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19/04/2015
Filhos que arruínam a aposentadoria dos Pais

“FILHOS QUE ARRUÍNAM APOSENTADORIA DOS PAIS"

Por Carol Hymowitz | Da Bloomberg, de Nova York

Texto editado (mas sem alterar o sentido) do artigo do VALOR por https://tetzner.wordpress.com/cantinho-do-conejo/.

A íntegra está disponível em : http://www.valor.com.br/financas/3968830/filhos-que-arruinam-aposentadoria-dos-pais

Os “baby boomers” estão colocando suas aposentadorias em risco ao gastar demais com filhos adultos. Com os salários reais estagnados e o desemprego entre os americanos com idade entre 16 e 24 anos acima de 12%, um grande número de famílias continua dando dinheiro para filhos que não estão mais na escola, bancando aluguel, telefones celulares, automóveis e férias.

Uma pesquisa… constatou que uma parcela maior das famílias americanas (1 em cada 3) dá mais assistência financeira aos filhos adultos do que aos pais idosos (1 em 5). “Isso está desarticulando a poupança para aposentadoria”, diz Pamela Villareal, pesquisadora do National Center for Policy Analysis. “Quanto mais dinheiro os ‘baby boomers’ dão para os filhos adultos, menos conseguem guardar para si próprios, o que é assustador uma vez que eles estão vivendo mais.”

Mais de um terço dos adultos da Geração Y recebe ajuda financeira regular dos pais e um em cada cinco ainda vive com eles sem pagar aluguel ou despesas, aponta um estudo feito em novembro de 2014 pelo Bank of America. E não são apenas os desempregados e os que recebem pouco que estão necessitados. A pesquisa, que ouviu mil pessoas de 18 a 34 anos, constatou que entre aqueles que ganham mais de US$ 75 mil por ano, 25% recorreram aos pais para o pagamento de despesas de supermercado em algum momento, e 21% ganharam dinheiro para comprar roupas.

Brett Goldstein, consultor financeiro de Jericho, Nova York, não vem tendo muito sucesso em convencer os clientes a parar de sacar dinheiro prematuramente de suas contas de aposentadoria para cobrir despesas de filhos crescidos. “Aprendi que é muito difícil se interpor entre pais e filhos, mesmo quando esses pais têm economias muito modestas”, diz. Recentemente, um cliente com 50 e poucos anos sacou US$ 32 mil de uma Conta Individual de Aposentadoria (IRA) de US$ 140 mil para pagar o casamento da filha, diz Goldstein. Outro casal com US$ 200 mil em contas IRA sacou US$ 61 mil para ajudar a filha e o genro a comprarem sua primeira casa.

A generosidade paterna não precisa chegar a tais extremos para ser potencialmente danosa. Considere que os casais entre 55 e 64 anos tinham apenas US$ 111 mil em suas poupanças para aposentadoria em 2013 (o saldo médio dos planos 401(k) e IRA), segundo a mais recente Pesquisa sobre as Finanças dos Consumidores realizada pelo Federal Reserve (Fed). Isso dá pouco mais de US$ 4 mil por ano em aposentadoria, assumindo uma taxa anual de retirada de 4%. Se os pais tiveram um dinheiro extra a cada mês, deveriam reforçar suas contribuições para os planos, quitar hipotecas ou outras dívidas, e não subsidiar os filhos, afirmam consultores financeiros. “Quanto menos abastado você estiver, mais precisa dizer aos filhos crescidos: ‘Não tenho dinheiro para te dar'”, diz John Sweeney, vice-presidente-executivo de estratégias de aposentadoria e investimentos da Fidelity Investments.

Seja qual for o motivo, esse suporte prolongado está apertando até mesmo os ‘baby boomers’ mais ricos. A diretora-executiva de uma organização sem fins lucrativos de Seattle deu à filha e ao genro um total de US$ 12 mil em 2014 para as despesas do casal com o filho, reparos domésticos e outras contas – e pretende dar pelo menos a mesma quantia este ano. Esta mulher de 66 anos ganha US$ 230 mil por ano, enquanto o casal está na casa dos 30 anos e tem uma renda anual combinada de cerca de US$ 115 mil. A mãe, que pediu para não ser identificada, diz que gostaria de se aposentar, mas seu planejador financeiro a alertou de que, no ritmo atual de gastos, os US$ 2,5 milhões que ela separou vão acabar quando tiver 80 e poucos anos.

Uma mulher de 48 anos que vive em Westport, Connecticut, admite encabulada que ela e o marido, um executivo do setor financeiro, dão à filha de 22 anos dezenas de milhares de dólares por ano, para complementar os US$ 30 mil que ela ganha como redatora de um site de beleza. O dinheiro cobre parte do aluguel de um apartamento no Brooklyn, em Nova York, transporte, roupas e idas ao salão de beleza. “Digo à minha filha: ‘Vamos ajudá-la, mas você precisa mesmo gastar US$ 4 com café todos os dias e US$ 14 numa salada?'”, diz a mãe que não quis ser identificada.

O casal tem uma renda confortável de seis dígitos, mas não tem seguro-saúde de longo prazo nem guardou tudo o que precisa – pelo menos US$ 10 milhões – para manter o padrão de vida na aposentadoria. Eles se perguntam quando a filha passará a ser independente -se é que isso vai acontecer -, e se o filho também espera continuar sendo ajudado depois que se formar na universidade. “Estamos entre a frigideira e o fogo, porque queremos que nossos filhos sejam felizes”, diz.

Cathy Egan também está inconsolável. “Eu queria dar aos meus filhos mais do que tive”, justifica. Ela ganhou cerca de US$ 50 mil no ano passado e deposita 3% de sua renda em um plano patrocinado por seu empregador, mas sabe que está longe de ter o suficiente para se aposentar com tranquilidade. “Não quero ser um fardo para os meus filhos quando estiver velha.”

Para Sweeney, “dar aos filhos dezenas de milhares de dólares por ano passa a mensagem de que você continuará sustentando um estilo de vida que eles não poderão ter – e você provavelmente não quer, ou não pode, bancar para sempre”. “É melhor ensiná-los a gastar menos do que ganham e poupar para uma velhice longa.”

Cathy Egan começou a praticar um pouco do amor exigente que Sweeney, da Fidelity, prega. Recentemente ela começou a cobrar do filho um aluguel de US$ 150 por mês e agora ele paga a própria conta do celular e o seguro do carro. (Tradução de Mario Zamarian)

 


Valor Econômico

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