20/12/05
Como Somos?

O ser humano é conforme sejam seus conceitos adquiridos. Que são conceitos? Tudo o que compreendemos e denominamos, são conceitos.
Ao ouvirmos a palavra sapato, sabemos o que é e até a imagem de um sapato surge na mente. Quando ouvimos uma palavra estranha para nós, não sabendo o que ela significa, não a entendemos e nenhuma imagem correspondente surge na imaginação. Assim, não existe conceituação. Que dizer dos conceitos abstratos?
Abstrato é aquilo que só “existe” como idéia, ainda sem confirmação ou comprovação.
O falar, o repassar dele à outra pessoa, é impossível porque, não provoca concatenações iguais em pessoas diferentemente conceituadas ou condicionadas. Cada um reage conforme tenha sido “programado” durante sua vida. Imaginem só, discorrer sobre uma abstração com uma pessoa que só se dedica a ouvir assuntos sobre esporte, política, notícias do cotidiano, e muitas outras trivialidades. Ela não conseguiria ouvir e tudo faria para mudar de assunto, para o dela, quando ficaria mais à vontade. Abstrações particulares, melhor seriam se não fossem transferidas antes de serem transformadas em realidades práticas, conquanto sejam possíveis para isso. O que o homem não conceitua, não compreende, para ele não é importante e nem existe até que venha a conceituar, compreender o valor que tem para sua vida. Repetindo, o que o homem não consegue conceituar é abstração.
A palavra “Deus” cria o mesmo conceito para todos que a escutam? Sabemos que não, Deus é inconceituável, portanto, é abstração. Porém, existe na intelectualidade como imaginação, como acreditam que Ele seja e isso foi mundialmente transpassado.
De um ancião que tomava conta de todos e do mundo, Ele progrediu para ser a Força ou Energia que a tudo permeia. Mas, pergunta-se: que força, que energia? Alguém sabe como conceituá-las? Se a resposta for não, então, continuamos nas abstrações.
“Ele é o universo todo” dizem outros. Sim, mas é infinito e transcendental para nossa consciência, portanto, continua abstrato.
Este assunto “tabu” é considerado blasfêmia por muitos que se utilizam com abstrações para influenciarem outros, como, também é blasfêmia para os seus influenciados.
Aliás, hoje em dia, poucos conseguem se definirem sobre o que seja abstração ou realidade, visto que, diariamente somos massacrados com “idéias” que estão aquéns de suas manifestações neste mundo objetivo e talvez, muito mais no mundo do além.
Se cada um só vivesse com o que conseguisse conceituar, seu viver seria mais fácil e desempregaria os sugestionadores que ocupam altos cargos de intermediários entre as abstrações e as realidades, que nem eles as entendem porque nada são diferenciáveis dos seus sugestionados.
Alguém do passado já disse: “Vigiai, Vigiai Sempre”. Quando alguém falar sobre algo que vai contra as leis cósmicas, ou mesmo, contra as leis da natureza, sempre se deve desconfiar. O algo falado é exeqüível? Já foi comprovado por alguém? O algo falado derivou-se de alguma abstração que, difundiu-se pela humanidade tornando-se uma verdade auto-evidente? Cuidado com essas “verdades” porque o tempo já diluiu muitas delas e quem persiste em mantê-las poderá ter dificuldade em substituí-las por outras mais atualizadas, se não morrer primeiro, o que, é o mais provável que aconteça. Quem convive “com os pés no chão” dificilmente se decepciona.
Conceitos... são só o que somos. Sem eles nada somos.

Altino Olímpio

Leia outras matérias desta seção
 » A solução
 » No mundo existem crédulos e incrédulos
 » Joana d’Arc (1412 – 1431)
 » Foram tempos de fascinação
 » Não vou, é muito longe
 » Somos acúmulos do que mentalmente recepcionamos
 » Quando a vida é bela ou cor de rosa?
 » Reflexões 
 » Só sei o pouco que sei e mais nada
 » Conversa entre amigos do antigo Orkut
 » O “me engana que eu gosto” é sempre atual
 » A mulher do ai, ai, ai
 » Quando nós seremos nós mesmos?
 » Viver muito cansa?
 » A aventura de viver
 » Esquecidos, o céu, o sol e a lua 
 » Uma lembrança que a memória não esqueceu
 » Tempos felizes de molecagens
 » A importância da vida
 » O destino

Voltar