15/12/2015
A dança da vida

Hoje desceu sobre mim a nostalgia dos ausentes. Faz tempo que não vou a um baile. Então, me imaginei frequentando um no lugar onde nasci e vivi. Sozinho, sentado junto a uma mesa e ouvindo musica executada pela orquestra do baile, vendo os casais “presentes” contentes a dançar, meus pensamentos ficaram procurando pessoas que nunca mais havia visto. Na imaginação vi a dançar muitos casais do passado. Alguns amigos e amigas que também nunca mais havia visto vieram conversar comigo e até falaram que aparentemente quase nada mudei. Devolvi a gentileza mentirosa dizendo-lhes o mesmo. Muitos amigos e conhecidos que já se foram deste mundo, também os vi no baile dançando na minha imaginação. Na minha juventude a moda era beber “cuba libre” (coca-cola com rum) fumar cigarro de filtro e dançar de rosto colado com as moças cheirando a fixador laquê pelos cabelos. Não era difícil se apaixonar por uma delas. Depois do baile sempre uma ficava no meu pensamento até antes de adormecer. Casais de enamorados daqueles bons tempos também a dançar vieram para prestigiar minha imaginação, agora, já na tristeza da saudade. Alguns depois de se casarem deixaram de comparecer aos bailes e suas faltas foram sentidas. Minhas namoradas que se casaram com outros também estiveram presentes com seus maridos. Muito dançaram parecendo esquecidas que eu existo, ou que eu já havia existido para elas. Mas, na minha imaginação do baile até me esqueci de “tirar” alguma moça jovem bonita e perfumada para dançar. Agora retornando a realidade deste presente, quem nasceu e viveu num lugar pequeno é quem mais tem lembranças sobre seus conterrâneos, ainda vivos ou mortos. Sim, quase todos se conheceram e frequentaram os mesmos lugares, como o clube local, o cinema, a mesma igreja e etc. Na dança da vida, o ritmo dela é mutação. Pra muitos é difícil dançar nesse ritmo e por isso muitos se recolhem em seus lares e assim até se ausentam dos demais. Bolero, samba, samba canção, rumba, mambo e valsa foram o romantismo e a alegria que emocionaram os participantes dos bailes de outrora. Não mais sei como são os bailes de hoje. Não sei se ainda despertam aquelas mesmas emoções.  


Altino Olympio

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