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14/04/2024
Irã entra na briga contra Israel,o conflito aumenta

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Irmão x irmão

O alerta máximo em Israel após ataque iraniano sem precedentes

Legenda do vídeo, Israel-Irã: Sirenes tocam em Jerusalém enquanto objetos são abatidos do céu

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  • Author, Raffi Berg*
  • Role, Da BBC News
  • 14 abril 2024, 06:56 -03

    Atualizado Há 26 minutos

O Irã lançou centenas de drones aéreos e mísseis contra Israel neste fim de semana, em um ataque de represália que era amplamente esperado.

Foi a primeira vez que o Irã realizou ataques diretos contra o território de Israel.

Os dois inimigos estão envolvidos há anos numa guerra paralela (shadow war). O Irã vinha usando as chamadas forças "por procuração" (proxy) — ou seja, usando terceiros na disputa, evitando assumir um confronto direto.

Os militares israelenses disseram que Israel e outros países interceptaram mais de 300 mísseis de cruzeiro e drones, a maioria fora do espaço aéreo israelense.

Israel disse que muito pouco dano foi causado, mas disse que as pessoas devem permanecer em alerta.

Ao expressar forte condenação pelo ataque, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que "ajudamos Israel a derrubar quase todos" os mísseis e drones.

"O Irã e os seus representantes que operam a partir do Iêmen, Síria e Iraque lançaram um ataque aéreo sem precedentes contra instalações militares em Israel", disse Biden.

O Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC) do Irã disse que o ataque visava "alvos específicos".

O Irã havia prometido retaliar um ataque ao seu consulado na Síria, no primeiro dia de abril, que matou sete oficiais do IRGC, incluindo um general. O Irã acusou Israel de realizar esse ataque, mas Israel não o confirmou, nem negou.

Sistema anti-míssil de Israel operando na cidade de Ashkelon

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Sistema antimíssil de Israel operando na cidade de Ashkelon

Após o ataque, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que "juntos venceremos", mas não está claro qual será a resposta de Israel.

O presidente Biden disse ter reafirmado "o firme compromisso da América com a segurança de Israel".

O porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF), contra-almirante Daniel Hagari, disse que alguns mísseis iranianos atingiram o interior de Israel, causando pequenos danos a uma base militar, mas sem vítimas.

O serviço de ambulância de Israel disse que uma menina beduína de sete anos foi ferida por estilhaços de destroços na região sul de Arad.

Hagari disse que o ataque em larga escala foi uma "grande escalada" e disse que Israel e seus aliados operaram com força total para defender Israel.

Em um comunicado separado, ele disse que o Irã disparou mais de 300 projéteis contra Israel durante a noite, 99% dos quais foram abatidos. Ele acrescentou que alguns dos lançamentos chegaram do Iraque e do Iêmen.

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse que "muito poucos danos foram causados", mas alertou que "a campanha ainda não terminou" e disse que Israel deve "permanecer alerta".

Manifestantes iranianos em Teerã reagem após o ataque iraniano a Israel

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Manifestantes iranianos em Teerã reagem após o ataque iraniano a Israel

Duas autoridades dos Estados Unidos disseram à CBS, emissora norte-americana parceira da BBC, que as forças americanas derrubaram vários drones, mas não especificaram onde ou como foram interceptados.

O Ministério da Defesa do Reino Unido disse que os jatos de sua força aérea (RAF, na sigla em inglês) foram usados no Iraque e na Síria para interceptar "quaisquer ataques aéreos dentro do alcance das nossas missões existentes".

Sirenes soaram em Israel e fortes explosões foram ouvidas em Jerusalém, com sistemas de defesa aérea derrubando objetos sobre a cidade.

O IRGC do Irã disse ter lançado o ataque "em retaliação contra os repetidos crimes do regime sionista [Israel], incluindo o ataque ao consulado da embaixada iraniana em Damasco".

O presidente Biden encerrou mais cedo que o previsto uma viagem a Delaware para retornar à Casa Branca enquanto as tensões aumentavam no sábado (13/4).

Depois de falar com Netanyahu, Biden disse que convocaria "meus colegas líderes do G7 para coordenar uma resposta diplomática unida ao ataque descarado do Irã".

Joe Biden reunido com membros do Conselho de Segurança Nacional na Casa Branca

Crédito, Reprodução X/Potus

Legenda da foto, Joe Biden reunido com membros do Conselho de Segurança Nacional na Casa Branca

O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, condenou o ataque "irresponsável" do Irã, prometendo que o Reino Unido "continuaria a defender a segurança de Israel e de todos os nossos parceiros regionais".

O secretário-geral da ONU, António Guterres, emitiu um comunicado dizendo que "condenou veementemente a grave escalada representada pelo ataque em grande escala lançado a Israel" pelo Irã.

Ele pediu "uma cessação imediata dessas hostilidades" e que todas as partes exercessem a máxima contenção. "Nem a região nem o mundo podem permitir-se outra guerra", alertou.

O Conselho de Segurança da ONU se reunirá, neste domingo (14/3), para uma reunião de emergência sobre o ataque do Irã a Israel, disse sua presidente, Vanessa Frazier.

No início desta semana, os ministros da Defesa e dos Negócios Estrangeiros de Israel alertaram que se o Irã atacasse Israel, Israel contra-atacaria dentro do Irã.

O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas iranianas, major-general Mohammad Bagheri, disse à televisão estatal que a resposta do Irã seria "muito maior do que a ação militar desta noite se Israel retaliar contra o Irã", segundo a Reuters.

Ele acrescentou que os EUA foram avisados ​​para não apoiar uma resposta israelense.

*Com reportagem adicional de Laurence Peter, Emily Atkinson e Doug Faulkner.

BBC Brasil

Ofensiva do Irã deve elevar preço do petróleo, do dólar e dificultar corte de juros

A investida do Irã contra Israel deve provocar, no curto prazo, uma alta na cotação do petróleo e uma valorização do dólar, tendo como consequências um espaço menor para cortes de juros tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, avaliou o economista André Perfeito, em comentário enviado a clientes.

O Irã confirmou ter iniciado uma ofensiva com drones e mísseis contra Israel, em retaliação pelo ataque aéreo que destruiu o consulado iraniano em Damasco, no começo do mês. A investida matou integrantes da Guarda Revolucionária iraniana, incluindo um general.

Segundo Perfeito, havia a perspectiva de um inevitável ataque iraniano a Israel, “mas o mercado não reagiu de acordo” ao longo da semana. “Me parece relativamente claro que o conflito irá se espalhar na região”, opinou o economista.

Caso haja de fato uma escalada do conflito, Perfeito elenca como efeitos de curto prazo: uma forte alta do petróleo na próxima semana; com a valorização de commodities, os Estados Unidos não cortariam os juros como o mercado esperava; os juros mais elevados nos Estados Unidos impõem um dólar mais forte ante as demais moedas no mundo; diante da valorização do dólar no curto prazo e a manutenção dos juros norte-americanos, o Banco Central brasileiro “perde graus de liberdade para cortar a Selic”; por outro lado, empresas ligadas a commodities “podem se beneficiar”.

“Isto é que podemos pensar num primeiro momento e temos que avaliar o conjunto dos desdobramentos ao longo da semana”, alertou Perfeito.

O economista chama o momento atual de “caótico”, porém, ainda não destrutivo para o Brasil, no médio prazo, porque o País é exportador líquido de petróleo. Além disso, as commodities tendem a se apreciar em tempos de guerra.

“O Brasil está simplesmente longe demais deste conflito, tanto geograficamente quanto politicamente”, acrescentou Perfeito. “O Brasil pode se beneficiar no médio prazo e digo isso para evitar uma posição vendida acima do desejado em ativos locais.”

Segundo ele, não é possível projetar, ainda, a entrada de outros países no conflito, mas o cenário caminha para um “acerto de contas” global.



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