O Imigrante Italiano
Poesia
Ilka Maia
A GRANDE JORNADA
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Hoje eu quero falar com você, Imigrante
Italiano. Quero dizer-lhe algo distante
Que ficou em silencio, parado
No tempo... Uma palavra do passado...
E esse poema antigo
Guardei para você, meu amigo
De verdade
Que ficou aqui mesmo, no chão desta Cidade !
Italiano, eu vi quando
Você chegou ! Eu estava espiando
Pela primeira janelinha
Da minha
Vida... Você chegou contente !
Trouxe toda a alegria da sua gente,
O riso espontâneo, a maneira imprevista,
Para a terra severa do Paulista !
Você foi cocheiro,
Foi carroceiro,
Carregador, condutor de bonde,
Você tocou na banda, estava sempre onde
Quer que fosse !
Eu vi ! Você vendeu batata doce
Por um tostão, batata assada
Fumegando, à beira da calçada...
-- Se me lembro daquele celebre carrinho !...
E assim também vendeu, pelo meu caminho,
Milho verde, pinhão... E banana ! Banana
Nanica que afinal se chamou "Italiana" !
Eu vi ! Parece que ainda e bem o vejo !
Foi você que trouxe o velho realejo...
Veio vindo, tocando Tarantela
E "Sole Mio" ! Eu estava na janela
Espiando você dobrar a esquina !
Gostava de você desde menina...
Foi você, Italiano, a figura
Mais típica e mais pura,
A mais expressiva
A nota festiva
Da imigração !
E porque tem a voz sonora,
E por causa daquela menina de outrora,
E até mesmo por causa do seu jeito,
Por tudo o que tem sido e tudo o que tem feito
Nesta cidade minha, altiva e linda,
E mais e mais ainda
Porque respeita e ama a terra Bandeirante,
--- Eu gosto de você, Italiano Imigrante !
Ilka Maia
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