» Colunas » Economia

06/11/2013
Erros financeiros que os homens cometem

 Erros financeiros que os homens cometem

André Massaro

É rapaziada… Demorou, mas nossa hora chegou. Depois de expor os erros financeiros dos jovens (aqui), dos mais velhos (aqui) e das mulheres (aqui), chegou a hora de ver o que os membros do “Clube do Cromossomo Y” andam aprontando por aí.

Eu devo confessar que estou bastante hesitante em escrever este artigo, pois eu tenho a sensação que a maioria dos erros financeiros dos homens (senão todos) poderiam ser expressos em uma única frase: “excesso de autoconfiança”.

Mas algo assim poderia soar injusto com o pessoal que já foi devidamente “homenageado” nesta séria de artigos sobre erros financeiros. Por isso vamos em frente!

1- Investir de forma agressiva sem estar preparado

O “sem estar preparado” no título do tópico foi só por educação, pois mesmo estando muito preparados (ou pelo menos “achando” que estamos preparados), nós homens cometemos as maiores barbeiragens no mundo dos investimentos e, exatamente por isso, acabamos sendo superados pelas mulheres, que adotam uma postura mais conservadora e uma visão de “devagar e sempre” (veja aqui).

Quem me conhece sabe que fui trader profissional de ações e derivativos por mais de cinco anos, operando minha própria conta. Era “figurinha fácil” nos fóruns de bolsa na internet, cursos de análise técnica, “encontros de traders” e outras bizarrices da “subcultura trader”. Também já dei vários cursos sobre temas assemelhados e hoje sou professor do Instituto Educacional BM&FBovespa, onde dou aulas sobre bolsa mas com um enfoque “beeeem” mais conservador.

De qualquer forma, nesse mundo dos traders uma coisa chama a atenção: O nível de testosterona é tão alto que o ar fica irrespirável. Não sei como é hoje (pois ando um pouco afastado desse mundinho), mas na época em que eu era ativo nesse ramo, em um típico curso ou seminário de trading era possível contar a quantidade de mulheres nos dedos de uma única mão.

O investimento extremamente agressivo, com objetivos de curto prazo e de ganhos rápidos, é uma coisa tipicamente masculina, e é exatamente onde a maioria dos homens entra pelo cano. Nossos hormônios efervescentes nos fazem ver o mercado de renda variável não como uma opção de investimento, mas como uma espécie de “cassino” que pode transformar a vida de alguém instantaneamente. E é aí que o dinheiro vai embora…

2- Ignorar despesas do dia a dia

Não é um erro apenas masculino, mas como nossa autoconfiança excessiva é muito mais aflorada, tendemos a confiar ainda mais em nossa memória (que não é nada confiável) e a desdenhar de ferramentas e práticas de controle financeiro.

A gente vai gastando, gastando… e gastando. Achamos que as coisas vão se resolver sozinhas (essa autoconfiança…). Até que um dia resolvemos olhar nosso extrato bancário e vemos que os registros que estão ali “não batem” com os de nossa memória (obvio).

3- Contar com o ovo no… (bem, vamos deixar pra lá)

Muito comum entre os homens assalariados e comissionados, que já “gastam por conta” contando com os bônus de final de ano (que poderão não vir) ou comissões de negócios que ainda não aconteceram.

De novo, é apenas mais uma manifestação da nossa autoconfiança excessiva.

4- Gastos excessivos para impressionar outras pessoas

Adoramos impressionar todo mundo: mulheres, namoradas, amantes, ficantes, filhos, amigos, parentes, colegas de trabalho…

Nós homens somos iguaizinhos ao pavão. A diferença (além do fato de pertencermos a classes biológicas distintas) é que a Natureza não nos fez com aquelas penas vistosas espetadas no traseiro (até porque ia pegar mal…), por isso precisamos compensar de outras formas, e uma dessas formas é torrando dinheiro com desperdício, objetos caros e consumo conspícuo.

Não é a toa que, nos EUA, em alguns contextos, se usa o termo peacocking (algo como “pavonear”, em uma tradução livre) para descrever o comportamento exibicionista tipicamente masculino.

5- Não compartilhar problemas financeiros

Especialmente com a família e com as pessoas mais próximas. Quando temos problemas financeiros, tendemos a ficar calados, até mesmo para não demonstrar fraqueza e não sermos julgados como “fracassados” aos olhos dos outros (o orgulho autoconfiante pavonístico masculino sempre em ação…).

Essa coisa de não conversar com a família para manter a imagem de “durão” acaba, na maioria das vezes, evoluindo para uma típica situação de infidelidade financeira, em que a mulher e os filhos acabam descobrindo, da pior forma possível, que a família está completamente arruinada financeiramente.

E aí rapazes, o que acharam? Daria para escrever muito mais, não é mesmo? Mas vamos parando por aqui para a nossa barra não ficar tão pesada…

Paramos por aqui a serie de “erros financeiros”, mas no futuro retomaremos! Aliás, se alguém tiver alguma sugestão de um novo artigo sobre “erros financeiros” (pode ser para outro grupo, ou então outros erros para os grupos que já foram abordados aqui no blog), não deixe de compartilhar!

E não esqueçam de fazer seus comentários aí em baixo, ou então na página do blog “Você e o Dinheiro” no Facebook, clicando aqui.

André Massaro
www.andremassaro.com.br


Site da Revista Exame

Leia outras matérias desta seção
 » 10% de I.Renda para renda isenta
 » Pacote x Arcabouço
 » ‘Recuerdos’ para entender o pós-Real
 » E DEPOIS QUEREM ACABAR COM O SIMPLES NACIONAL
 » Biden Kamala pronta promete ajuda para a Amazônia...é para acreditar?
 » Fundo Social do pré-sal...onde foram parar os bilhões de reais ?
 » BRASIL 10ª ECONOMIA DO MUNDO ENQUANTO O POVO...
 » Bancos devolveram ao INSS quase R$ 8 bi em benefícios não sacados
 » Enquanto a tributação dos super ricos não vem, Fazenda se contenta com os ricos
 » MEI - MICRO EMPREENDEDOR INDIVIDUAL
 » A fórmula de Midas
 » STF não decretou o fim do sigilo bancário ?
 » Reforma tributária vai desconfigurar o SIMPLES ?
 » Herança será tributada
 » Dívida caduca depois de 5 anos?
 » Por que nossas compras online chegam sempre em caixas maiores
 » Receita divulga regras para IRPF 2024
 » Plano real 30 anos
 » Presidente em exercício sanciona lei que facilita regularização de dívidas com a Receita Federal
 » Comentário do Economista Gino Olivares. Argentina dolarização



Voltar