16/08/2006
A Psique Humana – Parte 18

Cerca de cinqüenta anos atrás, naquela simplicidade de nossa vida, como “alimento” para nossa psique ou nosso lado imaterial, tínhamos a religião católica como a mais preponderante. Poucos se dedicavam à prática do espiritismo, sendo mais comum aquele conhecido como “mesa branca”. Os espíritas se reuniam em volta de uma mesa comprida e todos de mãos dadas formavam uma “corrente” e logo ocorriam manifestações de espíritos desencarnados nos considerados “médiuns”, aqueles que se debatiam, demonstrando estarem “incorporados”. As pessoas dessa prática ainda estranha e esquisita para a maioria, elas eram disfarçadamente desprezadas e até meio temidas quando estando no convívio com as demais, as seguidoras da “religião oficial do país” que era a religião católica.

Podia-se contar nos dedos as poucas famílias da religião protestante, cujos membros eram conhecidos como “os crentes”. Também considerados esquisitos, de fato, eles eram diferentes da maioria. Eram até vítimas de chacotas pelos seus costumes diferenciados. Estas observações, mais são restritas à antiga cidade de Caieiras, especificamente ao povo residente dentro do território da Indústria Melhoramentos de Papel, onde também eu nasci e residi. Estas lembranças são de lá e estão na memória desde aqueles tempos de garoto. Continuando, num local chamado Barreiro, existiu um alfaiate dedicado à religião protestante que, seguindo os preceitos dela, não possuía aparelho de rádio e nem aparelho de televisão em casa, pois, eles eram considerados maléficos e possuí-los era proibido pela sua religião. Hoje, considerando o nível “podre” das transmissões radiofônicas e televisionadas, doa a quem doer, aquele alfaiate tinha razão, embora, fosse considerado como ingênuo e retrógrado naquela época. Nesta, as crianças, os jovens, os adultos e os idosos são “educados” ou “reeducados” pela mídia, e, o resultado é essa podridão da moral, do esporte, da política e da proliferação das religiões mercantilistas.

Naqueles bons tempos de outrora, para “alimentar” nosso lado psicológico, tínhamos poucas opções. Relatamos três delas como sendo a religião católica, a religião protestante ou evangélica e o espiritismo. Essas eram as poucas referências que tínhamos para “desenvolvermos” o nosso lado espiritual, naquele viver simples e descontraído. Pouco se sabia ou se falava de fanáticos religiosos e todos viviam num bom relacionamento. Os meios de comunicação, hoje conhecidos como mídia, eles não exerciam muita influência no comportamento humano. Suas divulgações não eram tão tendenciosas e o respeito pelo próximo se fazia notar pela ausência de imoralidades. Jornais, rádio, cinema e com a televisão em seu início, esses meios de informação e entretenimento mantinham um certo pudor e como conseqüência a honestidade e a decência eram mais comuns. Cada vez mais, esses meios de comunicação foram “ganhando terreno” e foram tornando-se “indispensáveis” para a existência da maioria. Daí, com as pessoas mais “presas” em suas casas, as amizades foram perdendo valor e diminuindo. Cidades pequenas ficam desertas já no início da noite para se assistir televisão quando muitos, nem por telefone gostam de ser interrompidos. Houve uma separação e desunião entre as pessoas e sobre isso continuaremos discorrendo na próxima parte, a de número dezenove deste tema “A Psique Humana”.

Altino Olímpio

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