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08/01/2020
Caravelas-portuguesas: lindas, mas podem matar

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As exóticas caravelas-portuguesas estão de volta às praias brasileiras. Em grande estilo e número, uma vez que grupos pequenos são raros. Normalmente, os bandos que buscam águas mais quentes nesta época do ano têm mais de mil caravelas-portuguesas. Não se iluda com suas cores e tons translúcidos e vibrantes. Elas são lindas, mas venenosas. Muito confundidas com águas-vivas, seus parentes próximos (Conheça uma delas muito rara), as caravelas-portuguesas são bem mais perigosas. Podem matar.

Não atacam os banhistas. Contudo, o contato com uma caravela-portuguesa, mesmo depois de morta, provoca lesões na pele e no sistema nervoso. A picada é bem dolorida e causa desde coceiras e vermelhidão até queimaduras graves, de terceiro grau. Os casos são mais raros, porém, uma única picada pode ser fatal.

Caravelas-portuguesas, vítimas em todo o litoral

Nas praias onde estão sendo avistadas, as caravelas-portuguesas já fizeram dezenas de vítimas. Seja na água, onde o contato pode ser mais grave, ou na areia. Levadas pelas ondas, muitas estão encalhando na praia. A maioria das vítimas apresenta queimaduras leves, náuseas, vômitos, câimbras e tonturas. Esses são os sintomas mais comuns. Alterações respiratórias também podem acontecer. Desde dezembro, essas ocorrências vêm sendo registradas em abundância de norte a sul do litoral paulista. Há muitos registros também em Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Elas costumam chegar a grande parte das praias brasileiras no verão. São trazidas pelos ventos e correntes marítimas. Mas esse é o período do ano em que as praias também estão cheias de turistas. Daí, o grande número de pessoas lesionadas. Por isso, se cruzar com uma, aprecie sua beleza, mas mantenha distância razoável. Será bom para você e para elas.

Caravelas-portuguesas, como podem matar

De tons meio azulados, róseos e até arroxeados, as caravelas-portuguesas encantam, especialmente as crianças. Os pequenos, aliás, são suas principais vítimas. E o contato na região torácica de crianças ou de doentes cardíacos com as toxinas das caravelas-portuguesas pode causar arritmia cardíaca. E, bem mais grave, parada cardiorrespiratória, que pode levar à morte.

Também podem provocar choques anafiláticos em pessoas alérgicas às suas toxinas. O que também pode ser fatal. Foi o que aconteceu com um jovem no final de dezembro, ao entrar em contato com uma caravela-portuguesa em Caraguatatuba, litoral norte de São Paulo. Entre os casos graves, está ainda o edema agudo pulmonar.

Toxinas provocam dor e matam

As caravelas-portuguesas possuem células urticantes chamadas cnidas, explicou André Carrara Morandini ao UOL. Ele é vice-diretor do Centro de Biologia Marinha da Universidade de São Paulo (CEBIMar USP). As cnidas estão por todo o corpo das caravelas-portuguesas. Entretanto, seus tentáculos concentram um número maior, ele disse. “As cnidas têm microagulhas ou arpões, que podem injetar toxinas e são usadas para capturar alimento ou defesa. O contato com elas pode ser muito doloroso. Em situações extremas e raras, pode até causar morte.”

Contato com elas, o que fazer

Em contato com uma caravela-portuguesa, os especialistas indicam nunca lavar a região afetada com água doce. Ela espalha as células urticantes. E, em consequência, aumenta a área queimada e a dor. Tampouco deve-se tentar limpar com álcool e esfregar a área atingida. Os primeiros socorros devem ser feitos ainda na praia, lavando a região afetada com água do mar.

A água salgada pode ser levada para casa a fim de continuar o tratamento. Gelada, deve-se aplicá-la até a dor passar e a vermelhidão diminuir. É indicado ainda o uso de vinagre. Ele impede que as toxinas se espalhem no corpo e também alivia a dor. Portanto, junto com o protetor solar, leve um pouco de vinagre à praia. E um antialérgico, se tiver alergias.

Busque assistência médica

Os tentáculos devem ser retirados suavemente, orientam os especialistas. Os médicos afirmam ainda que é preciso evitar movimentação intensa da área afetada. Bem como expor a região ao sol. Dependendo do tamanho da lesão, a dor pode durar minutos ou dias. Pode ainda deixar cicatrizes. Se os sintomas persistirem e os primeiros socorros não surtirem efeitos rápidos, é preciso buscar assistência médica com urgência. É o que os especialistas alertam. Eles vão indicar o melhor tratamento, que pode incluir de pomadas para queimaduras até anti-inflamatórios.

O que são as caravelas-portuguesas

Mar Sem Fim já explicou em post de 2014 o que são esses seres um tanto bizarros, mas atraentes. O nome científico é Physalia Physalis. Já o apelido deve-se à semelhança com as embarcações utilizadas pelos portugueses. As caravelas-portuguesas pertencem ao grupo dos cnidários ou celenterados. São organismos pluricelulares que vivem em ambientes aquáticos, principalmente, o marinho. Ou seja, não são terrestres e morrem fora da água. Mas mesmo morto, seu veneno continua ativo. Por isso, ao encontrar algum encalhado na areia, é preciso avisar os salva-vidas – guarda-vidas, dependendo do lugar.

Caravelas-portuguesas e águas-vivas, diferenças

Existem mais de 11.000 espécies de cnidários no mundo. Entre os quais as caravelas-portuguesas, as águas-vivas e os corais. Muitas pessoas as confundem com águas-vivas. Estas, entretanto, são transparentes. Enquanto, as caravelas-portuguesas são de fácil identificação pela parte colorida que flutua. Mas ambas são comuns e abundantes no verão. Segundo o site Litoral na Rede, os guarda-vidas do litoral sul gaúcho contabilizaram 38.364 lesões provocadas pelas espécies. Isso no curto período entre 21 de dezembro e 3 de janeiro. Nessa mesma fase no verão anterior, foram 32.855 queimaduras. Ou seja, o número de vítimas aumentou.

Caravelas-portuguesas, tentáculos chegam a 20 m

As caravelas-portuguesas são formadas por quatro pólipos ou zooides distintos, portanto, uma colônia. Eles são ligados entre si e não podem sobreviver independentes. Os pólipos são o pneumatóforo (a parte cheia de ar e que flutua) e os domonoctozooides (que formam os tentáculos). Além dos gastrozooides (que formam os “estômagos” da colônia) e dos gonozooides (que produzem os gametas para a reprodução). Esses organismos não nadam. Apenas flutuam, empurrados pelos ventos.

Capturam alimentos pelos tentáculos, que podem chegar a 20 metros. Na média, os tentáculos medem cerca de 30 centímetros, na maioria das caravelas-portuguesas. O veneno que expelem paralisa e até mata os alimentos capturados. São, geralmente, pequenos peixes e crustáceos. O tamanho da parte que flutua também pode variar, assim como os tentáculos, de 1 a 25 centímetros.

Fontes: https://www.todamateria.com.br/cnidarios/; https://www.natgeo.pt/animais/2018/06/caravela-portuguesa-saiba-porque-e-tao-temida; https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/01/02/caravelas-portuguesas-surgem-no-litoral-de-sp-saiba-riscos-ao-toca-las.htm; https://www.litoralnarede.com.br/caravela-portuguesas-sao-encontradas-na-praia-em-tramandai/; https://ndmais.com.br/blogs-e-colunas/fabio-gadotti/cuidado-a-temporada-nao-comecou-mas-as-caravelas-ja-chegaram-ao-litoral-catarinense/; https://www.tamoiosnews.com.br/gbmar/banhistas-devem-evitar-contato-com-aguas-vivas-e-caravelas-portuguesas-alerta-o-gbmar/; https://www.atribuna.com.br/opiniao/alexandrelopes/crian%C3%A7a-%C3%A9-ferida-por-caravela-portuguesa-em-praia-da-regi%C3%A3o-contato-pode-ser-fatal-1.81131; https://www.megacurioso.com.br/ciencia/108271-voce-conhece-a-temida-caravela-portuguesa.htm; https://www.abreolhonoticias.com.br/perigo-caravelas-portuguesas-sao-flagradas-na-faixa-de-areia-da-praia-de-navegantes/; http://www.correiofrancisquense.com.br/noticias/geral/guarda-vidas-alertam-sobre-a-incid%C3%AAncia-de-caravelas-portuguesas-nas-praias-de-s%C3%A3o-francisco-do-sul-1.2192453; https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2019/12/28/caravelas-portuguesas-sao-flagradas-em-praias-do-litoral-de-sp-e-assustam-banhistas.ghtml.

https://marsemfim.com.br



JAS