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08/05/2022
DIA DAS MÃES

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“Entendi que você sempre estará nos caminhos dos bosques por onde eu andar.

Nas nuvens dos céus por onde eu voar, nas estradas da vida que perpassar, nos cantos das fadas que imagino estar, nos sorrisos inocentes das crianças, nas gotas de chuva, nos jardins encantados, nas mandalas que coloreio para me acalmar.

Em todos os recantos e encantos que eu acreditar.

Nas dores que não puder evitar, nos tropeços que me jogarem no solo árido deste mundo que o destino me mostrar. Nas faces da lua, na solidão das estrelas”

Coloquei o despertador para acordar mais cedo que o amanhecer.

Vesti aquele xale marrom que você trouxe na última vez que veio me visitar.

Estiquei no gramado a manta grossa que foi de minha avó.

Sentei em frente às árvores do meu quintal, aquele que sempre mando fotos e vídeos da neta dog, onde fico imaginando como será o dia que você chegará para juntas agradecermos a simplicidade com que aprendemos a nos amar.

O sol logo despontou e entre os galhos abraçados em troncos robustos, raios dourados tocaram a terra orvalhada.

Ah, o cheirinho de terra me fez lembrar as manhãs frias com café de coador lá nas Minas Gerais, onde você sempre gostou de passear.

Perguntei quanta terra nos separa, quantos rios, lagos, cachoeiras e mares existem entre nossas vidas?

Não ouvi resposta.

Nenhum pássaro, nenhuma folha caindo, nem sussurro do vento.

“Como a vida teve coragem de nos separar, assim, meio sem pensar.

O tempo passou de relance, ainda leio aquela lista de recomendações que você deixava pelos cantos da casa, sempre incentivando os passos que já sabia que eu teria que dar”.

Foi nesse tumulto de sentimentos, que acredito ter dormido novamente.

Acordei e você estava preparando as sobremesas favoritas dos filhos e netos.

Aquele entra e sai da cozinha. Impressionante a quantidade de vezes que você parou: “um copo d'água para o que estava “morrendo de sede”, chá de erva cidreira para a filha hipocondríaca, "água santa” para o outro neto que escorregou pela terceira vez enquanto corria pelo corredor do prédio, para procurar a tampa do tupperware que ninguém encontra e fechar o potinho de açúcar que sempre está na porta da geladeira e …..

Neste movimento estapafúrdio, impressionantemente, pacientemente, você ainda ouvia os mesmos problemas, as mesmas lamúrias que eu recitava com glamour.

Nem pisquei os olhos e estávamos na mesa da sala de jantar, o lugar preferido para as gargalhadas e discussões filosóficas, teológicas, sociológicas sem pé nem cabeça, que você ouvia com entusiasmo enquanto fazia malabarismos para os tantos egos não saírem feridos.

Pensei em interferir na conversa mas acho que você mudou o canal como ninja e …. O corredor …exatamente o mesmo cheiro, os tons da luz de seu abajur refletindo no piso.

A sensação é de que não conseguiria alcançá-la, que a distância seria infinita e eterna.

Parei no espelho ao lado da porta do seu quarto e você estava do outro lado do espelho.

“Mae?”

“Oi!”

O som da sua voz vinha de dentro do seu quarto.

“Ahhhh! Daniele. Sempre dramatizando a vida. Só queria ver até onde você seguiria imaginando sua vida longe de mim”!

Separei flores para você, estão penduradas pela copa da árvore com pequenas bolinhas vermelhas, que estão bem acima do limoeiro.

Senta nesta cadeira, descansa um pouco, sei que anda fatigada nestas batalhas incessantes, com espada e escudo para segurar.

Espero que no meio destas linhas em algum momento você tenha revivido algo da sua história com sua mãe.

Aquele pedacinho de saudade, de carinho, de atenção, paciência, resiliência, etc com cheiro de mãe.

Mãe é paz no coração, é inspiração

Feliz dia das mães! Em especial para a minha, Selma !

Daniele de Cassia Rotundo -  colaboradora - cronista deste Jornal 



 



JAS