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26/10/2014
Câncer de Mama e a falta de lubrificação vaginal

Maioria das mulheres tem problema sexual pós-câncer

Primeiro veio o câncer, o medo da morte. Depois, a perda da mama, a quimioterapia  e a radioterapia. Por fim, a falta de desejo e a rejeição do marido.
O enredo, comum a muitas mulheres que enfrentaram o câncer da mama, foi vivido pela bancária aposentada Eva  há seis anos, quando descobriu o tumor.
“Depois do tratamento, meu marido começou a me evitar. Eu o procurava, mas ele me rejeitava. O tempo foi passando e eu parei de insistir. No sinto mais falta de sexo. O importante estar viva”, diz Eva, mãe de dois filhos adultos.
Problemas relacionados com a  sexualidade afetam entre 60% a 70% das mulheres pós tratamentos de câncer de mama, mostram cinco estudos publicados nos últimos dois anos no periódico “Journal of Sexual Medicine”.
Um pesquisa com 216 mulheres feita pelo Hospital de Câncer de Barretos (SP), em parceria com o centro MD Anderson, do Texas, chegou a resultado parecido: 63% das mulheres, com idade média de 50 anos, relatam disfunções sexuais após o câncer.
As queixas incluem a falta de desejo, de lubrificação vaginal e de orgasmo. Na população feminina adulta em geral, a taxa de disfunção sexual gira em torno de 40%.
“Nas consultas de rotina, menos de 5% das pacientes se queixam de problemas sexuais. Ficam acanhadas. O médico precisa perguntar. Espontaneamente, elas não falam”, diz o oncologista Carlos Paiva, um dos autores do estudo em Barretos.
Outra pesquisa em fase de conclusão, conduzida pela mastologista Maira Caleffi, da Femama (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio Saúde da Mama), aponta que em 82% do tempo de consulta o médico fala de efeitos do tratamento. “Não há tempo para questões emocionais e muito menos para as sexuais.”
Para ela, isso só  possível em instituições com equipes multidisciplinares, que envolvam psicólogas e fisioterapeutas, por exemplo.
MENOPAUSA PRECOCE
Parte dos problemas fisiológicos, como a secura vaginal, atribuída   a quimioterapia ou a remédios que bloqueiam a produção de estrógeno, causando uma menopausa temporária.“Resseca mesmo. A relação sexual torna-se dolorosa para a mulher e para o parceiro”, afirma a psicóloga Valéria Baraccat Gyy, que já enfrentou o câncer de mama e mantém a ONG Casa da Mulher, que oferece suporte físico e emocional s mulheres com a doença.
Ela orienta desde como se maquiar e usar lenços na cabeça durante a quimioterapia até a melhor forma de colocar o lubrificante antes das relações sexuais.
Para o oncologista Jos Luiz Bevilacqua, diretor do departamento de mastologista do A.C. Camargo Câncer Center, é também papel do médico orientar pacientes sobre temas sexuais. “O lubrificante, por exemplo, no pode ter o hormônio estrógeno.”

Segundo ele, a mulher deve ser informada ainda sobre outros aspectos importantes da saúde sexual. “Se ficar muito tempo sem sexo, a mucosa da vagina atrofia.”
Segundo Valria, sexo é um tema recorrente nas reuniões com mulheres que passaram por cirurgias na mama. “Quase todas dizem que usam camisetas ou top de ginástica na hora do sexo, e só transam no escuro.”


site da folha de são paulo

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