
Jean que ri – Tudo bem! Lá vai. Está funcionando, está funcionando, está funcionando!
Rodriguina que ri – Ah, meu filho, parabéns! Você conseguiu (beija-o)
Jean que ri – Tudo bem! Foi muito simples.
Fedrina que chora – Ah, meu filho, você está salvo! você está salvo! você está salvo!
Jean que chora – Por que vocês estão gritando?
Prof. Ximeno – Porque você virou gente de novo!
Jean que chora – Como assim?
Prof. Ximeno – Como?! Não importa! Agora tenho de entregar o troféu... E o troféu vai para... Jean que Ri!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Jean que ri – Eu ganhei?! Não acredito.
Rodriguina que ri – Meu filho, você fez por merecer! Parabéns!
Fedrina que chora – Jean que ri, obrigado por salvar meu filho. Ele já era o meu troféu, e eu não sabia. Você me fez descobrir que o mais importante é dar valor aquilo que já temos e tirar dele o melhor todos os dias.
Prof. Ximeno – Além de você ter mostrado que seu invento funciona e que foi feito para ajudar pessoas, você ajudou o seu amiguinho a salvar a vida dele. Aqui está o seu troféu, parabéns!
Jean que ri – Obrigado, professor! Eu só queria que as pessoas gostassem do meu invento e que ele servisse para alguma coisa. Mas já que eu ganhei, eu também estou feliz!
Jean que chora – Eu não disse que ele ia ganhar também?!
Todos cantam:


É um dia
Um lindo dia

Reluz a ouro em pó
Me assim
Que eu chamo a mim

É fácil decorar
Sol
O meu amigo sol

É bem longe daqui
Si
Indica condição
Há um mundo bem melhor
Todo feito pra você
É um mundo pequenino
Que a ternura fez


FIM

Hermano Leitão