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11/05/2025
MÃES TAMBÉM ENVELHECEM ...

No Dia das Mães, quando tantas homenagens ocorrem, uma garota escreveu: Durante toda a vida ouvi falar: “Se o filho está feliz, a mãe está feliz. Tudo que eu quero é ver meu filho feliz!”

Francamente, impossível acreditar nisso.

Se fosse verdade, eu teria podido comer aquela barra de chocolate inteirinha. Isso me teria feito muito feliz.

Mas ela não deixou. Cortou minha felicidade ao meio.

Quando quis virar a noite no videogame, eu estava no auge da minha felicidade. Mas ela não entendeu. Por acaso, ela pensou na minha felicidade? É claro que não.

Ela disse que contaria até três e me fez desligar a TV, no meio da última fase do jogo.

Se houvesse sinceridade nesse desejo dela de me ver feliz, ela teria me deixado namorar ao invés de estudar.

Como ela pôde me proibir de sair e me forçar a ficar horas com os livros, quando tudo que me faria feliz naquele momento estava lá fora?

O sol estava lá fora. O namorado estava lá fora. Os amigos estavam se divertindo. Todos... menos eu.

Como sempre, o que eu ouvia era: “Você não é igual a todo mundo. Você é minha filha.”

E, naquele dia, em que cheguei chorando porque tinha sido injustiçada pelos amigos, ela disse: “Você deve ter feito alguma coisa para merecer isso!”

Quanta insensibilidade! Ela não sabia que me faria feliz se tivesse se unido a mim para dizer que eu estava certa?

Até me ajudasse a encontrar mil defeitos neles.

As mães dizem que nos querem ver felizes. Na verdade, também querem que arrumemos a cama, lavemos a louça, tiremos o lixo, cuidemos dos irmãos. E, ainda, nos forçam a comer o que elas dizem que é saudável.

Garanto que a maioria dos filhos pensa como eu.

* * *

Pois é. Pensamos assim até nos tornarmos mães. Quando a vida nos presenteia com um filho, passamos a ver as coisas de forma bem diferente.

O não da barra de chocolate passa a ser entendido como um sim à disciplina alimentar. O não ao videogame se torna um sim às horas insubstituíveis de sono.

O não ao namorado, não é um não ao namoro, é um sim ao futuro.

Então entendemos e agradecemos por cada atitude de nossa mãe porque todas serviram para nos tornar melhores.

Hoje, quando nossa mãe nos olha com orgulho, e sorri mesmo quando as coisas não estão fáceis, conseguimos compreender o sentido daquela frase repetida incansavelmente, ao longo da vida: “Se você estiver feliz, eu estarei feliz.”

Não há nada maior do que o amor de uma mãe. Também nada mais gratificante do que descobrir, nos seus olhos, a felicidade por ver seu filho bem neste mundo.

Agradeçamos à nossa mãe o que fez por nós, por nos ter transformado num barco forte para passar por todas as tempestades.

Agradeçamos por ter nos acolhido com mesa farta quando chegamos em terra firme com a alma sedenta de amor e o coração faminto de carinho.

Agradeçamos pelo melhor colo do mundo e pelo sorriso maravilhoso de se ver!

E sim, ficamos zangadas quando ela está longe. Nós a queremos por perto para continuar dizendo os santos não para essa criança, dentro de nós, que nunca para de aprender!

Amamos você, mamãe!

Redação do Momento Espírita, com base em texto
escrito por Luciana Goldschmidt Costa.

As mães também envelhecem


No Dia das Mães, há sempre um almoço. Mesa farta, panelas que borbulham memórias, pratos cheios. Mas às vezes, tão cheios de comida quanto vazios de conversa. Sentam-se todos à mesa, e ela, como sempre, se senta por último.
Os olhos percorrem os rostos dos filhos — agora adultos apressados, com relógios que gritam, celulares que vibram, e uma impaciência que não combina com colo.
As mães também envelhecem.
Mas os filhos, esses, raramente percebem.
Exigem que ela ande mais rápido, que ouça melhor, que entenda de aplicativos, que não repita a mesma história, que não pergunte pela terceira vez.
Esquecem que ela já repetiu mil vezes a mesma palavra para ensiná-los a falar. Que ensinou a andar, amarrar o cadarço, usar o garfo... sem jamais reclamar da repetição.
Filhos não gostam de repetir.
Acham cansativo explicar.
Mas não se lembram de quantas vezes a mãe explicou o mundo — com desenhos, com paciência, com canções na beira da cama.
A mãe que hoje erra o caminho do GPS é a mesma que jamais se perdia no caminho de volta da escola.
A que hoje esquece onde colocou os óculos é a mesma que lembrava de cada detalhe da lancheira, da vacina, da febre na madrugada.
As mães também cansam.
Mas não dizem.
Deixam de comer o último pedaço pra fingir que não queriam mesmo.
Deixam de comprar o que gostam pra comprar o que os filhos precisam.
Deixam o sono, o descanso, a vaidade, o tempo.
Deixam de ser só elas, pra serem “a mãe de alguém”.
E os filhos... os filhos cobram.
Cobram mais atenção, mais ajuda, mais presença.
Querem mais, sempre mais.
Mas dão tão pouco.
Talvez, ao menos, o segundo domingo de maio — o dia que o comércio inventou para ela — pudesse ser um convite para inverter.
Para parar.
Para se sentar sem pressa, sem celular, sem horários.
E perguntar:
"Mãe, do que você gosta? Qual é o seu maior medo? Quais são seus sonhos?"
Olhar nos olhos dela como se olha pra uma velha amiga que já passou por guerras secretas que ninguém vê.
Porque passou mesmo.
E passa, todos os dias.
No fim, o melhor presente não está na sacola com laço.
Está no gesto.
O melhor presente é a presença.
Inteira.
Um dia só pra escutá-la.
Sem querer ensinar, apenas aprender.
Porque ela também tem histórias, e talvez não as conte por muito mais tempo.
As mães também envelhecem. 
E tudo o que querem — no fundo — é que os filhos finalmente percebam isso.
E fiquem.
Fiquem um pouco mais.
[Juliana Paganelli]

Se essa reflexão encontrou eco em você, compartilhe com quem também precisa ouvir.
Comente, me acompanhe e lembre-se: O amor de mãe é eterno, mas, infelizmente, o tempo dela, não.


jas