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06/12/2014
Aspirina : mais estudos

Uso contínuo de aspirina é prejudicial para mulheres abaixo de 65 anos, diz estudo .Riscos do uso prolongado do medicamento, como o sangramento gastrointestinal, são maiores do que seus benefícios, como a prevenção do câncer.

Aspirina: dois terços das voluntárias de 45 a 65 anos que tomaram o medicamento tiveram sangramento gastrointestinal (Thinkstock/VEJA).
Mulheres com menos de 65 anos não devem tomar aspirina continuamente como uma medida para prevenir câncer, derrame e doenças cardíacas. O sangramento intestinal, um efeito adverso do medicamento, não compensa os benefícios do comprimido. Essas são as constatações de uma ampla pesquisa feita por estudiosos da Faculdade de Medicina da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, publicada na quinta-feira no periódico Heart.


CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Individualised prediction of alternate-day aspirin treatment effects on the combined risk of cancer, cardiovascular disease and gastrointestinal bleeding in healthy women

Onde foi divulgada: periódico Heart

Quem fez: Rob C M van Kruijsdijk, Frank L J Visseren, Paul M Ridker, Johannes A N Dorresteijn, Julie E Buring, Yolanda van der Graaf e Nancy R Cook

Instituição: University Medical Centre Utrecht, na Holanda, e Faculdade de Medicina da Universidade Harvard, nos Estados Unidos.

Resultado: O uso contínuo da aspirina por mulheres abaixo dos 65 anos não é benéfico para a prevenção de doenças cardiovasculares e do câncer por aumentar os riscos de sangramento gastrointestinal.
A pesquisa avaliou quase 28.000 mulheres saudáveis de 45 anos ou mais. As participantes foram divididas em dois grupos. Um tomou 100 miligramas de aspirina e o outro recebeu um placebo do medicamento. Ambos ingeriram o remédio dia sim, dia não.
Ao longo de 10 anos, 604 mulheres tiveram alguma doença cardiovascular e 2.000 desenvolveram algum tipo de câncer. Além disso, 302 apresentaram sangramento gastrointestinal e tiveram que se submeter a tratamento hospitalar. Após o final da pesquisa, os estudiosos acompanharam as participantes por mais 7 anos e registraram outros 1.495 casos de câncer.
Resultados — Em mulheres com mais de 65 anos, a aspirina reduziu a incidência de derrame, doenças  cardiovasculares e câncer no intestino. Para elas, as vantagens do uso contínuo do medicamento compensam os malefícios, concluiu a pesquisa.
Para mulheres com menos de 65 anos e sem doença cardiovascular, no entanto, os benefícios promovidos pela aspirina não compensaram seus efeitos adversos, como o sangramento gastrointestinal — dois terços das voluntárias de 45 a 65 anos sofreram o problema, que se manifesta em sintomas como vômitos e fezes com sangue e perda de sangue pelo reto.
"Diante dos resultados, o que aconselhamos é que, antes de a mulher começar o tratamento, ela discuta os prós e os contras da aspirina com o seu médico", disse ao site de VEJA Rob van Kruijsdijk, coautor do estudo e professor da University Medical Centre Utrecht, na Holanda.
Diversos estudos que constataram que a aspirina previne o risco de metástases e câncer de pele, por exemplo, trouxeram para debate a eficácia do uso do medicamento como tratamento primário. Os pesquisadores afirmam, no entanto, que fazer a prevenção de doenças cardiovasculares, câncer e sangramento gastrointestinal com a aspirina é ineficaz para a maior parte das pacientes.


Prevenção


Uso diário de aspirina previne câncer e reduz mortalidade da doença Segundo estudo, benefícios do medicamento superam potenciais prejuízos

Aspirina: segundo estudo, remédio reduzir risco de câncer colorretal (Thinkstock/VEJA)
Um extenso estudo britânico indicou que o uso diário de aspirina ajuda a prevenir tipos comuns de câncer, como o colorretal e o de próstata, além de reduzir o risco de mortalidade dessas doenças.
Após revisarem cerca de 200 trabalhos sobre o assunto, os autores da pesquisa concluíram que, se os britânicos de 50 a 64 anos tomassem aspirina diariamente por uma década, seria possível evitar 130 000 mortes em vinte anos. Isso porque, segundo o estudo, os benefícios do medicamento permanecem mesmo após uma pessoa deixar de usá-lo. 
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Estimates of benefits and harms of prophylactic use of aspirin in the general population​

Onde foi divulgada: Annals of Oncology

Quem fez: J. Cuzick, M. A. Thorat, C. Bosetti, P. H. Brown, J. Burn, entre outros

Instituição: Universidade Queen Mary London, na Inglaterra, entre outras

Resultado: Tomar aspirina diariamente por dez anos ajuda a prevenir tipos comuns de câncer.
A aspirina parece inibir o acúmulo de plaquetas no sangue e, assim, é considerada uma forma de prevenir doenças cardiovasculares. Pesquisas recentes sugerem que o remédio também pode diminuir o risco de melanoma e o de câncer no ovário.
O novo estudo foi publicado na edição desta semana do periódico Annals of Oncology. Os resultados indicaram, por exemplo, que o uso diário de aspirina por dez anos pode diminuir a incidência e a mortalidade por câncer colorretal (em 35% e 40%, respectivamente); por câncer de estômago (em 30% e 35%); por câncer de esôfago (em 30% e 50%) e por câncer de próstata (em 10% e 15%). A pesquisa também reforçou que o uso constante da droga reduz o risco de infarto em até 18% e de mortes pelo problema em 5%.
Para o coordenador do estudo, Jack Cuzick, chefe do Centro para Prevenção de Câncer da Universidade Queen Mary London, os benefícios da aspirina superam os potenciais prejuízos da droga. Seu trabalho indicou, por exemplo, que tomar aspirina diariamente durante dez anos aumenta em até 2,6% o risco de hemorragia no estômago entre pessoas acima de 60 anos.
Cuzick defende que todas as pessoas de 50 a 65 anos considerem fazer uso diário de 75 miligramas de aspirina. O pesquisador considera que, depois de deixar de fumar e de combater a obesidade, a droga é a forma mais eficaz de diminuir o risco de câncer. Autoridades de saúde, porém, recomendam os pacientes procurem seus médicos antes de começar a fazer uso diário do remédio.
Pesquisa decifra como aspirina pode combater o câncer
Remédio ativa enzima que tem resultados benéficos ao corpo

Pesquisas recentes mostram que apsirina combate câncer e diabetes. (Thinkstock/VEJA)
A aspirina, além de combater a dor de cabeça, tem outros efeitos benéficos comprovados, como proteger contra problemas cardíacos. Estudos recentes mostraram que ela pode ajudar na prevenção do câncer e no tratamento contra diabetes tipo 2. Agora, um grupo de cientistas da Universidade de Dundee, na Escócia, descobriu o exato mecanismo pelo qual a substância atua no corpo humano e produz esses efeitos. 
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: The Ancient Drug Salicylate Directly Activates AMP-Activated Protein Kinase

Onde foi divulgada: revista Science

Quem fez: S.A. Hawley; F.A. Ross; C. Chevtzoff; K.J. Walker; K.A. Green; K.J. Mustard; D.G. Hardie; M.W. Peggie; D. Zibrova; K. Sakamoto

Instituição: Universidade de Dundee, na Escócia

Dados de amostragem: Ratos sem a enzima AMPK

Resultado: A enzima AMPK comprovadamente diminui a circulação de lipídios em ratos obesos e aumenta sua sensibilidade à insulina. Os pesquisadores sugerem que seus efeitos contra o câncer vêm daí.
Em nosso corpo a aspirina é quebrada em salicilato, o mesmo composto encontrado na casca do salgueiro, um remédio usado pela humanidade desde a antiguidade. O que os cientistas descobriram foi que, quando uma grande quantidade de salicilato atinge nossas células, ele ativa a enzima AMPK. Essa enzima é encontrada em muitos tipos de organismos, de humanos a plantas, e controla os níveis de energia da célula. Quando ativada, ela para os processos que consomem energia e dá início aos processos que a produzem. Desse modo ela regula uma série de ações, como o crescimento celular e o metabolismo. 
Para revelar essa ligação entre a aspirina e a AMPK, os cientistas testaram a droga em ratos que não tinham a enzima, e viram que a maioria de seus efeitos benéficos desapareceu.
Segundo os pesquisadores, a AMPK comprovadamente diminui a circulação de lipídios em ratos obesos e aumenta sua sensibilidade à insulina. Eles ainda sugerem que seus efeitos contra o câncer também vêm daí – a mesma enzima é ativada pela droga metformina, que também está associada ao combate à doença.  
Saiba mais


AMPK
Enzima que controla os níveis de energia da célula e regula uma série de ações, como o crescimento celular e o metabolismo. Quando ativa, ela para os processos que consomem energia e dá início aos processos que a produzem. A AMPK pode ser ativada de dois modos: pela falta energia na célula ou por um ativador sintético, o A-769662. O salicilato se ligaria à enzima no mesmo local que o ativador, embora sua localização exata ainda não tenha sido identificada.



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