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24/02/2012
Sua majestade, o celular

Entro num trem para São Paulo e num único vagão no mínimo 5 pessoas estão falando ao celular.Ando pelas ruas da cidade encontro dezenas fazendo a mesma coisa.No elevador,no ônibus idem.Vou a um restaurante e observo pessoas se alimentando mas conversando ao celular.De carro, no trânsito mais gente com o aparelho, no maior bate papo.Numa casa vizinha me divirto com uma faxineira, no alto de uma janela, limpando vidros ,falando no celular numa conversa animada,indiferente ao risco em cair .Assim, em todos os lugares a cena se repete. As pessoas se tornaram dependentes e de uma forma tão obsessiva que qualquer ação diária passou a ser compartilhada com este pequeno instrumento,mesmo que muitas vezes inoportunamente.
Estudos revelam que seu uso excessivo pode causar danos neurológicos e à saúde em geral.Estatísticas comprovam que, a possibilidade de acidentes de carro é 400% maior por causa de sua utilização ao volante.Mas ninguém se importa muito.Algumas pessoas vão até ao banheiro com ele e alguém já me contou, tê-lo deixado cair no vaso sanitário (risos). Para mim, não existe coisa mais desagradável que celular tocando durante uma palestra, durante um sermão religioso ou durante um momento de concentração.Em velório então, é muito desrespeitoso,mesmo que , ao tocar, acabe quebrando o clima mórbido que envolve o ambiente.No cinema é demais, é o cúmulo dos absurdos.Tocando no meio da madrugada então, não tem coisa pior e dá vontade de atirá-lo pela janela pois quase sempre é engano.Falar nele andando na rua parece insensatez,chamariz de bandido.Durante as refeições é pura indigestão,mas há os que o colocam à direita do prato.Tem gente, que pelo celular, resolve discutir os dilemas familiares,as incertezas do casamento,os problemas financeiros e a crise dos filhos.Outros fazem fofoca, brigam,contam pecados, reclamam de dinheiro,do emprego.Tem o negociante que fala de dívidas,de aplicação ,de calotes.Tem o sofredor que fala das doenças,da noite mal dormida,do ronco do parceiro .Tem o mais engraçado que fala das conquistas,da noitada, da farra e da transa atrapalhada.Tem pra todo gosto.Assunto para muitas páginas. Tudo porque, pra falar ao celular é preciso aumentar a voz, sempre.Todo mundo grita por causa das falhas de sinal.E aí, todos ouvem tudo.Felizmente existe sempre aquele de bom senso que prefere ligar mais tarde e do fixo .No celular se fala de tudo.Sempre em tom elevado,animado e aberto.No celular se tenta resolver tudo o que inexplicavelmente, não se resolveu pessoalmente.Não há privacidade, não há respeito e não há muita educação.Interrompe-se e atrapalha-se pelas piores banalidades.
O equipamento importante que chegou para encurtar distâncias e facilitar a conexão humana,acabou se tornando inconveniente e às vezes até desagradável.Chegou para ser utilizado de forma inteligente, em situações específicas,decisivas emergenciais e rápidas.Mas, tornou-se um brinquedinho divertido usado de forma imatura por gente desocupada, sem “desconfiômetro” que, acha que os problemas do mundo podem ser analisados a qualquer hora e em qualquer lugar.
Desde as inconveniências acima descritas aos graves acidentes nas estradas creio que tudo devesse ser analisado. Até pouco tempo atrás resolvíamos tudo sem esta peça rara.Talvez possamos então, de vez em quando, esquecer que ele existe e nos desligarmos dele física e psicologicamente.A conclusão? Vamos perceber que o mundo não para e que tudo continua se movimentando da mesma forma.

FATIMA CHIATI.



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