08/05/2012
A angústia da espera ....

Angústia da espera? Esta senhorita é prima - irmã da ansiedade, da aflição, do desejo ardente e da agonia. Refiro-me à sensação da ausência, da expectativa de ver “in loco”, de conferir, de tocar, enfim, aquela que um minuto demora uma eternidade.

Quando nossos filhos partem de casa, em busca de novos horizontes, novos desafios ou novas oportunidades, nossos corações se amiúdam. Mas quem pode segurar, no ninho, um passarinho empenado que contempla o azul do céu e o longínquo infinito, como um mundo novo a ser desbravado? E eles voam, voam...

Distantes da mamadeira e da submissão paterna ganham o céu. Não importa para onde irão, afinal este mundo a eles pertence.  A força física e a irreverência da juventude lhes são peculiares. Da beleza somos suspeitos de falar, pois cada coruja “gava seu tôco”. A coragem dessa gurizada chega a nos causar espanto e até certo desconforto, ao ponto de nos perguntarmos: será que esta criatura está mesmo preparada para empreender esta jornada?

Quantas foram as noites que, no silêncio de um fingido sono, ao lado do cônjugue, passamos boa parte rolando de um lado para o outro, pensando onde estariam, naquele momento; aquelas pessoinhas criadas com tanto zêlo e carinho? Foram e ainda serão muitas... Mas onde buscar tanta força para seguir enfrente como se no nosso caso, tudo será diferente de casos infelizes e desastrosos que conhecemos em outras famílias? As drogas e a violência passaram a fazer parte íntima de nossas vidas. É quase uma roleta russa escapar dessa realidade!

E quando passam no vestibular e mal sabem dirigir? E com apenas dezessete ou dezoito anos nos pedem a chave do carro, para ir numa balada? Sim, antes tem o tal do “esquenta”, regado à muita vodka e outras bebidas. Haja coração e conselhos, principalmente, das mães, do tipo: meu filho com quem você vai? Aonde você vai? Que horas você volta? Olha, meu filho, não vai beber! E por aí vai.

Até aí, tudo bem. Seus vôos são curtos, pois vão e voltam no mesmo dia, ou na mesma noite. Agora, quando vão estudar fora, longe de nossos olhos, o bicho pega. No inicio a mãe tenta controlar sua vida como se possível fosse. Mas logo ela percebe que seu rebento quer liberdade, quer ser dono de seu próprio nariz. Quer correr o próprio risco e provar para ele e para o mundo, que sabe se cuidar e não precisa mais da tutela de ninguém.

Nessas horas eu procuro pensar em alguns dizeres e ensinamentos aprendidos ao longo da vida. Tais como: “criamos nossos filhos para o mundo, entregue - os para Deus cuidar, porque nossa parte nós já fizemos”. “Filhos são como flechas, uma vez lançadas, nunca mais voltam ao ponto de partida”. “Filhos, nem tê-los, nem perdê-los”.

Alguns nos dizem que esta preocupação é exagerada e desnecessária, afinal nós também vivemos as mesmas experiências quando desmamados - sobrevivemos e vencemos. É, pode até ser, mas pai é pai e sabe que filho é para sempre. “Filho criado trabalho dobrado”! Mas tudo depende de cada caso, nada de generalizar.

                A sensação de recebê-los no portão de casa, depois de meses ausentes, nos enche a alma de alegria e de certeza de que estão, sim, preparados para enfrentar as loucuras da vida.  A demonstração de carinho do cãozinho de estimação é indescritível.  Assim como canta Roberto Carlos: “meu cachorro me sorriu latindo, eu voltei... agora pra ficar, porque aqui, aqui é meu lugar”.

                 Cada hora, cada minuto e cada segundo tornam-se modorrentos. A tela “arrivals”- chegadas - do aeroporto, fica pequena e nos causa impaciência. E se houver atraso? Não acreditamos no aviso e vamos checar no balcão várias vezes. Pobre atendente!

  O tempo despendido aos pais é curto. Eles, assim como nós fomos, têm pressa. A prioridade é dos amigos. O desejo é reviver a vida num piscar de olhos sobre o passado recente, contar suas mais novas conquistas amorosas, e, as vitórias profissionais. Decepção?           Nada disso, apenas a pura realidade. O Veião e a Veinha, no caso da mãe, que se contentam com apenas um beijo na chegada e outro na partida, quase sempre no último minuto do segundo tempo, quando já anunciada a segunda e última chamada para o embarque. Vai com Deus meu filho, viva com intensidade seu momento, porque, o mais importante da vida é a largura e não o comprimento!

E VIVA A CHEGADA SEM ANGÚSTIA!  

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Osvaldo Piccinin

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