Altas doses de vitamina D estão associadas à redução da atividade da doença na esclerose múltipla
Pauline Anderson
Dinamarca — A suplementação oral de colecalciferol (vitamina D3) em altas doses reduziu significativamente a evidência de atividade da esclerose múltipla (EM) em pacientes com síndrome clinicamente isolada (CIS, sigla do inglês clinically isolated syndrome), sugeriram os resultados de um ensaio controlado e randomizado.
Além disso, o colecalciferol apresentou um perfil de segurança favorável e foi bem tolerado.
"Esses dados justificam a suplementação da vitamina D em altas doses na fase inicial da EM, tornando-a a melhor candidata para avaliação como terapia complementar na estratégia de tratamento", afirmou o autor do estudo, Dr. Eric Thouvenot, médico e Ph.D. do Departamento de Neurologia do Centre hospitalier universitaire de Nîmes, na França.
O estudo foi apresentado em 19 de setembro no 40º Congresso do Comitê Europeu para Tratamento e Pesquisa em Esclerose Múltipla (ECTRIMS) de 2024.
Um fator de risco para EM
A pesquisa evidenciou que a deficiência de vitamina D é um fator de risco para EM. No entanto, os estudos anteriores sobre a suplementação dessa vitamina na EM, com diferentes esquemas e durações, apresentaram resultados contraditórios.
O estudo duplo-cego atual analisou 303 adultos recém-diagnosticados com CIS (até 90 dias) e uma concentração sérica de 25-hidroxivitamina D < 100 nmol/L no início do estudo. Os participantes tinham uma mediana de idade de 34 anos, e 70% eram mulheres.
Cerca de um terço dos participantes apresentavam neurite óptica, dois terços tinham bandas oligoclonais na análise do líquido cefalorraquidiano, e a mediana da pontuação da Expanded Disability Status Scale (EDSS) foi de 1,0. Do total, 89% preencheram os critérios de McDonald de 2017 para o diagnóstico de EM recorrente-remitente (EMRR).
Esclerose múltipla: rumo ao tratamento direcionado à remielinização
Vincent Richeux
Notificação
9 de setembro de 2024
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França — Embora os tratamentos para a esclerose múltipla (EM) tenham tradicionalmente focado na modulação da resposta imunitária periférica e no controle do processo inflamatório, novas estratégias estão agora sendo direcionadas também à promoção da remielinização no sistema nervoso central.
Uma apresentação nas Journées neurosciences psychiatrie et neurologie (JNPN 2024) trouxe nova perspectiva sobre os avanços futuros na abordagem da doença. [1]
“A remielinização é um caminho promissor. Para alcançar um efeito ideal na interrupção da progressão da EM, será necessário combinar medicamentos que combatam o processo inflamatório e promovam a remielinização”, com moléculas capazes de penetrar no sistema nervoso central, comentou para o Medscape o médico professor Dr. Bruno Stankoff (Hôpital Saint-Antoine, AP-HP, França), neurologista e pesquisador do Institut du cerveau et de la moelle.
Principal causa de incapacidade não traumática, a EM é uma doença desmielinizante do sistema nervoso central cada vez mais comum. Na França, a prevalência dessa patologia aumentou 30% em 10 anos.
Reduzir as recidivas
Desde a década de 1990, o progresso no tratamento da EM tem sido constante, mas focado na prevenção das recidivas, que correspondem ao surgimento de novos sinais e sintomas. Como a doença é de caráter inflamatório e autoimunitário, a maioria dos medicamentos tem como alvo as células periféricas do sistema imunológico, para impedi-las de agir no sistema nervoso central.
Após o primeiro tratamento com interferon β, outros medicamentos visando modular o processo inflamatório entraram gradualmente no mercado. Os alvos são as células imunitárias e, em particular, as células apresentadoras de antígenos, além dos linfócitos B e T. Alguns fármacos mais recentes também impedem essas células de circular livremente e penetrar no sistema nervoso central.