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13/03/06
Estudo liga vírus a câncer de próstata

Cientistas americanos descobriram vírus em um tipo raro da doença, mas não se sabe se ele é seu causador.

Uma equipe de cientistas americanos anunciou ontem ter descoberto um vírus em pacientes com uma rara forma de câncer de próstata. Os pesquisadores não sabem ainda se ele causa a própria doença, inflamação ou algum tipo de mal nos homens. Mesmo assim, descobrir um vírus, ainda que num tipo pouco comum de câncer, intriga os cientistas. Existe uma crescendo suspeita de que o tumor de próstata possa ser resultado de uma inflamação crônica provocada por infecção de uma bactéria ou de um vírus. Um dos mais freqüentes cânceres em homens é o próstata - e uma importante causa de morte. "Esta é uma descoberta muito excitante", disse Eric Klein, da Cleveland Clinic, parceria da Universidade da Califórnia no estudo. "Agora existe uma indicação real de que o câncer de próstata pode ser causado por uma doença infecciosa." CHIP Vírus são culpados por causar alguns tipos de câncer no fígado e no cólon uterino. Cientistas suspeitam que algumas doenças podem ter um papel importante, junto com a genética, o meio ambiente e mesmo o acaso, no desencadeamento de cânceres de mama, estômago e outros. O vírus encontrado nos tumores de próstata chama-se XMRV e é muito parecido com um outro antes encontrado apenas em ratos. Ele foi identificado em pacientes com um determinado defeito genético: a mutação do gene HPC1, responsável pela produção da proteína antiviral RNaseL, que pode aumentar a suscetibilidade ao câncer de próstata. "Essa é uma classe de vírus que ninguém teria procurado nos tumores de próstata", disse Joe de Rise, pesquisador da Universidade da Califórnia e inventor do "gene chip", que foi utilizado na descoberta. O chip de DeRise tem milhares de fragmentos de material genético de vírus conhecidos. Foi com ele que foi identificado o vírus causador da explosão da Síndrome Respiratória Aguda Severa (Sars) na China, há três anos. Klein enviou para DeRise amostrada de 86 tumores de próstata removidas de seus pacientes. DeRise descobriu que 45% de 20 pacientes com dois genes HPC1 mutados apresentaram o vírus, enquanto entre os outros 66 pacientes sem a mutação, a incidência foi de apenas 1,5%. A constatação sugere que a influência genética desempenha um peso significante na relação do vírus com o câncer. Os pesquisadores anunciaram que agora estão desenvolvendo uma ferramenta para diagnosticar o vírus no sangue e pretendem testar centenas de novos pacientes. Eles também querem determinar como se dá a expansão do vírus em seres humanos e se ela ocorre apenas em pacientes com câncer na próstata. Um estudo epidemiológico está previsto para esclarecer a relação entre a vida sexual (o XMRV talvez seja sexualmente transmissível), o histórico médico familiar, a infecção viral e o câncer de próstata. Se o XMRV realmente provocar câncer de próstata, novas alternativas terapêuticas e mesmo vacinas podem ser pesquisadas.

O Estado de São Paulo

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