Ser ou não ser, eis a questão (William Shakespeare)
É tão comum as pessoas dizerem que são outras coisas, menos dizerem quem são elas mesmas (risos). Elas encabeçam o que fazem na vida e os lugares onde frequentam como sendo o que elas são: Eu sou corintiano, eu sou advogado, eu sou católico, eu sou evangélico, eu sou espírita, eu sou ateu e etc., mas, de verdade, sem essas personificações, quem elas são realmente? Todas as pessoas quando nascem ganham nomes que nunca são escolhidos por elas mesmas. Então elas dizem: Eu sou o Antônio, mas, poderia ser eu sou o José ou ser outro de um nome qualquer para informar quem elas são. Entretanto, os nomes das pessoas são para os seus corpos físicos e não para as suas vidas interiores que comumente são chamadas de almas. Por isso, seus nomes nunca refletem quem realmente elas são.
Às vezes até que o nome pode significar quem uma pessoa possa ser. Um figurão importante deste país certa vez disse para um homem “Perdeu Mané”. Para ele o Mané esteve a representar uma pessoa inferior, até mesmo sem valor para o meio político a que ele, o figurão, pertencia. O “nós” que conhecemos como sendo nós mesmos são o acúmulo de todas as nossas experiências vividas desde que nascemos. Quando pensamos em quem somos, como num filme perpassa pela nossa mente muitas de nossas lembranças, como dos fatos que vivemos entre as pessoas com quem convivemos e tudo o que recordamos da nossa vida parece mesmo caracterizar o quem individualmente ou particularmente somos.
Na verdade, o “quem somos” sempre esteve ligado ao quem “fomos” nesta vida. Contudo, o “nosso” quem somos seria bem diferente se tivéssemos nascidos em outro país com costumes e regimes políticos diferentes. Então, o nosso quem somos poderia ser variável e diferente dependente do lugar donde se nasce? Sim, quando nós nos perguntamos quem somos, nos vem na mente um reflexo de nossas existências de até então ou uma imaginação de que somos a somatória de tudo o que vivemos e que se constituiu no que chamamos de nossos “EUS”. Então os nossos quem somos eles nada têm a ver com o “eu sou corintiano, católico, evangélico, espírita, ateu ou outras coisas” e etc. que são momentos vividos repartidos da existência. Mas, até é engraçado ouvir alguém dizer “eu sou isso ou aquilo” que nada tem a ver com a realidade de sua vida.
Altino Olímpio