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06/07/2012
Miranda se apresenta

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A partir de 6 de julho, começa oficialmente a campanha eleitoral 2012. Cerca de 60 mil eleitores irão às urnas para eleger prefeito, vice e vereadores para o mandato de janeiro de 2013 a dezembro de 2016.

Mas, quem é José Carlos Miranda?

Hoje com 47 anos, micro empresário há 15, casado e pai de um filho, Miranda nasceu em São Paulo, onde viveu até os 13 anos.  
Tem despertado a curiosidade dos internautas caieirenses pela forma ativa como participa das conversas e debates sobre temas políticos da cidade e do país nas redes sociais. Porém, sua atuação política já tem mais de 30 anos.
Miranda, entrou na política aos 16 anos, foi ferroviário e metalúrgico. Aos 24, indicado administrador regional do bairro de Perus (1988 a 1990). Após esse período, continuou trabalhando em fábricas.
Por sua posição contra o racismo, tornou-se conhecido em todo o Brasil. Tem livros publicados, é chamado a palestrar em universidades, sindicatos e escolas e, frequentemente, concede entrevistas em redes de TV e revistas, como autoridade para falar do tema.
A Semana o convidou para uma entrevista onde fala sobre sua pré-candidatura a prefeito.

A Semana: Por que você quer ser prefeito?
José Carlos Miranda:
Meu trabalho, minha casa, família e amigos estão aqui. Esta é a minha terra por adoção. E a pré-candidatura não é só um desejo pessoal é do partido e de muitos segmentos sociais que querem mudanças em nossa cidade.
Caieiras é a cidade com melhor renda per capita da região. Merece uma administração democrática e popular. E nós podemos fazer essa mudança.
A atual e a antiga administração só fazem obras em época de eleição, pode ver! São duas maneiras diferentes de fazer a mesma velha política.
A minha pré-candidatura a prefeito é justamente para mudar esse jeito de fazer política.

JAS: E quais suas propostas para Caieiras?
Miranda:
Caieiras precisa estar em sintonia com as mudanças do Brasil. Merece que os principais problemas sejam resolvidos. E até hoje, não foram por falta de vontade política e interesses pessoais.
Vamos enfrentar esses problemas com propostas simples e eficientes. Em nossos diálogos com todos os segmentos da sociedade, chegamos a muitas dessas propostas.

JAS: Você foi administrador regional em Perus, durante o mandato de Luiza Erundina. Que lições traz daquela experiência?
Miranda:
Era um momento diferente de hoje, reuni uma equipe bastante competente e acredito que a gestão foi favorável. Entretanto, a maior lição que aprendi foi que político não é profissão. Tanto que após esse período, voltei a trabalhar em fábricas.

JAS: E sua atuação em Caieiras?
Miranda:
Como cidadão, tenho atuado constantemente nos debates a respeito das políticas públicas na cidade. Entre outras coisas, participei ajudando os trabalhadores de fábricas como a Cordoalhas Ivelise, Dicetti, Arseme e Plastunion. Fui impulsionador do movimento em Laranjeiras, em 1994, que reduziu o preço da passagem do ônibus para a Barra Funda, da extinta viação Ladário.
De 2007 a 2008, participei ajudando os mais de 100 operários da Metalúrgica Ellen, a empresa faliu deixando os funcionários sem receber nada, alguns em situação extremamente precária.
Com a ajuda partidária, conquistamos verbas Federais para importantes obras: R$ 900 mil, para terminar o Hospital Maternidade e R$ 4 milhões, para canalização do córrego Laranjeiras, reconstrução do talude no “Tobogã”, e dezenas de quilômetros de recapeamento asfáltico (emenda do Senador Mercadante). No ano passado, estivemos com o presidente da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), cobrando o término do viaduto. Neste ano, elaboramos por meio das redes sociais uma petição entregue ao presidente da Câmara, cobrando providências em relação ao péssimo e caro serviço da Viação Caieiras. Também temos participado ativamente do movimento pró Universidade Federal no Juquery, que pode transformar Caieiras na porta de entrada desse sonho de toda a nossa região.

JAS: De que maneira sua experiência como microempresário poderá contribuir para a atuação como administrador público?
Miranda:
Como eu, milhares de trabalhadores e operários, na luta pela sobrevivência, tornam-se microempresários. Logo, descobrem que precisam trabalhar muito mais do que na época em que eram empregados.
E essa experiência de vida - pegar o trem e ônibus lotado, ficar na fila do SUS, sofrer na carne a vida de um operário e, ao mesmo tempo, construir e liderar equipes, enfrentar os desafios para manter uma micro empresa, respeitando os direitos dos trabalhadores, por quase 15 anos, me dá força e convicção total de que podemos fazer diferente e que a participação popular pode organizar projetos, fiscalizar os agentes públicos e tomar as rédeas do governo municipal. Minha pré-candidatura está preparada para fazer essas mudanças valerem em Caieiras.

JAS: Caieiras tem predominância de indústrias, você tem alguma política voltada para o setor?
Miranda: A situação atual é de inexistência de uma política industrial e de desenvolvimento para o Município. É necessário e urgente uma mudança completa nessa situação.
Já passou da hora de todos os segmentos sociais, participarem ativamente da vida política para construirmos, juntos, políticas públicas, pois até hoje me parece que somente os interesses da Melhoramentos foram atendidos, em detrimento dos demais. E nós podemos mudar isso.

JAS: Você citou a péssima situação da saúde, o que fazer para mudar?
Miranda: O nosso Sistema Único de Saúde, o SUS, foi criado com base no modelo Inglês, que é uma referência.
Porém, faltaram os recursos. E esse é o problema central, que devemos enfrentar. Afinal, só reclamar da falta de médicos e recursos, sem ir fundo na questão, não vai adiantar, muito menos fazer o jogo de “empurra-empurra” entre prefeito, governador e presidente.
Claro que existe a má gestão, o modelo permissivo que desemboca em corrupção, assistencialismo e clientelismo, que nos persegue na administração pública.
Essa luta política nós travaremos desde o primeiro minuto, se estivermos à frente da prefeitura. Entretanto, no âmbito municipal é possível mudar muita coisa.
Caieiras tem mais do que o dobro de médicos que a Organização Mundial da Saúde (OMS) diz ser o ideal para o nosso número de habitantes. Não seria aconselhável pagar melhor os profissionais, para que cumprissem as horas contratadas? Um médico com um salário de aproximadamente R$2 mil/mês tem condição de trabalhar quatro horas diárias, deslocando-se de um local para outro? Isso não paga nem a gasolina do carro. E o Conselho Municipal de Saúde? Alguém houve falar dele? Alguém fiscaliza e acompanha esse trabalho? E por que um programa como o Médico da Família, que foi implantado há tempos em municípios vizinhos, até hoje não foi implementado em Caieiras?
Com um Conselho de Saúde Municipal forte, transparente e democrático, a modernização da gestão, contratação de médicos clínicos gerais e especialistas, otimização das Unidades Básicas de Saúde e implementação do Programa Médico da Família, podemos fazer uma revolução na Saúde, em Caieiras. 

JAS: E a educação?
Miranda: Temos um marco divisório: o que era a educação pública antes da municipalização e depois dela. Em tese deveria funcionar melhor, mas o que vimos são escolas estaduais arruinadas, principalmente nas periferias, analfabetos funcionais, prédios suntuosos e professores mal pagos, entre outras coisas. Essa é a terrível situação. Enquanto a constituição manda aplicar 25% do orçamento em educação, limita os gastos com funcionários municipais. Acontece que os professores estão dentro desse limite, o que não deveria ocorrer. Isso causa distorções, como, por exemplo, ter que gastar esses 25% em automóveis e prédios. Não seria justo remunerar melhor os professores ? Penso que sim. Também na educação existe um Conselho, o que é feito dele? Caieiras ainda é deficitária na criação de vagas nas escolas maternais e infantis, inclusive causando um grave problema para as mães que trabalham. Existem recursos para não deixar nenhuma criança fora da escola, valorizar os professores e avançar de forma significativa a Educação em Caieiras.

JAS: O que você acha da atual administração?
Miranda: Não cumpriu o programa de governo que prometeu. Os principais problemas da cidade não foram resolvidos: saúde, tarifa abusiva e serviço de péssima qualidade da Viação Caieiras, proteção ao meio ambiente, limpeza e conservação de ruas, praças e áreas municipais. E como a antiga administração, está fazendo um monte de obras em período eleitoral, sem um planejamento, causando prejuízo ao desenvolvimento sustentável do nosso município.

JAS: E a Câmara de Vereadores?
Miranda: A atuação da Câmara carece de divulgação e a população em geral não se interessa muito pelas atividades e defesa de seus direitos. Ainda existe muito assistencialismo e clientelismo, práticas políticas que impedem as pessoas de desenvolverem sua cidadania. 

JAS: Se for eleito, qual seria a sua primeira providência como Prefeito?
Miranda: Em primeiro lugar me cercar de gente competente e compromissada como o futuro da Cidade, orientadas para construirmos um governo democrático e popular; manter os serviços que funcionam bem e procurar alternativas viáveis para os que deixam a desejar. Talvez seja preciso uma reforma administrativa de grande porte e, sobretudo, uma reforma de princípios.



Isabel Duarte